Home FilmesCríticasCatálogos Crítica | A Última Gota D’água e Os Invasores (1912)

Crítica | A Última Gota D’água e Os Invasores (1912)

por Luiz Santiago
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Apesar de ter um forte caráter dramático, essa indian story põe lado a lado os elementos da primeira fase do western americano e dos dramas que então ganhavam força no cinema, especialmente para o cineasta D.W. Griffith. A história é simples e acompanha uma caravana que irá atravessar o deserto em busca de terras melhores no oeste. Amparado por uma pequena “disputa” entre dois homens pelo amor de uma mulher (esse tema sempre deu pano pra manga até o final da 1ª Idade do Ouro dos faroestes), o roteiro cria um vínculo forte do público com os personagens masculinos, seja pelo ódio ou pela simpatia; e também com Mary, a garota “disputada” do início e agora casada com o “homem mau” da trama.

Com o ataque dos índios e o ato heroico de ceder e buscar água para o pessoal da caravana, o diretor fecha sua abordagem dramática adicionando, ao cabo, a salvação pela cavalaria americana. Infelizmente o filme sofre de todos os males possíveis do Primeiro Cinema, com atuações afetadas e montagem embrionária questionável, não fazendo nada que diminua esses pontos negativos, mas a produção é interessante e a travessia do deserto mostra um pouco da mística que esse tipo de ação teria nos westerns dos anos vindouros.

A Última Gota D’água (The Last Drop of Water, EUA, 1911)
Direção:
D.W. Griffith
Roteiro: Bret Harte, Stanner E.V. Taylor
Elenco: Blanche Sweet, Charles West, Robert Harron, Dell Henderson, Joseph Graybill
Duração: 18 min.

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Os Invasores (1912)

Codirigido e atuado por Francis Ford, o irmão mais velho de John Ford, Os Invasores mostra mais um capítulo da conquista do oeste, agora sob um olhar duplo, o do índio e o de um pequeno grupo de soldados que negociou com os nativos a divisão das terras indígenas e das terras não indígenas (que ironia!) numa determinada região. O roteiro traz questões como a falta de diálogo entre os grupos, imprevistos fatais e interesses pessoais como pontos de interferência nas relações culturais dos dois lados, o que evidentemente caminha para um final trágico, um acerto louvável do roteiro, mas posto de forma desequilibrada no desfecho.

O filme nos traz belas tomadas sobre as paisagens naturais, destacando o território indígena e a região do Forte, região esta que em breve seria cortada pela ferrovia. Essa notícia — e, a rigor, os “invasores” que ela traz — é o ponto de partida para a guerra entre duas grandes nações indígenas e os americanos, um conflito que embora se encerre com a vitória dos colonos, traz mais tristeza para os protagonistas do que felicidade. Como disse antes, a escolha por um final desse porte foi um acerto do roteirista C. Gardner Sullivan, mas a falta de contexto vista na abrupta cena final acaba colocando muita coisa a perder.

Os Invasores é um filme bem acima da média das produções de seu tempo, tanto em quesitos técnicos quanto temáticos, considerando, claro, o gênero western como campo conceitual. Sua reflexão, a forma como os diretores filmaram a guerra e o cuidado em construir um ambiente sadio de vida tanto para o lado americano quanto indígena (pelo menos até um determinado ponto) mostram uma visão de mundo também à frente de seu tempo, uma abordagem que só se tornaria de fato comum nos westerns cerca de duas décadas depois.

Os Invasores (The Invaders, EUA, 1912)
Direção:
Francis Ford, Thomas H. Ince
Roteiro: C. Gardner Sullivan
Elenco: Francis Ford, Ethel Grandin, Ann Little, Ray Myers, William Eagle Shirt, Art Acord
Duração: 41 min.

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