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Crítica | American Horror Story – 10X09: Blue Moon

Indo a fundo nas conspirações.

por Iann Jeliel
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  • Contém SPOILERS! Acompanhe aqui as críticas dos demais episódios de Double Feature, e aqui, todo nosso material sobre American Horror Story.

Depois de Blue Moon fica claro que Death Valley é muito mais um exercício recreativo de conspirações populares relacionado a alienígenas do que uma história dimensionada por atmosfera, desenvolvimento de personagens e afins. Já havia cantado a pedra de Marilyn Monroe (Alisha Soper) no episódio passado, com a conexão entre seu assassinato e o romance com o presidente Kennedy (Mike Vogel) que lhe contou sobre a existência do acordo entre americanos e extraterrestres. No entanto, essa nem de longe é a única conspiração consolidada aqui. A principal, que dimensiona todo o intuito da narrativa, creio que seja a criação da Área 51. Segue o estabelecimento de um conceito original sobrepondo o que é popularmente conhecido.

Assim como os aliens possuem um design remetente a uma figuração mais clássica e, ao mesmo tempo possuem poderes telepáticos e tentáculos na anatomia, a Área 51 desta segunda narrativa de Double Feature é, na verdade, um local onde o governo e alienígenas secretamente fazem experimentos científicos de hibridismo com os  humanos abduzidos. Isso é uma mudança de valores bem legal. Justifica o por que, na introdução, não houve exploração de qualquer elemento de americanos fazendo experimentos nos alienígenas, porque a proposta é justamente a inversa; ou quase isso. Dentro de uma construção narrativa respaldada por revelações, a virada conceitual traz impacto muito por anteriormente ter sido relacionada a falsas impressões da inserção de conceitos populares ou mesmo originais que a série parecia colocar.

Por isso a cena de Dwight (Neal McDonough) descobrindo que os experimentos do acordo no subterrâneo da Casa Branca são tão bons no suspense. O presidente nos representa como público, pensando que estamos descobrindo um “novo mundo” ali debaixo, associando diretamente que deve ser esse o local que já vimos no núcleo futuro, no caso, aquele cenário onde se realiza os experimentos nos grávidos, local chamativo pelo fundo branco. Quando descobrimos que aquilo se trata somente de uma inspiração para a criação Área 51, nos surpreendemos. Pois, aquele “novo mundo” mostrado no futuro, era um “mundo conhecido”, apresentado como novo, e agora ressignificado do seu renome popular.

Só por ser a Área 51, todo o funcionamento descrito anteriormente pela personagem Calico (Leslie Grossman), por exemplo, sobre o não envelhecimento dela, naquele local, e outras descritas agora como a barriga de aluguel escrava para sempre, torna o núcleo do futuro mais interessante do que era. Principalmente porque a subversão vem também com uma mudança de tratamento para algo mais cômico. Já havia um “fator comédia” involuntária, daquela de rir de nervoso, pela curiosidade de ver um homem grávido dando à luz a um bebê alien, mas esse humor parece mais assumido por Blue Moon. Tanto a cena de parto de Troy (Isaac Powell), quanto a final, com parto de Cal (Nico Greetham), são bem engraçadas. Tem a tensão pela curiosidade anatômica ser devidamente correspondida pelo caráter explícito da condução, mas essencialmente as circunstâncias toscas e exageradas as tornam risíveis – bem vibes “filme b”.

Mesmo que exista o melodrama em cima do casal gay quererem ter um filho para chamar de seu, vindo de dentro deles – como qualquer casal hétero padrão prefere gerar sua próxima geração por ligação sanguínea em vez de adoção –, acaba sendo outro contexto bizarro acrescentado a tornar a cena com maior impacto cômico, e por que não, com seu valor dramático por de trás. Há fundamento nisso se pensarmos nas outras conexões de teorias conspiratórias populares inseridas secundariamente de maneira engraçada, visando oferecer mais justificativas sobre o cenário e tornando-o, fundamentalmente, assustador de se imaginar, caso fosse real.

Nesse sentido, os roteiristas vão bem longe na brincadeira: conectam o cameo de Steve Jobs (Len Cordova) feito no episódio anterior com apresentação de Valiant Thor (Cody Fern) a primeira tecnologia prometida aos americanos, que remete a smartphones como o Iphone, deixando subentendido que Jobs utilizou ou se baseou nela para a sua criação revolucionária; trazem a polêmica teoria de que Neil Armstrong (Bryce Johnson) não foi à Lua, dizendo que foi tudo encenado na Área 51, com direito as filmagens terem sido dirigidas pelo Stanley Kubrick (Jeff Heapy) – piada excelente com o fato de 2001: Uma Odisseia no Espaço ter sido tão real à época na construção de efeitos práticos que realmente parece ter sido filmado no espaço; dentre outras.

De problemas, Blue Moon apresenta os mesmos que cansamos destacar em American Horror Story. A subtrama de Mamie (Sarah Paulson) traindo o marido com o alienígena é basicamente para que possa ter uma cena de sexo gratuita (não a única no episódio) entre as duas espécies. O drama da relação nunca foi explorado pelos dois capítulos anteriores, sendo pautado apenas no fato da esposa ter sido “possuída”, e seu corpo utilizado como massa de manobra dos aliens a forçar Dwight a assinar os termos da união e experimentos. Soa conivente, sem ser natural, surgir depois dessa cena de sexo, toda um discursão entre o casal que revela um histórico de traições. Duvido que seja algo levado adiante,  no episódio de conclusão dessa história. Ademais, tecnicamente, é o melhor e mais divertido episódio dessa história, que surpreendente vem melhorando, ao contrário da anterior Red Tide – apesar de preferi-la. Espero que essa melhoria valha para o último capítulo.

American Horror Story (Double Feature) – 10X09: Blue Moon | EUA, 13 de Outubro de 2021
Criação: Ryan Murphy, Brad Falchuk
Direção: Laura Belsey, John J. Gray
Roteiro: Brad Falchuk, Manny Coto, Kristen Reidel
Elenco: Sarah Paulson, Leslie Grossman, Angelica Ross, Neal McDonough, Kaia Gerber, Nico Greetham, Isaac Powell, Rachel Hilson, Cody Fern, Alisha Soper, Craig Sheffer, Christopher Stanley, Mike Vogel, John Sanders, Bryce Johnson, Karl Makinen, Briana Lane, Jim Garrity, Jeff Heapy, Shane Carpenter, Mark Mullaney Jr., Anthony Coons, Paul David Story, Elaine Rivkin, Andrew Tippie , Jill Maglione
Duração: 42 minutos

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