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Crítica | Agents of S.H.I.E.L.D. – 7X12 e 13: The End Is at Hand // What We’re Fighting For

por Ritter Fan
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  • spoilers dos episódios e da série. Leiam, aquias críticas dos outros episódios e, aquide todo o Universo Cinematográfico Marvel.

Eu poderia ter escrito uma crítica só para os dois episódios de encerramento de Agents of S.H.I.E.L.D., mas isso seria um desrespeito com a série e com meus leitores. Eu poderia ter escrito duas críticas separadas, publicadas em dias consecutivos, cada uma sobre um episódio, mas isso atrapalharia a agenda do site. A solução? Assisti um episódio, dei um intervalo, escrevi a crítica correspondente como se fosse uma semana normal, esperei mais algumas horas, assisti o outro episódio, dei outro intervalo e escrevi a segunda crítica. Portanto, o que vocês lerão abaixo são duas críticas como se tivessem sido publicadas uma a cada semana.

E teremos mais Agents of S.H.I.E.L.D. por aqui nos próximos dias!

The End Is at Hand
7X12

Partindo exatamente dos eventos catastróficos que eliminaram a S.H.I.E.L.D. desta nova linha temporal, The End Is at Hand continua a estratégia de dividir a ação o espaço e o farol, com Mack, Daisy e Daniel Sousa em missão de resgate de Jemma e Deke diante da armada Chronicom invocada por Nathaniel Malick e Coulson, May e Yo-Yo lidando com Garrett na última base da agência. Conforme é explicado por duas vezes, o Farol não foi atacado a partir da órbita porque a base fora construída justamente para aguentar esses eventos cataclísmicos, o que faz sentido diante do que sabemos sobre a sobrevivência do local no futuro pós-Terra destruída em alguma outra linha temporal, mas não deixa de ser um fator “levantador de sobrancelhas” em relação à conveniência da coisa toda.

Como seria natural de um episódio que prepara o derradeiro fim da série toda (e escrever isso dá uma tristeza enorme, tenho que confessar…), ele não é muito movimentado, com seu objetivo sendo muito mais construir lentamente o retorno efetivo de Fitz, que mais uma vez chega provavelmente para salvar o dia, mas sem um momento particularmente triunfal, ainda que bacana e nos remetendo ao falecido Enoch. Entre a dissolução do implante cibernético de Jemma que a leva a ficar com as memórias completamente embaralhadas, esquecendo de vez todos os seus amigos, a fuga até o bar de Koenig já cheio de agentes sobreviventes obedecendo a um sinal misterioso que os faz levar 084s para lá e a montagem de um gadget qualquer para trazer Fitz de sei-lá-onde-e-quando-ele-estava, tudo caminha bem compassadamente, como uma corrida de obstáculos simpática.

A volta da versão física de Sybil, a líder e oráculo Chronicom, é sem dúvida uma boa notícia que vem reforçar o lado vilanesco, especialmente para quem ainda não comprou Nathaniel como final boss. Não é meu caso, pois o sujeito já graduou de apenas chato e irritante para algo mais do que isso, mesmo que definitivamente longe dos grandes vilões da série que sem dúvida permanecem sendo Grant Ward, Aida/Ophelia/Madame Hidra e, claro, Dr. Leopold. Mas a comparação é até injusta e a reunião dele com Sybil que, por seu turno, traz sua frota de Chronicoms, parece trazer o nível de ameaça devido para o encerramento da série, já que, de certa forma, eles parecem encapsular diversas características históricas importantes da mitologia de Agents of S.H.I.E.L.D. como o roubo dos poderes de inumanos, robôs malvados, viagem no tempo e realidade virtual.

Do lado da ação, o breve embate entre Kora e Daisy retorna ao problema do episódio anterior sobre as indecisões quase infantis da primeira. Pelo menos esse dilema parece ter chegado a seu fim, com seu aprisionamento por Malick e potencial uso dela como arma dos agentes no episódio de encerramento. Por seu turno, no Z1 a coisa anda de maneira bem mais interessante, com Mack e Sousa fazendo uma boa dupla com diálogos bem humorados que brinca com a “antiguidade” do homem deslocado no tempo e o bom coração do diretor da S.H.I.E.L.D. em uma troca que está lá muito mais para divertir do que para deslumbrar, já que não dá para não soltar uma risada com aqueles foguetes-Chronicom que eles usam para destruir a porta do hangar da nave invasora (aliás, muito bom o CGI do interior do hangar, não?).

O ataque de Garrett ao farol também anda bem, ainda que seja uma pena que o personagem em si acabe sendo desperdiçado sem necessidade ao final. Coulson e sua recém-descoberta habilidade tecnológica e May e sua recém-descoberta habilidade empática, o que basicamente moldam personagens contrários ao que eles eram antes, são bem tratados pelo roteiro de Jeffrey Bell, com os poderes recém-amplificados de Yo-Yo também ganhando espaço para brilhar primeiro aprisionando Garrett, depois deslocando as bombas para um local só, ainda que teria sido bem melhor se a direção de Chris Cheramie tivesse usado câmera lenta à la Mercúrio nos filmes dos X-Men para mostrá-la em toda sua glória velocista.

