Home TVEpisódio Crítica | Agent Carter – 1X08: Valediction

Crítica | Agent Carter – 1X08: Valediction

por Ritter Fan
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estrelas 5,0

Obs: Contém spoilers do episódio e da série.

Se você, assim como eu, esperava um final explosivo para Agent Carter, tenho certeza que se desapontou. Mas, se assim como eu, você não esperava isso do final da minissérie, então seu desapontamento se dissipou completamente quando os créditos começaram a rolar.

Afinal de contas, o último episódio dessa que espero fortemente que seja apenas a primeira temporada da série estrelando Peggy Carter, foi emocionante e uma das melhores – quiçá a melhor – captura do espírito e do estilo “quadrinhos” de ser. Valediction funciona perfeitamente para fechar a narrativa iniciada em Now Is Not the End, já que ambos os episódios referenciam pesadamente o Capitão América. Além disso, claro, Howard Stark volta para contribuir com um encerramento redondo que só deixa pontas soltas propositais, provavelmente armando o palco para novas aventuras da agente (ou será que sou eu sonhando alto?).

E, como disse, o espírito das HQs está todo lá. Os vilões não morrem. O bem ganha triunfalmente. E aquela atmosfera de “universo conectado” está presente, especialmente quando, na cena final, temos a grata surpresa de uma ponta de Toby Jones reprisando seu papel de Arnim Zola, clássico vilão dos quadrinhos que apareceu em Capitão América: O Primeiro Vingador e Capitão América 2: O Soldado Invernal. Com esse toque, inconsequente para a história da minissérie e de apenas alguns segundos, as roteiristas (e também showrunners) Michele Fazekas e Tara Butters terminam de inserir Agent Carter dentro de um contexto maior, de fácil amarração com os eventos futuros que levariam à decorrada da S.H.I.E.L.D. dentro do Universo Cinematográfico Marvel.

Mas voltando rapidamente à trama, é muito interessante o que as roteiristas fizeram. No realmente explosivo episódio anterior, Snafu, vemos um plano de grandes proporções tomar forma: o Dr. Ivchenko/Fennhoff/Fausto junto com Dottie/Viúva Negra 1.0 roubam uma gás inventado por Howard Stark e a testam em um cinema, fazendo com que um espectador se volte contra o outro até a morte. O espetáculo dantesco apontava para um daqueles planos de destruição em massa, típicos de super-vilões de quadrinhos.

E, realmente, o plano é algo assim, mas não por razões maiores de uma organização inimiga contra o que os Estados Unidos representam. Ao contrário, a história se reduz a uma narrativa de vingança, em que o Dr. Ivchenko quer se vingar de Stark pelas mortes causadas pelo gás na Batalha de Finow, tantas vezes referenciada durante a temporada mas só agora realmente explicada. Assim, não só há uma pegada claramente inspirada nos quadrinhos – vilão com planos mirabolantes que só servem a si próprio – como também há um jogo de culpabilidade interessante, em que não podemos simplesmente apontar o dedo e vilanizar o amargurado Doutor por mais diabólico que seja seu estratagema.

Mesmo que saibamos que Stark não tem a menor chance de morrer – afinal, ele aparece mais velho em um filme dentro de Homem de Ferro 2 –  o capítulo prende nossa atenção não só pelo natural magnetismo de Peggy Carter e sua completa liderança dos homens da S.S.R., como, também, pelo uso de Edwin Jarvis como um relutante piloto para acabar com Stark se tudo mais der errado e também pela forma honesta como Daniel Sousa e Jack Thompson são retratados. E, é claro, a luta final entre Carter e Dottie, apesar de curta, é muito bem coreografada e com um final novamente bem típico de quadrinhos, prenunciando sua volta em futuro próximo (ou assim eu espero… – e sim, sei que estou sendo repetitivo ao desejar a volta da série).

Mas talvez a maior homenagem à tudo que a Marvel vem construindo nos cinemas e também ao legado que o Capitão América deixou dentro desse universo seja a sessão de hipnose de Howard Stark. Ivchenko usa a maior fraqueza de Stark contra ele e qual não foi minha surpresa ao descobrir que ela foi a inabilidade do pai do Homem de Ferro em salvar Steve Rogers. O momento em que vemos Stark na neve, esperançoso de encontrar o Capitão novamente, com Peggy empunhando o icônico escudo, encapsula, talvez, tudo o que a série é: uma homenagem aos quadrinhos clássicos tendo uma personagem secundária (terciária?) alçada ao papel de principal somente com a força de alguns roteiros e o carisma de uma ótima atriz.

E o dénouement, com Peggy e Angie indo morar em uma das casas de Stark, com Jarvis se oferecendo para a qualquer momento ajudá-la e entregando-lhe, finalmente, o frasco com o sangue do Capitão América que ela subsequentemente joga da ponte do Brooklyn é ao mesmo tempo previsível e emocionante. Exatamente como o final deveria ser.

Podemos não saber exatamente o que é Leviathan ou o paradeiro de “Dottie” ou mesmo quem diabos é a misteriosa esposa de Jarvis (que, aliás, nunca mais foi mencionada), mas essas leves pontas soltas fazem parte da magia. Mesmo que Agent Carter não continue, a série acabou de maneira circular, sem arestas a serem aparadas. Um grande feito que deveria servir de exemplo a literalmente todas as séries de super-heróis que tomaram de assalto a televisão hoje em dia.

Agent Carter – 1×08: Valediction (EUA, 2015)
Showrunners: Tara Butters, Michele Fazekas, Chris Dingess
Direção: Christopher Misiano
Roteiro:  Michele Fazekas, Tara Butters
Elenco: Hayley Atwell, James D’Arcy, Chad Michael Murray, Enver Gjokaj, Shea Whigham, Kyle Bornheimer, Dominic Cooper, Meagen Fay, Lyndsy Fonseca, Bridget Regan, Toby Jones
Duração: 46 min.

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