Home TVEpisódio Crítica | American Horror Story – 7X10: Charles (Manson) in Charge

Crítica | American Horror Story – 7X10: Charles (Manson) in Charge

por Guilherme Coral
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– Contém spoilers do episódio. Leiam, aqui, as nossas outras críticas da série.

Com apenas mais um episódio dessa sétima temporada de American Horror Story à frente, já é seguro dizer que o maior mistério de Cult é o porquê dos showrunners, Ryan Murphy e Brad Falchuk, insistirem em alterar a personalidade de seus personagens a cada episódio. Desde os primeiros capítulos, Kai demonstrou ser um personagem capaz de nos entregar um ótimo desenvolvimento, mas, a cada semana, seu jeito foi sendo alterado completamente, da água para o vinho, sem qualquer gradação – problema que atinge, também, outros indivíduos no seriado. Já próximos do finale, portanto, somos deixados com poucas esperanças em relação a esse sétimo ano.

Charles (Manson) in Charge inicia com mais um flashback (dos inúmeros desnecessários que tivemos ao longo dessa temporada). Dessa vez vemos Kai, já com o cabelo azul, junto de sua irmã e amigas, o que leva a uma discussão fervorosa, agressão e Kai sendo forçado a participar de terapia para controle da raiva. Na sessão com a psiquiatra, aparentemente a primeira, descobrimos que Bebe foi quem colocou as ideias na cabeça de Anderson, o estimulando a gerar fúria nas mulheres, incitando uma possível revolução. Enquanto isso, no presente, seus planos para se tornar senador continuam.

O grande problema desse flashback inicial é que ele vai de encontro com informações previamente exibidas. O Kai que vemos dialogando pela primeira vez com Bebe não é o mesmo que resgata as vítimas do estranho assassino que colocava as pessoas em algo similar a Jogos Mortais. De repente, ele é assolado por uma passividade, que já não demonstrava em memórias anteriores a essa (a cronologia pode ser mais ou menos definida pela cor de seu cabelo). A impressão deixada pelo roteiro de Murphy e Falchuk, portanto, é a de que eles foram pensando no desenvolvimento da história enquanto a série foi sendo exibida, como se nada fosse, efetivamente, planejado.

Essa inconsistência inicial já nos deixa com a sobrancelha levantada e continuamos assim com a morte prematura de Bebe, que basicamente a tornou uma personagem completamente dispensável – a motivação de Kai poderia facilmente ter vindo de outro ponto, deixando de lado todo o capítulo de Valerie Solanas para lá, subtrama que não afetou o desenvolvimento da série em praticamente nada. Se a personagem de Frances Conroy, ao menos, tivesse aparecido mais regularmente desde então, ela poderia ter gerado um impacto maior, mas não foi esse o caso – mais uma demonstração da falta de planejamento dos showrunners.

Ganhamos, então, mais uma história de Kai, dessa vez focada no grupo de Charles Manson, o que passa a ideia de que os personagens de tais histórias recebem mais atenção que os próprios centrais da temporada. Anderson, por exemplo, não vem sendo nem levemente construído há algumas semanas. O que vemos são profundas alterações de sua personalidade a cada capítulo, como se fossem indivíduos completamente distintos. Há uma clara falta de foco narrativo, que assola essa temporada e podemos enxergar isso, também, quando se trata de Ally, praticamente deixada de lado nesse décimo episódio.

Charles (Manson) in Charge, portanto, demonstra o quanto essa sétima temporada de American Horror Story desandou, distanciando-se da construção de personagens e focando, indevidamente, em histórias paralelas, que, no fim, não influenciam em absolutamente nada. Uma pena, pois a premissa estabelecida em Cult contava com bastante potencial, especialmente quando se trata de Kai Anderson, que poderia ter se tornado um antagonista memorável, mas, ao invés disso, permanece como um indivíduo que ganha nova personalidade a cada semana que se passa.

American Horror Story – 7X10: Charles (Manson) in Charge — EUA, 7 de novembro de 2017
Showrunner: Ryan Murphy, Brad Falchuk
Direção: Bradley Buecker
Roteiro: Ryan Murphy, Brad Falchuk
Elenco: Sarah Paulson, Evan Peters, Cheyenne Jackson, Billie Lourd,  Alison Pill,  John Carroll Lynch, Billy Eichner, Leslie Grossman, Cooper Dodson, Jorge-Luis Pallo, Zack Ward,  Adina Porter,  Frances Conroy
Duração: 51 min.

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