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Crítica | A Vingança do Espantalho (1981)

Um ato de injustiça se transforma no catalisador de uma vingança.

por Leonardo Campos
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Os espantalhos são figuras assustadoras. Colocados em meio aos territórios de plantações para espantar aves, tendo em vista emular a presença de um ser humano, tais criações são potencialmente eficientes para a concepção de narrativas de terror, afinal, podem funcionar tão bem quanto os palhaços, policiais e outros elementos de nossa cultura, transformados em personagens assassinos para deixar as plateias suando frio com suas empreitadas de terror e morte. Criado para ser um filme independente, com distribuição mais limitada, A Vingança do Espantalho, parte integrante da Safra 1981 do subgênero slasher, foi comprado pela CBS e veiculado como telefilme em sua época de lançamento. Interessante e bem melhor que muitas produções deste ano profícuo para o segmento, esta produção é pecaminosa por conta do ritmo que se arrasta em algumas passagens, mas consegue criar uma atmosfera de apreensão e uma visualidade que nos faz lembrar a textura dos filmes clássicos situados em zonas interioranas.

Neste slasher de poucas vítimas e economia de sangue e violência, contemplamos uma história de preconceito, escrita por J. D. Feigelson e Butler Handcock, dupla de roteiristas que tem o texto dramático dirigido por Frank De Felitta, cineasta eficiente e responsável por criar a mencionada atmosfera sombria, mesmo tendo limitações orçamentárias e simplicidade narrativa para colocar em cena uma perspectiva aterrorizante de retaliação e culpa. Na trama, acompanhamos a jornada de Bubba Ritter (Larry Drake), um homem com deficiência intelectual, figura adulta com comportamento infantilizado, haja vista a sua condição. Ele é uma pessoa inocente, sem a maldade que lhe é atribuída numa situação fatídica que se torna catalisadora de sua morte, perpetrada por homens preconceituosos que odeiam a sua presença pela cidade. Bubba brinca com uma pequena garota da região, criança que lhe trata com carinho e corresponder ao seu jeito de ser tranquilo e circunspecto.

Numa determinada ocasião, no entanto, a garota quase se torna vítima de um cachorro que escapa e a ataca. Bubba coloca-se em seu caminho e a salva, garantindo a vida da criança, mas colocando a sua em risco. Ao trazê-la nos braços para casa, o rapaz é acusado de agressão e começa a ser perseguido por um grupo de homens da região. A sua mãe, a Sra. Ritter (Jocelyn Brando) faz de tudo para acobertá-lo, mas a proteção não é suficiente e o personagem é encontrado escondido como um espantalho de uma plantação próxima. Aniquilado a tiros pelos homens, a história de Bubba se transforma num caso de revolta para a sua mãe, mulher que lutará com todas as forças para limpar o nome do filho e fazer justiça. Há, no entanto, uma situação inusitada que se estabelece na narrativa. Além da garota que sabe a verdadeira história alegar que tem contato constante com Bubba, os homens envolvidos na morte do inocente começam a ser eliminados, um a um, numa curiosa sequência de extermínio.

Nós, do lado de cá, ficamos curiosos para saber que é a figura responsável pelas mortes, haja vista a abordagem das cenas que focam nas vítimas, sem nos apresentar a pessoa por detrás das armadilhas que ceifam tais personagens numa aparente jornada slasher de vingança. Será a mãe de Bubba Ritter? Ou o advogado da causa que pode ter alguma relação com a família não exposta pelo roteiro, guardada até o final? Numa situação sobrenatural, é possível que o moço tenha voltado do além e se transformado num espantalho assassino? São várias as possibilidades, apresentadas somente no último minuto, quando sabemos de fato quem está por detrás dos misteriosos assassinatos em prol da velha e boa vingança, elemento basilar do subgênero slasher. Com cenografia imersiva do design de produção de Charles Zacha Jr. e direção de fotografia que privilegia o uso de ponto de vista para nos esconder a identidade do “monstro”, setor assinado por Vincent A. Martinelli, A Vingança do Espantalho funciona e apesar do ritmo um pouco arrastado, consegue criar um clima eficiente em seus 96 minutos. Só faltou uma trilha menos barulhenta e mais eficiente, pois aqui temos um trabalho pouco memorável de Glenn Paxton, textura não assertiva para um slasher de recursos visuais limitados.

A Vingança do Espantalho (Dark Night of the  Scarecrown, EUA – 1981)
Direção: Frank De Felitta
Roteiro: J.D. Feigelson
Elenco: Larry Drake, Charles Durning, Tonya Crowe, Jocelyn Brando, Lane Smith
Duração: 93 min

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