The End is at Hand cumpre bem sua missão de nos preparar para o fim. Sybil voltou e, mais importante do que isso, Fitz voltou. Resta só agora esperar que o derradeiro capítulo da série traga um encerramento digno para uma das séries baseadas em quadrinhos mais ternas e refrescantes da última década.

What We’re Fighting For
7X13

Há alguns dias, quando um leitor lá do Instagram do site perguntou o que eu esperava do final de Agents of S.H.I.E.L.D., disse apenas que queria sair da experiência com um sorriso no rosto. E é verdade. Não esperava – e eu acho que nem queria – nada mirabolante, bombástico ou surpreendente. Muito ao contrário até, meu desejo era que os personagens principais não só acabassem vivos, como felizes e juntos como casais. Era o que a série merecia e, fico muito feliz em constatar, era o que os showrunners também queriam: um belo, singelo e muito gostoso – ainda que levemente acridoce – final feel good.

E seria uma mentira enorme se eu dissesse que só abri um sorriso ao final. Na verdade, ele ficou estampado em meu rosto bobo desde que os diálogos da equipe com o recém-chegado Fitz começaram a ser ouvidos ainda por sobre os créditos de abertura e continuou por quase toda sua duração, especialmente no dénouement alongado que fez com maestria o que raramente dá certo: calmamente informar o que cada membro da equipe anda fazendo após um pulo temporal de um ano. A grande verdade é que eu poderia ter facilmente apreciado um episódio inteiro só com uma versão alongada dessa “terapia virtual de grupo” intercalada com sequências breves de ação para ilustrar o que estava sendo contado.

E seria outra mentira enorme se eu dissesse que o episódio foi perfeito. Não foi. A tão esperada e prometida luta entre Daisy e Nathaniel foi anticlimática e simplória, sem jamais chegar próxima de realizar seu potencial e a resolução da ameaça dos Chronicoms, ainda que interessante, foi um tanto quanto corrida. Mas quer saber? Não me importo nem um pouco como a avaliação acima deixa claro. Os pontos positivos ultrapassaram em muito os negativos e, considerando que este é um episódio de encerramento de série, não apenas de temporada, o que automaticamente o torna bem mais complexo do que o usual, não podia me furtar de laureá-lo com a nota máxima.

Sei que, de certa forma, comecei pelo final, então deixe-me pegar uma máquina do tempo e voltar para o começo.

O episódio não perde um segundo de tempo para colocar o plano de Fitz em funcionamento, plano esse que exige um caminhão de texto expositivo que, porém, com a direção de Kevin Tanchareon, foi brilhantemente costurado na ação, sem em momento algum tornar-se enfadonho ou didático. E a solução não só veio a galope, como também fez conexão com toda a trama de  Vingadores: Ultimato, considerando que o uso de tecnologia de encolhimento e viagem pelo Reino Quântico é a chave para tudo. Já há muito tempo deixei de ligar para conexões com o Universo Cinematográfico Marvel, mas a ideia de estabelecer essa ponte foi boa e combina com a estrutura que marcou a derradeira temporada de Agents of S.H.I.E.L.D., ou seja, a homenagem. Se os agentes voltaram para a linha temporal original em que o UCM se passa ou para a linha temporal já em tese bipartida a partir da 5ª temporada, não sei responder e não me importo. O que interessa mesmo é que essa conexão conversa bem com as demais feitas ao longo da série e também nesta última temporada, com menções ao soro do supersoldado, Caveira Vermelha e assim por diante.

Além disso, o roteiro de Jed Whedon é inteligente ao reverter para o final da temporada anterior, transformando a 7ª em uma enorme e muito gratificante sidequest, lembrando um pouco o que De Volta para o Futuro II é para o original. O retorno de Piper, Flint – e, mais lá para a frente, de Davis na versão LMD – foi um toque inteligente também para amplificar as amarras com os eventos do ano passado, especialmente considerando que eles não são esquecidos ao final, como costuma acontecer com os coadjuvantes de luxo da série.

Muito do poder do episódio, porém, repousa mesmo na reunião de Jemma com Fitz. O fato de ela estar sem memória ajuda a atrasar esse grande evento praticamente até o último segundo da ação, mas esse artifício torna tudo mais saboroso ainda e com o pagamento de dividendos generosos de fazer ciscos caírem nos olhos de leitores desavisados com a revelação surpresa – que só surpreenderia mesmo quem não estivesse prestando atenção – da existência de Alya (Harlow Happy Hexum em seu primeiro papel), a filha do casal, escondida no módulo que Fitz usa para entrar no Reino Quântico e que permanece protegido por Piper e Flint.

