Home TVEpisódio Crítica | American Horror Story – 2X08 e 2X09: Unholy Night / The Coat Hanger

Crítica | American Horror Story – 2X08 e 2X09: Unholy Night / The Coat Hanger

por Iann Jeliel
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Nota para ambos os episódios:

  • Confira aqui, as críticas dos demais episódios de Asylum. E aqui, as críticas de toda a série. 

No início de Unholy Night já fiquei brevemente desesperançoso. Passando da metade da temporada e Asylum ainda persistia em investir tempo com subtramas de secundários descartáveis – ou de projeção próxima a isso –, em flashbacks preguiçosos e desinteressantes, esvaindo o potencial da história em recorte antológico, uma vez que a fragmentava a narrativa de maneira ainda mais episódica do que já é. Por sorte, a trama do Papai Noel psicopata, vulgo Santa Claus (Ian MacShane), não foi o caso e surpreendente trouxe o melhor episódio da temporada, quiça da série até o momento – que a meu ver, tem poucos para chamar de bons.

Primeiro porque o background de sua história é interessante, um dos poucos elementos genuinamente assustadores da trama por não precisar buscar apelos fora do que sua imagética caracterização já difere, o intérprete ainda ajuda a dar um aval verdadeiramente carismático a ele, diferente de praticamente todos os outros personagens desta série. Segundo a sua utilização como massa de manobra para a tramoia da irmã Mary (Lily Rabe) possuída em parceria com o Dr. Arden (James Cromwell), para matar irmã Jude (Jessica Lange), agora ciente do paradeiro demoníaco da sua ex-companheira, buscando vingança a sua expulsão do asilo. Foi uma das viradas mais inteligentes do roteiro até o momento, trabalhada por algum milagre na direção de Michael Lehmann, dentro de uma montagem competente, ainda presa nos maneirismos irritantes de planos holandeses, distorção de cortes ou filtros diferentes por outras temporalidades, mas ciente do sequenciamento ideal e lógico dos eventos culminando na aparente execução do que descobrimos no episódio seguinte, ser incriminador a Jude, a levando se tornar uma paciente de Briarcliff.

Diferente de outros capítulos, não há elipses deixadas no vácuo em Unholy Night para que a virada ocorra através de uma junção de suposições, mas sim, pistas deixadas em dueto motivacional, ambos credibilizados pelo próprio episódio, sendo um de maneira falsa e o outro de maneira verdadeira, com uma condução, obvio, que tenta manipular sobre qual é qual para o telespectador. Funciona muito bem, gerando uma climática atmosférica que realmente põem seus peões em risco e traz consequências e avanços significativos a trama, ainda que o grosso das motivações do demônio não seja clara, funciona enquanto exercício de gênero, na construção do embate entre Mary e Jude, que tanto foi aguardado pela temporada. O episódio, também fornece destinos interessantes a Kit (Evan Peters), Lana (Sarah Paulson) e Oliver (Zachary Quinto), agora que todo mundo sabe que o psicólogo é o Blood Face. A dupla inicialmente o captura com o intuito de levá-lo a justiça, mas que fica insustentável quando descobrimos em sequência que Lana estaria gravida dele.

A primeira cena de The Coat Hanger, o nono episódio, que também está entre os mais interessantes da temporada, parecia ser parte de Murder House, quando nos deparamos com Johnny Morgan (Dylan McDermott), personagem novo interpretado pelo mesmo ator do psiquiatra Ben Harmor, agora sendo atendido por um psiquiatra, nos revelando ser filho do Blood Face original. Desse modo, finalmente temos as respostas de todo aquele flashfowerd dos assassinatos em Briarcliff abandonada, pois não se trata de um fantasma, mas do filho dele vivo em busca de seguir o legado do pai, além de constatações do que acontecerá no núcleo presente, como por exemplo, a tentativa de abordo de Lana não irá dar em nada, mas a investida dela para cima de Oliver pode não o matar, porque o legado tem de ser passado de algum modo – a não ser que seja por aquela gravação, e isso seria bem tosco. O que eu não entendo é porque ela não se livrou logo do problema naquele momento, não faltava objetos pontiagudos para finalizá-lo logo ali. Kit que não queria isso, não estava por perto e na real ele nem se mostrou interessado nisso.

Tanto que seu núcleo se transferiu para uma parceria com o Dr. Arthur, que no episódio anterior se deparou com o sumiço de corpo de Grace (Lizzie Brocheré) para os aliens e queria simular neste, a mesma situação, “matando” Kit temporariamente para ver o que acontecia. De certo modo deu certo, mas não como ninguém imaginava. Inexplicavelmente Grace volta viva e ainda gravida. Aliás, não sei dizer se viva ainda, mas gravida certeza. Kit vai ter um filho alienígena? Melhor, Grace é agora uma alienígena? Difícil dizer. Assim como não dá para saber se Lana e Jude viraram amiguinhas agora, para tentar bolar um plano revanche contra Mary e ambas tentarem escapar dali. Assim como não dá para dizer o destino do Monsenhor Timothy (Joseph Fiennes) que quis perdoar o Santa Claus na inocência e acabou afogado e crucificado, a beira da morte (Frances Conroy), que já lhe chama.

Nucleos, para variar, completamente colocados a parte pelo episódio, mas ao menos são movimentos de trama menos aleatórios e mais estimulantes de se acompanhar para os próximos episódios. O dueto da vez, Unholy Night e The Coat Hanger, no geral, não compensa uma temporada que mais roda em círculos do que instiga, mas ao menos abre um bom caminho para a sua metade final ser minimamente compensadora.

American Horror Story (Asylum) – 2X08 e 2X09: Unholy Night / The Coat Hanger |  EUA, 5 de Dezembro de 2012 / 12 de Dezembro de 2012
Criação: Ryan Murphy, Brad Falchuk
Diretores: Michael Lehmann (2X08), Jeremy Podeswa (2X09)
Roteiristas: James Wong (2X08), Jennifer Salt (2X09)
Elenco: Zachary Quinto, Joseph Fiennes, Sarah Paulson, Evan Peters, Lily Rabe, Lizzie Brocheré, James Cromwell, Jessica Lange, Ian McShane, Dylan McDermott, Fredric Lehne, Britne Oldford, Barbara Tarbuck, Chris McGarry, Lara Harris, Jennifer Holland, Tehya Scarth, Jen Drohan, Cole Sand, Al Pugliese, Frances Conroy, Brooke Smith, Mary-Pat Green, Cyd Strittmatter, Rebecca Metz, John Pleshette, Mark Engelhardt, Naomi Grossman, Jim Hoffmaster
Duração: 41 minutos em média cada episódio.

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