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Crítica | A Revolta dos Cães

Uma matilha assassina e perigosa espalha o terror numa cidade.

por Leonardo Campos
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Na campanha de divulgação do pouco conhecido A Revolta dos Cães, uma frase de efeito se destacava no cartaz que dizia: “do seu melhor amigo pode surgir o pior inimigo”. Essa é a tônica do filme dirigido por Burt Brinckerhoff e escrito por O’Brian Tomalin, inspirado no romance homônimo escrito por David McCallum. Na trama, acompanhamos a mudança de ritmo do campus universitário da South Western University, espaço tomado por uma situação bastante peculiar: cães de uma experiência perigosa e secreta do governo desenvolveram um comportamento nada amigável na cidade. Ao formar uma matilha perigosa, essas criaturas espalham medo e desespero pode onde passam, numa trajetória de mortes aleatórias que poderia render um bom posto para os cachorros no panteão dos animais assassinos da década de 1970, mas que infelizmente, rendeu apenas um filme monótono, com personagens clichês e diálogos bem desinteressantes.

Se ainda tivesse ataques mais intensos e até mesmo uma carga de violência alvo para discussões polêmicas, A Revolta dos Cães seria bem mais interessante, mas infelizmente não é. O que resta é acompanharmos os seus 90 minutos de duração, uma eternidade para os mais impacientes. Curioso e interessado nos filmes do segmento, preferi ir até o desfecho para compreender e ter maiores parâmetros sobre a qualidade da produção. O argumento, já exposto, é basicamente um panorama dos desdobramentos de ataques de cães domésticos, transformados em feras assassinas. O professor Michael Fitzgerald (George Wyner) e o reitor Martin Koppel (Sterling Swanson) recepcionam o pesquisador Harlon Thompson (David McCallum), chamado para a instituição no intuito de investigar o ataque feroz de animal contra uma vaca. As marcas de mordida indicam que não foram lobos ou coiotes e no progredir da análise, descobrem que os cães estão por detrás de tal façanha. O problema é que dos animais, os caninos partem para os humanos.

Um dos primeiros a se dar mal é o fazendeiro Larry (Larry Gene Darnell), dono da vaca assassinada. Ele decide sair em busca do animal responsável pelo ataque e acaba se tornando parte da dieta desta matilha sangrenta. Por falta de aviso não foi, mas a teimosia falou mais alto e o personagem, assim como tantos outros incautos sem a devida noção, morre impiedosamente. São figuras colocadas em cena exatamente para o encontro com a morte, sem outra função narrativa ou melhor desenvolvimento que justifique as suas respectivas presenças na história. Antes do desfecho, descobrimos que uma experiência com feromônios foi o que causou a crise com os animais, uma teoria que inicialmente é tratada com desdém por todos, mas que o pesquisador convidado consegue comprovar. Com a ajuda de seu par romântico, a doce Caroline (Sandra McCabe), responsável por conceder ao protagonista os parcos momentos diletantes, ele segue numa cruzada de contenção dos animais, batalha que poderia ser épica, mas é apenas um morno exercício de tensão que faísca, mas não acende poderosamente nunca.

Lançado em 1976, A Revolta dos Cães é um filme que diferente do tenso A Longa Noite de Terror, promovido no ano seguinte, envelheceu bastante e é complicado de ser acompanhado com entusiasmo por alguém que não esteja diante de uma pesquisa sobre o tema, em meu caso, o subgênero horror ecológico, ou então, talvez tenha sido obrigado a assisti-lo por causa de alguma punição insana ou coisa do tipo. Com direção de fotografia assinada por Robert Steadman, setor que não oferece nada de especial/memorável, o filme conta com uma trilha sonora razoável, textura percussiva desenvolvida por Allan Oldfield, trabalho que ganha algumas adições no design de som de Art Names, outro segmento menos interessante que o esperado. Letárgico e pueril em sua abordagem, a narrativa pecaminosa falha como entretenimento e também se apresenta estéril para qualquer reflexão de ordem contextual, problema que compromete ainda mais a sua existência. Ademais, para os interessados em metalinguagem, há um ataque de cão no chuveiro, um dos poucos momentos instigantes da trama, homenagem ao clássico de Alfred Hitchcock.

A Revolta dos Cães (Dogs, EUA – 1976)
Direção: Burt Brinckerhoff
Roteiro: O’Brian Tomalin
Elenco: David McCallum, Barry Greenberg, Cathy Austin, Dean Santoro, Elizabeth Kerr, Eric Server, George Wyner, Holly Harris
Duração: 90 minutos

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