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Crítica | American Horror Stories – 2X06 e 07: Facelift e Necro

A morte dos porcos.

por Kevin Rick
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  • Há SPOILERS. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

Tive alguns contratempos semana passada e não consegui achar tempo para perder tempo assistindo American Horror Stories. Mas o alívio foi temporário e acabou saindo pela culatra, uma vez que nesta semana a tortura foi dupla e sucessiva. Bem, vamos às críticas dos episódios Facelift e Necro da segunda temporada!

2X06
Facelift

No sexto episódio desta segunda temporada, acompanhamos Virginia Mellon (Judith Light), uma mulher que tem medo de envelhecer e que está constantemente preocupada com sua aparência. Um dia, a personagem acaba topando com uma antiga colega de quarto da faculdade, Cassie (Cornelia Guest), que parece significativamente mais jovem que Virginia. A mulher compartilha seu segredo com a protagonista, encaminhando-a para a Dra. Enid Perle (Rebecca Dayan), uma cirurgiã plástica misteriosa que promete rejuvenescer Virginia.

A premissa da história é extremamente parecida com A Morte lhe Cai Bem, onde uma mulher de meia-idade, rica e vaidosa se depara com uma velha amiga que a leva diretamente para um procedimento… digamos… estranho. Infelizmente, o episódio não tem o humor do filme de Robert Zemeckis, com um ato final mal contextualizado e sem sentido enveredando a narrativa para algo próximo de O Jogo Mais Perigoso, de Richard Connell, que serve de inspiração para muitas obras que retratam grupos elitistas caçando seres-humanos.

Facelift é um dos poucos episódios de AHStories que não considero nojento, mas ainda assim é um dos piores contos do seriado, em grande parte por um único motivo: é um episódio chato demais. É difícil lembrar alguma história tão parada, tão monótona quanto esta aqui, com quarenta minutos de basicamente nada. Não temos drama, não temos terror, não temos suspense. Tudo aqui podia ser resumido em três minutos: uma mulher não gosta de sua aparência; vai numa cirurgiã; faz o procedimento; e no final vira uma porquinha humana para ser caçada.

O restante da duração do episódio é uma repetição da velha historinha crítica a pessoas obsessivas com aparência, mas sem nenhuma camada, sem nenhuma nuance, sem nenhuma discussão inteligente. É tudo óbvio pelo óbvio, jogando na cara do espectador “olha aqui, ela é vaidosa e vai se ferrar por conta disso”. E, claro, a direção novamente não consegue criar qualquer tipo de tensão, com os “melhores” momentos sendo a pequena cena que a personagem escuta vozes e o momento final que ela foge pela floresta que dura algo em torno de três minutos… Zero, ZERO imaginação para entregar para o espectador qualquer cena audiovisual minimamente interessante.

Facelift tem um roteiro juvenil, é tematicamente pobre e criticamente burro, contém uma direção amadora e uma narrativa chatíssima, e, se não fosse o bastante, um final totalmente bizarro. A filha decide se juntar ao culto que matou a mãe, simplesmente porque sim. Não tem construção dramática ou indícios daquilo, e a cena final acaba passando um significado de que a beleza é o que mais importa mesmo. É bem possível que esse Manny Coto seja o pior roteirista que já tive contato.

2X07
Necro

Necro se concentra em Sam (Madison Iseman), uma agente funerária que tem uma estranha relação de obsessão e atração com a morte e com cadáveres, preferindo passar seus dias arrumando gente morta para funerais do que ter uma vida “certinha” com seu marido. Lentamente, descobrimos que a estranha característica da protagonista vem de um trauma infantil. Enquanto descobrimos mais sobre o passado da personagem, outra figura que é atraída pela morte surge na vida de Sam, revirando sua vida e sua cabeça.

Confesso que tive sentimentos mistos no início de Necro. Primeiramente, eu gosto da atuação de Iseman, sem dúvidas uma das melhores atrizes que já passaram pela série, tendo facilidade para demonstrar emoções e dor. Em segundo lugar, Necro é um episódio meio sinistro, com uma direção que evidencia bastante essa estranha atração da protagonista, carregando uma atmosfera mórbida e fúnebre em muitas encenações e contatos de Sam com cadáveres. Existe até uma cena completamente medonha e perturbadora de um bebê se amamentando de sua mãe morta, fazendo com que Necro seja um dos poucos contos do seriado com intenção de ser uma história de horror.

Não me entendam mal, tudo ainda é muito limitado. O estudo sobre trauma é mais melodramático do que profundo; as explicações e o desenvolvimento do porquê os personagens são atraídos pela morte são um tanto superficiais e bobas, e, diria, até desnecessários; e a história carece de algum impulso narrativo para além da premissa de “personagens que gostam de gente morta”, falhando em se enquadrar no estilo de lendas urbanas da antologia. Mas, ainda assim, existe alguma ideia de horror aqui, algumas escolhas de linguagem que demonstram que não vimos algo totalmente amador.

E, então, veio o sexo. Não entendo a fixação que essa franquia tem com sexo e a maneira ridícula que o aborda, algo que vemos aqui em duas cenas (Sam praticando necrofilia; e a cena final com os personagens principais transando enquanto morrem). É possível fazer o argumento de que as duas sequências se enquadram na bizarrice geral da história e na mente perturbada da protagonista, mas não concordo, porque tanto a direção quanto o desfecho narrativo tentam romantizar esses momentos, como se fosse algo “bonito”, como se a patologia deles fosse uma escolha sexual, algo que aconteceu de forma similar com a romantização de sadismo nos primeiros episódios da série. É muito mal gosto para mim, sem falar que temos mais um final sem sentido e bobo.

American Horror Stories – 2X06 e 07: Facelift e Necro | EUA, 01 de setembro de 2022
Criação: 
Ryan Murphy, Brad Falchuk
Direção: Marcus Stokes (Facelift); Logan Kibens (Necro)
Roteiro: Manny Coto (Facelift); Crystal Liu (Necro)
Elenco: Judith Light, Rebecca Dayan, Britt Lower (Facelift); Madison Iseman, Cameron Cowperthaite, Spencer Neville (Necro)
Duração: ambos de aprox. 40 min.

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