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Crítica | American Horror Stories – 2X02: Aura

O pior interfone do mundo.

por Kevin Rick
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  • Há SPOILERS. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

Um casal está se mudando para uma nova residência. Enquanto faz algumas compras para sua casa, Jaslyn (Gabourey Sidibe) se depara com um aparelho de segurança denominado de Aura, que é colocado na porta para filmar quem está à frente da casa, com a filmagem sendo mostrada em tempo real no celular do dono. A mulher tem um grande trauma de infância por conta de uma invasão domiciliar, então decide comprar o aparelho. No entanto, a personagem não sabia de algo: Aura também captura espíritos com negócios inacabados com seus residentes.

Eu gosto de histórias que misturam tecnologia e terror, com a filmografia de David Cronenberg vindo à mente. Nos últimos anos, por conta do nosso contato crescente com a internet, temos vistos exemplares desse tipo de conceito, seja por um aspecto mais formal, como o suspense Buscando…, seja por um lado mais crítico, como Black Mirror (mais sci-fi do que horror, mas vocês pegaram a ideia). Aura está num meio termo, pouco utilizando a questão tecnológica de maneira técnica e formal, e menos ainda olhando-a de maneira analítica, funcionando mais como uma alegoria sobre traumas e vingança do além (típica de obras fantasmagóricas).

O que continua me desconcertando é a total falta de criatividade dessa produção. Chega a ser incrível a pobreza e esterilidade artística de American Horror Stories. Num episódio de 43 minutos, nós temos apenas três tentativas de exercício de gênero do terror: as aparições no celular; as portas batendo; e os fantasmas transmutando na casa. Só isso, de novo e de novo. Não tem um tiquinho de inventividade por parte da direção ou do roteiro para construir momentos minimamente tensos ou atmosféricos no episódio.

A condução da história também é tão tediosa. Não há uma exploração cuidadosa de terror psicológico com Jaslyn (aliás, com péssima atuação de Sidibe, falhando em demonstrar um mínimo de pavor facial), e muito menos profundidade emocional do lado dramático do texto com os traumas da protagonista e seu relacionamento com Bryce (Max Greenfield). A reta final do episódio é mais moralista do que aterrorizante nesse lance de “lei do retorno”, com um desfecho anticlimático, bem apropriado para uma narrativa estagnada.

Eu entendo que o formato antológico acabe trazendo narrativas mais simplistas, personagens não identificáveis e desfechos pouco satisfatórios, mas é surpreendente a limitação das pessoas por trás deste seriado. Não temos uma encenação cuidadosa, não temos uma sequência superficialmente interessante, e não temos um semblante de criatividade para tramas, reviravoltas e temas. É tudo tão vazio, tão miserável em recursos, que é difícil engolir que seja terror para além dos conceitos das histórias.

American Horror Stories – 2X02: Aura | EUA, 29 de julho de 2022
Criação: 
Ryan Murphy, Brad Falchuk
Direção: Max Wrinkler
Roteiro: Crystal Liu
Elenco: Gabourey Sidibe, Max Greenfield, Joel Swetow, Lily Rohren, Vince Yap, Nancy Linehan Charles
Duração: 43 min.

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