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Crítica | Agents of S.H.I.E.L.D. – 5X10: Past Life

por Ritter Fan
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Aviso: Há spoilers do episódio e da série. Leia, aquias críticas dos outros episódios e, aquide todo o Universo Cinematográfico Marvel .

Past Life foi um episódio muito movimentado e que nos deixou com um cliffhanger gigantesco que só será resolvido em um mês, já que a ABC, em razão das Olimpíadas de Inverno, traiu suas declarações originais e resolveu colocar a série em hiato sem nem mesmo terminar o primeiro arco. Há muito o que falar, portanto, mas já quero começar com o momento – breve – que mais me impressionou: a armadilha que Fitz faz para os Krees.

Sim. Apesar dos diversos momentos de destaque, este é o que não me saiu da cabeça nem por um segundo. Fitz, sem pestanejar, sem mostrar qualquer semblante de remorso, arrancou a cabeça de três Krees com um “fio de pipa” ativado remotamente. O momento é impressionante graficamente, pois parece uma sequência saída de um filme de Takeshi Kitano ou até mesmo de Quentin Tarantino e especialmente pelo subtexto que deixa ali na troca de olhares entre Fitz e Simmons. Aquele Fitz ali é o Fitz do Framework. O Fitz genocida apaixonado por Madame Hidra.

Mas calma. Não quero dizer isso literalmente. Apenas desejo sublinhar muito fortemente que as experiências do Fitz do Mal na realidade virtual de Aida na temporada anterior deixaram cicatrizes muito mais profundas do que imaginávamos no jovem agente. A amálgama resultante ainda é um homem apaixonado, mas um homem apaixonado capaz de fazer qualquer coisa – QUALQUER COISA – para proteger quem ama. Se isso faz de Fitz um agente mais eficiente? Sem dúvida alguma. Mas isso também pode significar que a tão desejada reunião final entre ele e Simmons está fadada a não acontecer, especialmente diante da breve reação no rosto de Elizabeth Henstridge, que muito bem mistura surpresa, medo e a realização de que o mundo de sua doce Simmons basicamente acabou. E, de seu lado, a calma, a fleuma de Fitz tratando do que acabou de ocorrer como algo corriqueiro e necessário para incutir medo nos colegas dos mortos é a cereja nesse bolo sanguinolento, mas absolutamente incrível de ver acontecendo. Afinal de contas, não é toda a série que tem a coragem de fazer algo desse naipe com um de seus personagens mais adoráveis, não é mesmo?

Confesso que poderia parar minha crítica por aqui, pois essa sequência é suficiente para justificar a avaliação feita em estrelas acima. Mas, como vocês me conhecem, não consigo escrever pouco…

O segundo melhor momento do episódio foi o chocante encontro de Yo-Yo com ela mesma. Não digo chocante como sinônimo de surpreendente, pois já havia suspeitas fortes de que a clarividente de Kasius era ela, especialmente depois que ele mostrou intimidade com a inumana no episódio anterior. Mas a forma como a sequência foi executada foi espetacular, pois deu enorme espaço dramático para Natalia Cordova-Buckley mostrar todo seu potencial como atriz. O desespero que ela imprime na versão do presente de Yo-Yo é palpável, urgente, daqueles que dá vontade de gritar para a tela pedindo uma resolução, uma definição para o futuro romântico da agente. Mas os grandes momentos da atriz são mesmo vivendo a versão “ressuscitada” de sua personagem. Ali, vemos uma resignação dolorosa depois de anos de inimagináveis torturas pelas mãos de Kasius e que emprestam uma nova dimensão ao vilão (ninguém esperava os braços amputadas, podem dizer a verdade!). Mas, dentro dessa aceitação de um destino inevitável, vemos lampejos de esperança disparando como chamas dos olhos de Cordova-Buckley, mesmo debaixo da maquiagem que retira quase que totalmente a cor de sua pele. A Yo-Yo “do futuro” sabe que não pode mudar o loop temporal, mas hesitantemente mantém a crença – quase uma ilusão – de que ela ainda pode fazer a diferença ao encontrar sua outra versão provavelmente pela enésima vez.

Inteligentemente, o roteiro do veterano DJ Doyle usa a sequência com as Yo-Yos como a moldura que enquadra a ação nos demais andares do Farol, especialmente a que envolve Coulson, May e Daisy, já que, conforme a Yo-Yo sofrida deixa claro, é a vida ou morte do chefe da equipe que pode fazer a diferença no destino da Terra. Com isso, Eric Laneuville, que dirigiu o lacrimoso No Regrets, tem espaço para trabalhar a decupagem em uma bela montagem paralela que vai em um crescendo lógico e enervante, justamente por nos deixar pendurados sem saber ao certo o destino de nossos queridos personagens.

De mortes aparentemente 100% confirmadas, temos as de Enoch e Deke e elas fazem todo o sentido dramático, considerando a estrutura do arco de simplesmente eliminar seus coadjuvantes sem muita cerimônia. Mas, diferente da morte de Tess, por exemplo, aqui a lógica funciona perfeitamente, já que um sacrifício era inevitável e Deke se encaixa bem ali, ainda que eu desconfie fortemente que ainda o veremos novamente de algum jeito, considerando a quantidade de vezes que seus pais são misteriosamente mencionados tanto nesse episódio como em basicamente todos os outros em que o personagem aparece.

