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Crítica | Agents of S.H.I.E.L.D. – 4X03: Uprising

por Ritter Fan
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estrelas 3,5

Aviso: Há SPOILERS do episódio e da série. Leia as críticas dos outros episódios aqui e de todo o Universo Cinematográfico Marvel aqui.

Agents of S.H.I.E.L.D. sabe surpreender. Quem esperava um episódio que desenvolvesse a relação de Daisy e Robbie e usasse os poderes dos dois como força motriz, viu um capítulo em que a mais nova dupla da série foi colocada para escanteio, quase no banco de reservas. Com isso, a equipe liderada por Coulson ganha o palco e o resultado é muito interessante, ainda que imperfeito.

Confesso que, por um momento, a historinha aparentemente boba do blecaute em Miami (mas Yo-Yo não estava em Los Angeles?) me fez revirar os olhos. No entanto, não demorou e o plano terrorista da chamada Resistência Inumana – que obviamente não era inumana nada – ganha proporções globais que inegavelmente clamam pela atenção do espectador e conseguem prendê-la ao encapsular o drama no resgate de Yo-Yo no lobby do hotel onde estava.

As sequências de pancadaria da série são costumeiramente muito boas e Uprising não é uma exceção. Muito ao contrário até: a fotografia funcional escura para emular a falta de energia elétrica e a fantástica coreografia em um complicado plano sequência (são dois na verdade, com um corte muito rápido entre eles) que coloca Coulson, Mack, Fitz e Yo-Yo em oposição aos Cães de Guarda resultam em uma das melhores cenas de luta até agora que muito de longe lembra o momento icônico em que os Vingadores aparecem juntos na Batalha de Nova York, com uma câmera giratória. E o melhor é ver que a série parece ter também ganhado uma injeção orçamentária, pois desde o início, com a queda do helicóptero, passando pela sequência que descrevi acima e, depois, no quartel-general da célula de Miami dos vilões, os efeitos especiais mostram-se sólidos, notadamente no efeito de velocidade de Yo-Yo que ganha o “tratamento Mércurio” de Dias de um Futuro Esquecido.

E o melhor é que a narrativa que lida com o grupo de Coulson ecoa com a da tentativa desesperada de Simmons e do professor Holden Radcliffe de salvar a agente May do efeito da fantasma que vimos no episódio anterior. São diálogos que nos carregam tematicamente de um lado a outro e acontecimentos que afetam as duas histórias de maneira intercorrente, gerando um rapport narrativo inteligente e até alguma tensão, cortesia do roteiro preciso – nestes pontos – de Craig Titley, veterano na série e responsável pelo fenomenal 4,722 Hours.

Por outro lado, ainda que eu pessoalmente já tenha me afeiçoado à figura de Jeffrey Mace como o novo diretor da S.H.I.E.L.D. e a forma “Capitão América” de ele se portar e lidar com os problemas, creio que tenha faltado pompa e circunstância à reintegração da agência ao mundo dos vivos. Claro, era importante que isso acontecesse não só para a série como para todo o Universo Cinematográfico Marvel e foi ótima a forma como Coulson cita Nick Fury (onde estará ele?) para convencer Mace a acelerar o cronograma, mas essa grande revelação ficou quase que como um apêndice, um detalhe ali no finalzinho do episódio que não teve função muito maior do que conectar a história ao epílogo em que vemos que a Senadora Rota Nadeer (Parminder Nagra), radicalmente contra os inumanos, está profundamente envolvida com os Cães de Guarda e com a misteriosa voz que parece verdadeiramente estar por trás de toda a campanha anti-inumanos em um arco narrativo muito claramente retirado das décadas de preconceito contra os mutantes que as publicações “X” da Marvel Comics classicamente explora.

Mas se toda a história principal do episódio é bem costurada e ritmada, o mesmo não se pode dizer de Daisy e Robbie, que quase não têm função narrativa. A promessa feita ao final de Meet the New Boss sobre como o Ghost Rider estaria conectado com os fantasmas não se concretiza e o que vemos são sequências que em sua maioria estão lá apenas para cumprir tabela. É bem verdade que somos devidamente apresentados a Gabe (Lorenzo James Henrie) e seu preconceito em relação a Daisy serve de comentário ao sentimento anti-inumano que perpassa a história, mas não há muito mais o que se falar sobre esse lado da história. Teria sido mais interessante se mais tempo fosse dedicado à reintrodução da S.H.I.E.L.D. por Mace, deixando o episódio seguinte para lidar com o núcleo familiar dos Reyes e sua relação complicada com Daisy.

Outro relacionamento que parecia estar funcionando bem, mas que em Uprising ficou estranho, é o que existe (existia?) entre Mack e Yo-Yo. A raiva do grandalhão é desproporcional e a sequência dos dois a sós na cozinha do quartel-general pareceu forçada demais e, em última análise, desnecessária.

De toda forma, Agents of S.H.I.E.L.D. está já com as peças do tabuleiro em posição. O time de Coulson – sem Daisy – está completo e quase completamente unido. Não demorará, suponho, para Daisy e possivelmente Robbie, ainda que como freelancer, juntem-se para lidar tanto com os fantasmas como com os Cães de Guarda e seja lá quem estiver por trás deles. Falta só os showrunners acertarem o equilíbrio entre o lado deprê e sombrio de Daisy e as funções protetoras da S.H.I.E.L.D., agora oficial e abertamente sancionadas pelos governos do mundo.

Agents of S.H.I.E.L.D. – 4X03: Uprising (EUA, 11 de outubro de 2016)
Showrunner: Jed Whedon, Maurissa Tancharoen, Jeffrey Bell
Direção: Magnus Martens
Roteiro: Craig Titley
Elenco: Clark Gregg, Chloe Bennet, Ming-Na Wein, Iain De Caestecker, Elizabeth Henstridge, Henry Simmons, John Hannah, Gabriel Luna, Lorenzo James Henrie, Mallory Jansen, Lilli Birdsell, Briana Venskus, Maximilian Osinski, Ricardo Walker, Wilson Ramirez, Jen Sung, Jason O’Mara, Parminder Nagra, Lorenzo James Henrie
Duração: 43 min.

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