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Crítica | A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura

por Roberto Honorato
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Depois de analisar minuciosamente a película de 2018, A Princesa e a Plebeia, do realizador Mike Rohl, eu decidi que evitaria assistir obras que claramente foram feitas com o único propósito de preencher um catálogo de produções natalinas para encorpar o serviço de streaming Netflix. Dito isto, lamento informar que 2020 foi um ano de catástrofes naturais, pandemia mundial e isolamento social, mas também ficará marcado como o ano em que eu descumpri minha promessa e decidi assistir a continuação do já clássico filme de Mike Rohl, e com isso eu entrego para você A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura (que deveria ter seguido a piada do título original, Switched Again, e simplesmente ir com “Trocadas de Novo”). 

Como mencionei em minha crítica do filme original, A Princesa e a Plebeia consegue ser hilário até quando não tenta ser uma comédia, mas felizmente essa continuação parece ter aprendido com High School Musical que abraçar o cafona é a melhor saída para conquistar as pessoas, isso porque vale mais uma boa farofa cinematográfica que se aceita brega do que uma produção barata que quer se passar por um projeto desnecessariamente megalomaníaco (provavelmente dirigido por Christopher Nolan), e é por isso que talvez essa obra máxima do espírito natalino esteja nos mais assistidos da Netflix, enquanto Tenet luta para permanecer nos cinemas. Mas como superar a premissa de duas Vanessa Hudgens trocando de identidade no melhor estilo Operação Cupido? Simples, não traga apenas duas Hudgens, mas três! 

A duquesa Margaret (Vanessa Hudgens) está prestes a assumir o trono de Montenaro, mas sua relação com Kevin (Nick Sagar) não estava boa das pernas e eles terminam por conta das diversas obrigações que ela possui como líder e diplomata. Para ajudar a amiga, Stacy (Hudgens, mais uma vez) aceita repetir o plano de trocar de lugar com a duquesa, deixando-a com tempo livre para consertar sua vida amorosa. Mas as duas não esperavam que a prima de Margaret, a extravagante Fiona (Baby V – entendedores entenderão), aproveitasse sua semelhança com a duquesa para bolar um golpe (não muito inteligente ou bem elaborado, mas ainda é um golpe) e tomar o trono à força. 

Devo separar este parágrafo para uma rápida mea-culpa. Admito um erro cometido em minha crítica anterior, que foi cobrar uma produção mais elaborada e visualmente impactante de um longa com orçamento que não pagaria um Kinder Ovo. Eu não deveria estar focando demais em aspectos técnicos quando isso claramente não estava na lista de prioridades do longa, e por isso agora percebo que estive cego para algo mágico acontecendo em minha frente: Vanessa Hudgens tentando passar despercebida com três sotaques completamente forçados, incluindo o seu próprio. 

Por falar na atriz, se antes ela já parecia bem confortável com duas personagens, com três descobrimos o seu talento para vestir roupas diferentes.  Mas falando sério, Hudgens realmente parece estar se divertindo com a chance de poder brincar mais com seus papeis. É uma pena ver que o arco dramático de Stacy como cozinheira é simplesmente abandonado aqui, o que a deixa menos interessante e sem muita personalidade, mas ela compensa com sua hilária Fiona, o tipo de vilã inconveniente e cheia de frases de efeito que essa série de filmes precisava e eu torço para que ela permaneça nas futuras continuações, principalmente agora que a Netflix aparentemente começou a desenvolver seu próprio universo cinematográfico de produções de Natal, isso porque temos uma rápida ponta do elenco principal (caracterizado como seus devidos personagens) de O Príncipe de Natal, outra série natalina do catálogo. Se a Marvel teve Nick Fury trazendo Steve Rogers do passado, aqui assistimos a Rainha Amber pronta para recrutar Margaret e enfrentar outras produções de streamings concorrentes. Eu tentei colocar Crônicas de Natal nessa piada, mas ela ficaria longa demais.

Outro acerto dessa continuação foi deixar os interesses amorosos de lado por um momento e explorar o drama novelesco de identidade roubada, que tem o nível certo de melodrama e decisões estúpidas. Se você procura por uma incrível obra capaz de vencer um Oscar, não vai encontrar por aqui, isso porque o Oscar é uma instituição completamente voltada para investimento em campanhas, e A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura está mais interessada em atingir o sublime cinema poético de Tarkovsky, que, coincidentemente, também não se importava com premiações. 

Essa continuação aumenta a escala e consegue entregar algo tão divertido quanto o filme original, talvez até mais. Abraçar o brega é o caminho certo, e se você não consegue aproveitar uma boa farofa de vez em quando, qual a graça de viver? Se antes eu estava me sentindo velho demais para esse tipo de filme, 2020 mostrou que estou precisando deles.

A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura (The Princess Switch: Switched Again) – EUA, 2020
Diretor: Mike Rohl
Roteiro: Robert Bernheim, Megan Metzger
Elenco: Vanessa Hudgens, Vanessa Hudgens, Sam Palladio, Nick Sagar, Alexa Adeosun, Suane Braun, Sara Stewart, Robin Soans
Duração: 96 min.

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