Como eu disse mais lá no começo, há muito o que falar e, se eu não me segurar, esse texto aqui pode tornar-se uma enfadonha crítica para fazer leitor ninar. Portanto, tentarei ser mais econômico. Portanto, respirem fundo…

A relação maternal/paternal de May e Coulson com Daisy é reeditada aqui com a recusa da inumana em voltar para o passado. Ponto positivo para a construção da personagem heroica que ela é e mais positivo ainda para Coulson que, sabendo de sua provável (segunda) morte, precisa de um novo líder para a equipe. Ele sacrifica sua relação com Daisy em prol da equipe, em uma espécie de último ato de coragem. Sobre sua doença ou degeneração, ela ainda é um mistério, mas me parece claro que há alguma ligação com o pacto que ele fez com o Espírito da Vingança na temporada anterior.

Reparem, aqui, que é muito interessante essa abordagem que coloca Coulson na mira da morte, pois ela parece fazer a série como um todo – e não só a temporada – caminhar para seu final. Seria perfeitamente possível argumentar que, em um mundo pós-Guerra Infinita, a série não teria mais justificativa para existir e ela, portanto, estaria acabando não só em seu auge, como no momento dramaticamente correto. Não quero com isso de forma alguma dizer que eu quero que ela acabe, mas sim que ela pode acabar sem que muitas lágrimas de fãs sejam derramadas (eu disse “muitas”, vejam bem, pois algumas certamente serão!).

Outra sequência imperdível foi a pancadaria entre Mack e um ensandecido Kasius, depois de tomar lá o PCP. Não só a coreografia foi novamente muito boa, como Laneuville não economizou nos aspectos gráficos da violência, querendo dar a entender, claro, que o grandalhão de bom coração morreria de alguma forma. Fiquei feliz ao constatar, porém, que não só ele não morreu, como ele teve a chance de usar sua espingarda-machado do lado cortante (e furante…) e isso depois que Simmons – que aparece do nada, mas vamos perdoar, ok? – tem seu breve e delicioso momento de vingança.

Aliás, falando em Kasius, repararam no quanto ele falou sobre seu pai querendo invadir a Terra? Interessante isso. Primeiro, porque eu estava errado ao achar que seria Kasius o líder da força invasora que deflagaria a destruição da Terra dentro do loop temporal. Mas eu estar errado em teorias não é nenhuma surpresa. A surpresa é que, da forma como ele fala, podemos ou ter mesmo uma invasão Kree na Terra em algum momento – será que a turma volta para os anos 90 e a história se encaixa com a da Capitã Marvel? – ou, por incrível que pareça, caso seu pai não seja exatamente um Kree, mas sim outro sujeito de pele colorida, mas com queixo rugoso e uma paixão incontida pela Sra. Morte, a invasão da Ordem Negra. Será Thanos o papai de Kasius, então? Seria essa uma conexão com Guerra Infinita? Ainda acho que não, mas ficou curiosamente dúbio.

Cabe ainda abordar o destino de Flint como o reconstrutor do monólito. Confesso que esses momentos – inclusive o que ele está no espaço – foram os menos empolgantes do episódio, quase que como uma obrigação burocrática no roteiro. Se Laneuville tivesse cortado os excessos e ido logo para os finalmentes, talvez o ritmo não tivesse sido quebrado da maneira que foi. Mas pelo menos o jovem e Tess Zumbi ficaram lá pelo futuro e, aparentemente, não vão se reunir à equipe.

A permanência dos dois no futuro, porém, me lembra uma dúvida que vem me correndo por dentro: afinal, estamos em um loop temporal dentro de uma linha temporal única ou em um multiverso? Se a linha temporal é única – e eu não vejo como ela não ser já que Fitz congelou-se no passado e acordou no mesmo futuro em que seus colegas estavam – então a conversa das duas Yo-Yos é em tese impossível. Uma teria que ser de um universo e outra de outro, com cada loop gerando bifurcações infinitas. Se o loop é fechado em si mesmo em uma única linha temporal, a existência simultânea de duas versões do mesmo personagem me parece inconciliável. E, finalmente, o epílogo que mostra Tess e Flint na nave olhando a Terra destruída parece dizer que de nada adiantaram os esforços dos agentes. Ou será que o loop temporal engloba também esse momento em que os dois estão lá contemplando o futuro do futuro? Ai, fiquei com dor de cabeça agora…

Past Life foi um episódio tumultuado, mas foi um tumulto bom, quase perfeito. Cada linha narrativa foi trabalhada com vagar e clareza suficiente para dar um ritmo agradável ao episódio. Agradável só não. O ritmo foi é agradavelmente alucinante na verdade, ao ponto de tudo ter acabado em não mais do que 15 segundos para mim. Será duro aguardar quatro semanas para descobrir o que aconteceu com o pessoal, especialmente com esse novo Fitz que acabamos de conhecer…

*A temporada entrará em hiato, só retornando dia 02 de março de 2018.

Agents of S.H.I.E.L.D. – 5X10: Past Life (EUA, 02 de fevereiro de 2018)
Showrunner: Jed Whedon, Maurissa Tancharoen, Jeffrey Bell
Direção: Eric Laneuville
Roteiro: DJ Doyle
Elenco: Clark Gregg, Chloe Bennet, Ming-Na Wein, Iain De Caestecker, Elizabeth Henstridge, Henry Simmons, Natalia Cordova-Buckley, Jeff Ward, Eve Harlow, Pruitt Taylor Vince, Coy Stewart, Pruitt Taylor Vince, Rya Kihlstedt, Myko Olivier, Dominic Rains, Florence Faivre
Duração: 43 min.

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