Sob diversos aspectos, What We’re Fighting For é quase que um episódio-temporada, já que ele em grande parte supre e preenche todo o lapso temporal entre o final da temporada anterior e o encerramento da série. Esse é outro fator que o torna especial, ainda que, claro, ele só realmente seja perfeitamente compreensível (uso o “perfeitamente” com licença poética, pois eu mesmo não sei se o compreendi perfeitamente) com o acompanhamento da temporada que transforma Yo-Yo em uma velocista e não mais um ioiô inumano, Coulson em um LMD/Chronicom e May em uma empata, e isso sem esquecer da introdução de Kora, meia-irmã de Daisy, e do sequestro de Daniel Sousa de seu tempo.

Percebe-se o carinho dos showrunners com seus personagens a cada minuto que passa e talvez seja por isso que o final alongado como “terapia de grupo” funcione tão maravilhosamente bem. Cada personagem tem seu encaixe perfeito e lógico considerando tudo o que aconteceu com eles ao longo dos anos. Temos Coulson, talvez o personagem que mais passou por transformações desde que foi morto por Loki em Os Vingadores, em uma jornada solitária de auto-redescoberta com uma versão turbinada de Lola, cortesia de Mack, e cujo voo é uma piscadela à cena icônica correspondente da já longínqua 1ª temporada; temos Mack ainda como diretor da S.H.I.E.L.D. no aeroporta-aviões em construção e de sobretudo de couro preto à la Nick Fury; temos Yo-Yo como uma das melhores agentes de Mack (e ainda claramente junto dele romanticamente) trabalhando em missões variadas com Piper e Davis; temos May, sempre a mentora, e agora com toda a empatia do mundo, transferindo seus valiosos conhecimentos na Academia Coulson(!!!) para futuros agentes; temos Daisy em um merecidíssmo final feliz ao lado de Daniel Sousa e de sua irmã viajando pelo espaço no Z3 como astro-diplomatas e, acima de tudo, temos Fitz-Simmons finalmente reunidos para sempre, aposentados (mas não tanto assim, já que Jemma continua trabalhando secretamente com Daisy) e cuidando de sua filhinha. Ah, e Deke, em outra linha temporal, não só fez um nobre sacrifício por seus avós e amigos, como também tem tudo para tornar-se um grande líder da S.H.I.E.L.D. por lá também (além de astro do rock, lógico!). Se eu tivesse que parar e imaginar encerramentos dignos para cada um desses personagens, acho que não conseguiria jamais chegar perto da óbvia simplicidade que Jed Whedon fez aqui.

E eu acabei de perceber que meu sorriso não acabou quando os créditos rolaram. Ele continuou em seu devido lugar enquanto escrevia a presente crítica e isso por duas razões: porque eu sei que os sete anos acompanhando essa série valeram cada minuto e que vocês, meus caros leitores, mesmo que porventura tenham reticências com o final como eu tive, também estão com o exato mesmo sorriso em seus rostos, quiçá até mesmo uma lágrima furtiva já de saudades por essa pequena joia que a pedra bruta que era Agents of S.H.I.E.L.D. acabou se tornando.

Ps.: A quantidade de spin-offs possíveis que a ABC e/ou Disney+ tem em mãos a partir desses finais múltiplos é enlouquecedora e espero que vejam a luz do dia em futuro próximo, pois seria um crime não aproveitá-los. Eu adoraria um Agents of S.W.O.R.D. com Daisy, Sousa e Kora no espaço (e Jemma ajudando-a da Terra ou como um LMD ou como um holograma), Agents of Mack com o diretor e sua espingarda-machado liderando um grupo de elite composto por Yo-Yo, Piper, LMDavis e possivelmente Flint, Deke Squad em um universo paralelo (e nos anos 80, claro!), com Deke e seu agentes roqueiros botando para quebrar e algo como The Cavalry, em que May e Coulson finalmente ficam juntos semi-aposentados em uma casa pitoresca em um subúrbio americano, mas secretamente investigando casos bizarros muito na linha do antigo e saudoso Casal 20.

Agents of S.H.I.E.L.D. – 7X12 e 7X13: The End Is at Hand / What We’re Fighting For (EUA, 12 de agosto de 2020)
Showrunner: Jed Whedon, Maurissa Tancharoen, Jeffrey Bell
Direção: Chris Cheramie (7X12), Kevin Tancharoen (7X13)
Roteiro: Jeffrey Bell (7X12), Jed Whedon (7X13)
Elenco: Clark Gregg, Chloe Bennet, Ming-Na Wen, Iain De Caestecker, Elizabeth Henstridge, Henry Simmons, Natalia Cordova-Buckley, Jeff Ward, Enver Gjokaj, Tobias Jelinek, Thomas E. Sullivan, Dianne Doan, Byron Mann, James Paxton, Coy Stewart, Briana Venskus, Maximilian Osinski, Tamara Taylor, Harlow Happy Hexum
Duração: 43 min. (cada episódio)

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