Home TVEpisódio Crítica | Agatha Christie’s Poirot – 2X03: A Mina Perdida

Crítica | Agatha Christie’s Poirot – 2X03: A Mina Perdida

As finanças de Poirot.

por Luiz Santiago
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Embora tenha um direcionamento final diferente em relação ao conto original, esta adaptação dirigida por Edward Bennett consegue capturar com bastante fidelidade o clima cômico e a atmosfera de “jogos monetários” que a obra de Agatha Christie nos traz. A história começa com uma brincadeira entre Poirot e Hastings. Eles estão jogando Monopoly e uma certa discussão sobre finanças ganha espaço, abrindo caminho para o tipo de aventura que o texto, aqui adaptado por Michael BakerDavid Renwick irá explorar. Ao longo de todo o episódio, o público se depara com aproximações curiosas entre a capacidade financeira do detetive belga, seu dinheiro que simplesmente “desapareceu do banco” e as ações que alguns indivíduos tomam ao seu redor, tudo envolvendo gastos, perdas ou ganhos de dinheiro. Sempre o dinheiro.

Eu gosto bastante da resolução do caso que encontramos em Poirot Investiga, mas a amigável e um tantinho atrapalhada finalização que os roteiristas trazem para este episódio caiu muito bem à proposta da série. Afinal, tornar Poirot rico logo no início do show (ainda em sua 2ª Temporada) não era uma boa pedida, pensando em tudo o que ele ainda deveria enfrentar na série. No conto, esse tipo de resolução potente e importante acaba sendo bem diluída em diversas outras histórias, especialmente nos romances do personagem. Na TV, algo assim sempre teria um impacto decisivo em aventuras posteriores, de modo que a saída encontrada para não dar a Poirot a posse de um número absurdo de ações em uma região de minas foi a melhor escolha, sem dúvidas.

No núcleo de Poirot, a narrativa funciona muito bem. O joguinho de tabuleiro, o conflito mais ou menos silencioso com Hastings e a presença sempre bem-vinda de Japp em muitas cenas do episódio (eu gosto muito desse personagem, muito mais do que Hastings!) tornam essa parte a mais interessante do capítulo. Já os blocos que mostram os suspeitos e as cenas de investigação me parecem trechos um tanto bagunçados, editados de maneira pouco atraente, especialmente no desenvolvimento. Às vezes o espectador tem a impressão de que alguém receberá maior atenção do detetive ou que uma pista instigante será seguida e amplamente observada pela polícia, mas isso não acontece. O que temos no lugar é um acontecimento pouco chamativo, fim da sequência e início de um novo momento do enredo.

Talvez com uma montagem mais cuidadosa o episódio tivesse um resultado final mais positivo. Todavia, A Mina Perdida não é um episódio ruim. Ele traz uma investigação bem despreocupada de Poirot, que está verdadeiramente focado em vencer Hastings no Monopoly ou em ajustar a sua conta no banco do que qualquer outra coisa. Os eventos que levam ao assassinato do comerciante chinês são, em geral, interessantes, e a trilha sonora mais a direção de arte criam uma boa ambientação para a “Chinatown” londrina. O vício em ópio e os negócios escusos de britânicos com homens misteriosos do Oriente também se fazem presentes no texto, e este é o tipo de abordagem genérica que, pelo menos aqui, não tem conotações racistas, só clichês mesmo. A adaptação de uma história engraçada e… “monetária” de Hercule Poirot.

Agatha Christie’s Poirot – 2X03: A Mina Perdida (Reino Unido, 21 de janeiro de 1990)
Direção: Edward Bennett
Roteiro: Michael Baker, David Renwick
Elenco: David Suchet, Hugh Fraser, Philip Jackson, Pauline Moran, Anthony Bate, Colin Stinton, Barbara Barnes, James Saxon, Vincent Wong, Richard Albrecht, John Cording, Gloria Connell, Julian Firth, Peter Barnes, Hi Ching, Ozzie Yue, Chris Walker, Joe Frazer, Daryl Kwan, Susan Leong
Duração: 52 min.

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