As continuações. Sempre dividindo as opiniões entre aqueles que as consideram abomináveis e os simpatizantes que até arriscam a dizer que algumas são superiores aos seus filmes que servem como ponto de partida. A história do cinema tem mostrado que muitas sequências são dignas de seus “originais”, mas não podemos dizer isso de A Pequena Sereia II – Retorno ao Mar, animação da Disney lançada diretamente no mercado de vídeo em 2000, produção que apesar de ter seus momentos engraçadinhos e personagens carismáticos, parece mais uma retomada dos mesmos temas abordados no primeiro, de 1989, um clássico absoluto dos desenhos animados, referência ainda hoje quando em diversas áreas do saber e, obviamente, no campo do entretenimento, tamanha a fluência da narrativa, coerente ao adaptar o conto homônimo de Hans Christian Andersen para o público juvenil, sem deixar de inserir alegorias para os consumidores adultos.
Com finalidade aparentemente pedagógica, a história desta vez nos faz adentrar por uma nova perspectiva na trajetória de Ariel (voz de Jodi Benson), agora mãe de Melody (voz de Pat Carroll), oriunda do casamento da sereia transformada em humana pelo Rei Tritão. Ariel, casada com Eric. Juntos eles formam uma família. A narrativa se passa muito tempo após a união selada no desfecho de A Pequena Sereia. Agora, a menina deseja muito conhecer o mar e os personagens precisão lidar com Morgana (voz de Tara Strong), a irmã de Úrsula, ocupante da cadeira de vilã nos desdobramentos do enredo. Antes destes conflitos se estabelecerem, Ariel constrói uma parede enorme para separar o palácio que mora do sedutor mar que encanta a sua filha de apenas 12 anos de idade. O problema é que no passado, o seu pai guerreou com Morgana e após a vingativa antagonista marinha jurar retaliação, todos tem medo que Melody se torne uma possível vítima.
Sempre vigiada por Sebastião (voz de Samuel E. Wright), a pequena acaba driblando a segurança reforçada e parte para o mergulho numa determinada ocasião. Na viagem, a pequena encontra um colar com o seu nome. Ao abri-lo, gosta do que vê e fica curiosa acerca da impressão do seu nome no objeto, bem como o reino curioso que aparece para a sua contemplação, observado numa perspectiva praticamente metafísica. É quando os questionamentos começam a surgir, constantes e numerosamente desconfortáveis para Ariel, sempre a negar respostas em prol da proteção de sua filha. Certo dia, no entanto, como é de se esperar, Melody foge em busca de respostas, conhece dois seres marinhos atrapalhados, Tip (voz de Max Casella) e Dash (voz de Stephen Furst), um pinguim e uma morsa, respectivamente. Eles ajudam a jovem em sua empreitada por respostas e também a encaminham para o reino de Atlântida.
Depois de muitas confusões, Melody conhece Morgana, torna-se prisioneira, Ariel precisa retornar ao mar e pedir ao seu pai que a transforme em sereia novamente e neste percurso, lições de família, perdão, solidariedade e outros temas são retratados numa narrativa desnecessária enquanto expansão da franquia da Disney, algo que não chega a ser ofensivo e até funciona como entretenimento ligeiro. No desfecho tudo se encaixa, todo mundo fica feliz e nós sentimos saudades do primeiro filme, superior em todos os aspectos. Aqui, sob a direção de Brian Smith e Jim Kammerud, acompanhamos os 77 minutos desta história visualmente interessante, com design de produção assinado por Fred Cline, repleto de cores mais vibrantes e recursos cenográficos mais amplos que antes, condução musical de Danny Troob, também adequada para o material ofertado pelo texto de Elizabeth Anderson e Temple Mathews, ambos inspirados no filme que teve como base, o clássico conto de Hans Christian Andersen.
A Pequena Sereia II: O Retorno para o Mar (The Little Mermaid II: The Return to the Sea) — EUA, 2000
Direção: Jim Kammerud, Brian Smith, Bill Speers
Roteiro: Elizabeth Anderson, Temple Mathews
Elenco: Jodi Benson, Samuel E. Wright, Tara Strong, Pat Carroll, Buddy Hackett, Kenneth Mars, Max Casella, Stephen Furst
Duração: 75 min.
