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Crítica | Ameaça Virtual (2001)

Um jovem idealista e uma corporação sem escrúpulos resultam num suspense eletrizante.

por Leonardo Campos
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Um suspense envolvente, parecido com muita coisa que já tínhamos visto em 2001, na época de seu lançamento: assim é Ameaça Virtual, trama sobre um gênio da informática, perseguido por uma grande corporação depois de aceitar ser colaborador dos projetos desenvolvidos pelo lugar que é o sonho de todo jovem idealista, munido de entusiasmo em uma sociedade que delineia o quão o poder pode ser vigoroso para manutenção do status. Como conhecimento é tudo isso, Milo (Ryan Phillipe) se torna o “garoto dos olhos” do homem que o fascina, Gary Winston (Tim Robbins), uma figura pomposa no ramo em questão, conhecido por propostas ousadas e sacadas econômicas polêmicas, sempre no encalço das autoridades por viver no limiar entre o que é regido pela legislação e aquilo tudo que é um embaraço ético das normas estabelecidas. Versão caricatural de Bill Gates, este oponente inicialmente adjuvante do protagonista surge repentinamente, como uma luz para o rapaz que sonhava em galgar degraus mais altos.

O pacote completo vem com um bom salário, um escritório cheio de aparatos de última geração e chances de ampliar os horizontes pessoais e profissionais, mas, como diz um velho ditado, tudo tem o seu preço. Quando pessoas próximas de Milo começam a morrer misteriosamente, o personagem percebe que a atmosfera opressora do ambiente de trabalho não é só por causa das pressões exercidas pelo chefe, mas por suas empreitadas que envolvem uma rede rizomática onde o herói se bifurca, um corredor estreito deste momento de sua vida, realidade que não permite que confiança seja um privilégio a ser concedido. Paranoia do rapaz ou um jogo imbricado que envolve dinheiro, poder e crime? É o que acompanharemos ao longo dos 108 minutos desta produção dirigida por Peter Howitt e escrito por Howard Franklin.

Nesta jornada cibernética de perseguição e ameaças, o filme coloca o protagonista, um gênio também do campo da química e da eletrônica, a questionar se conseguirá sair vivo de todo o processo em que foi colocado. A sua namorada parece apoia-lo, mas ao passo que a história se desdobra, as desconfianças pululam para todos os lados. O seu amigo Teddy (Yee Jee Tso), amigo de longa data que abandonou para trabalhar com Gary, aparece morto, supostamente assassinado por um bandido do mesmo ramo. Assim, de uma proposta irrecusável para o momento mais tenso de sua existência, Milo é fixado na teia de tensão estabelecida em Ameaça Virtual, um filme que não pode se gabar por ser inovador, mas que não precisa, sendo sincero com sua premissa e dando conta de suas propostas narrativas de entretenimento.

O mote é o desafio da lei antitruste que Gary Winston tenta driblar, impedindo o estabelecimento do livre mercado. Questionado nos tribunais, o sujeito arrogante e aparentemente frágil, quando visto em sua intimidade, precisa dos serviços de Milo, mas não hesita em descarta-lo quando a figura ficcional não for mais importante para a sua jornada. É a hora de substituição, trazendo outro garoto ou garota da informática para novos projetos. Assim, esse monopolizador de mercados temperamental, responsável pelo clima de tensão e desconfiança nos escritórios, exerce o seu poder e manipula o cotidiano do protagonista em prol de suas necessidades, colocando-o numa redoma onde ele sequer sabe se conseguirá escapar.

Ágil, divertido e capaz de gerar reflexões sobre corrupção e compreensão diacrônica da nossa relação com o ciberespaço após a virada do milênio, uma era anterior ao advento e popularização dos smartphones, rede sociais e aplicativos, Ameaça Virtual também é cuidadoso com os seus aspectos estéticos, com sutilezas que podem ser percebidas na sala do chefe, um ambiente todo cheio de blocos, parecido com uma gruta ou fortaleza, numa preocupação do design de produção de Catherine Kardwicke em criar um ambiente que refletisse as necessidades dramáticas e perfis dos personagens que circulam por esta produção de imagens concebidas pela direção de fotografia de John Bailey, também muito eficiente no jogo de gato e rato estabelecido pelos realizadores. Ademais, o filme conta com a composição de Don Davis, pontual para deixar tudo devidamente tenso, em especial, nas cenas de perseguição contra este, salvaguardas as devidas proporções, “homem errado” da contemporaneidade.

Ameaça Virtual (Antitrust – EUA, 2001)
Direção: Peter Howitt
Roteiro: Howard Franklin
Elenco: Ryan Phillippe, Rachael Leigh Cook, Claire Forlani, Tim Robbins, Douglas McFerran, Richard Roundtree, Tygh Runyan
Duração: 108 min

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