Home TVEpisódio Crítica | Agents of S.H.I.E.L.D. – 7X01: The New Deal

Crítica | Agents of S.H.I.E.L.D. – 7X01: The New Deal

por Ritter Fan
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  • Há spoilers do episódio e da série. Leiam, aquias críticas dos outros episódios e, aquide todo o Universo Cinematográfico Marvel.

Depois de morrer duas vezes, Phil Coulson está de volta para uma terceira vida – quarta se contarmos a encarnação Sarge -, desta vez como um androide, ou Life Model Decoy (LMD), na derradeira temporada de Agents of S.H.I.E.L.D. que começa exatamente de onde a infelizmente fraca temporada anterior parou, ou seja, com a equipe chegando na Nova York de 1931, um mundo pré-super-heróis e pré-S.H.I.E.L.D., atrás dos Chronicoms. Bebendo muito claramente de O Exterminador do Futuro, com direito até a trilha sonora (por Bear McCreary e, agora, também Jason Akers) que emula as batidas metálicas clássicas compostas por Brad Fiedel, esse começo joga seguro com um dos melhores artifícios da ficção científica em um ambiente de época.

Mesmo sendo a última temporada, o roteiro de George Kitson é engenhoso ao relembrar o espectador das situações atuais de cada personagem, começando pela ativação de Coulson e a “atualização” de sua memória – que referencia muito rapidamente grandes eventos desde o Framework -, passando por May fora de combate sendo tratada por Enoch, Yo-Yo recuperando-se da infecção dos Shrikes e ganhando braços novos e, claro, todo o ambiente futurista e altamente tecnológico do novo Zephyr One, com as melhorias feitas por Fitz-Simmons e que basicamente transformaram o avião em um grande DeLorean. Tudo isso é feito nos minutos iniciais, depois do preâmbulo com os Chronicoms assumindo a identidade de uma trinca de policiais, com muita elegância e fluidez, no estilo dos melhores “primeiros episódios” de temporadas, que sempre carregam esse ônus e nem sempre sabem lidar com ele.

A história é aquela básica de viagem no tempo para mudar o futuro, com os agentes correndo para descobrir o que os alienígenas sintéticos querem exatamente com esse retorno aos anos 30. Não demora e tudo indica que o governador Franklin Delano Roosevelt – que se tornaria presidente dos EUA no ano seguinte – seria o alvo já é que é sob sua administração que a S.H.I.E.L.D. é criada. Mas o espectador mais atento certamente percebeu imediatamente que não só essa revelação vem cedo demais, o que indica que ela é uma “distração”, como o assassinato de Roosevelt traria outras diversas consequências para a História do Mundo (mesmo que estejamos em um universo paralelo ou qualquer coisa assim, o que não interessa muito), já que é FDR quem retira os EUA da Grande Depressão causada pela Crise de 29 e leva os EUA para a Segunda Guerra Mundial. Não seria o perfil da série mexer tanto assim com o mundo.

Mesmo que haja um bom grau de previsibilidade, algo que sempre digo que é um ponto positivo e não negativo, tudo transcorre de maneira lógica, inclusive e especialmente a re-introdução do sempre ótimo Patton Oswalt, agora como Ernest Hazard Koenig, dono de um bar ilegal e com o apropriado codinome Gemini, considerando que se trata do avô dos vários Koenigs que foram apresentados ao longo da série. Freddy (Darren Barnet), funcionário de Ernest, fica propositalmente como adereço apenas, já que é ele o verdadeiro alvo dos Chronicoms como futuro pai de Gideon Mallick, fundador da Hidra que, por sua vez, seria a razão para a criação da S.H.I.E.L.D. em uma reviravolta telegrafada, mas bem feita e que pode gerar bons frutos daqui em diante.

A química da equipe de campo – Daisy, Coulson, Mack e Deke – continua firme e forte e, com os figurinos dos anos 30, ganha um irresistível charme extra que, na conjuntura da década, inevitavelmente lembra filmes como Os Intocáveis. Além disso, a presença de Daisy e Mack servem de porta de entrada para que os preconceitos racial e de gênero sejam bem abordados em momentos de humor inteligente com crítica social, mas sem que isso atrapalhe a narrativa ou que pareça anacrônico demais. E Coulson, divertidamente, serve de Enciclopédia Brittanica para todos os fatos históricos relevantes que o espectador precisa saber, unindo o útil ao agradável em mais um bom trabalho de Clark Gregg. Deke, de todos, é o mais perdido, mas, novamente como substituto tecnológico de Fitz e ele mesmo como alguém deslocado no tempo, sua presença acaba ganhando suficiente relevância e justificativa, ainda que ele, por enquanto, permaneça à margem da história.

Surpreendentemente, as coreografias de luta foram desapontadoras. Tanto a pancadaria na cena do crime como depois na cozinha do hotel pareceram engessadas demais, quase como se os dublês estivessem fora de forma ou apenas no automático. Da mesma maneira, incomoda a economia no uso do poder de Tremor. Considerando que ela, agora, não mais tem restrições físicas (ao contrário até) e que em todas as duas lutas de que ela participou não havia ninguém que não pudesse testemunhar o uso de suas habilidades inumanas, vê-la trocando socos e chutes apenas contra os Chronicoms e, ainda por cima, de vestido longo, não foi condizente com o que se poderia esperar da série e da personagem, especialmente a essa altura do campeonato.

Mesmo com seus problemas, The New Deal foi um ótimo e promissor começo de temporada que soube equilibrar recapitulação do passado com impulsionamento da trama para deixar, ao seu final, um tabuleiro muito bem arrumado para o jogo efetivamente começar. Que a última missão de nossos queridos agentes da S.H.I.E.L.D. seja digna de toda a evolução que a série inegavelmente mostrou ao longo dos anos!

Agents of S.H.I.E.L.D. – 7X01: The New Deal (EUA, 27 de maio de 2020)
Showrunner: Jed Whedon, Maurissa Tancharoen, Jeffrey Bell
Direção: Kevin Tancharoen
Roteiro: George Kitson
Elenco: Clark Gregg, Chloe Bennet, Ming-Na Wen, Iain De Caestecker, Elizabeth Henstridge, Henry Simmons, Natalia Cordova-Buckley, Jeff Ward, Joel Stoffer, Patton Oswalt, Darren Barnet, Tobias Jelinek, Nora Zehetner
Duração: 43 min.

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