Home TVEpisódio Crítica | American Horror Story – 7X11: Great Again

Crítica | American Horror Story – 7X11: Great Again

por Guilherme Coral
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Episódio:

Temporada:

– Contém spoilers do episódio. Leiam, aqui, as nossas outras críticas da série.

Os temores iniciais em relação à temática dessa sétima temporada de American Horror Story deram espaço para um olhar mais esperançoso sobre Cult, que, ao invés de entregar um gigantesco “mimimi” sobre a vitória de Trump, fez parecer que entregaria críticas à dicotomia que tomou conta não só dos EUA, mas do mundo quando se trata de política. Infelizmente, conforme o ano progrediu, inúmeras inconsistências começaram a aparecer nessa temporada, com direito a personagens mudando de personalidade repentinamente e flashbacks que, de fato, não acrescentam em absolutamente nada. Agora, no season finaleGreat Again, podemos dizer com segurança: Cult é uma verdadeira bagunça.

Tal sentimento logo toma conta de nós quando, nos minutos iniciais, vemos Kai Anderson preso, em um daqueles momentos que temos dúvidas se acabamos pulando um capítulo da série sem querer. Esse questionamento, todavia, desaparece quando, pouco depois, voltamos um pouco no tempo e vemos Ally traindo Kai, que é preso pelo FBI após todos os seus seguidores serem mortos. A revelação de que a personagem de Sarah Paulson estivera trabalhando junto do FBI é mais um dos muitos plot-twists que pedem demais de nossa suspensão de descrença, não tendo sido minimamente construído ao longo desses onze episódios – é o abandono do desenvolvimento orgânico a favor da surpresa, tornando tudo nitidamente artificial.

E por falar de artificialidade, o roteiro de Tim Minear, não contente com essa reviravolta, ainda insere outra próximo do fim do capítulo, com Anderson sendo traído mais uma vez. Claro que a mensagem que o texto buscou passar foi a de empoderamento feminino, mas tudo poderia ser feito seguindo uma lógica mais fluida e crível, não pautado somente nos plot-twists que enfraquecem a narrativa como um todo. Ao menos, a queda de Kai foi bem representada, com sua morte sendo fruto de suas próprias ações em relação à Beverly Hope, personagem que efetivamente foi destruída pelo líder do culto ao longo da temporada.

Muito, porém, é desperdiçado nessa trajetória, inclusive o culto em si, que não chega a causar todo o impacto almejado. Sendo uma série de terror, teria sido mais interessante ver algo mais ousado dos showrunners nesse sentido, por mais que o autoritarismo de Anderson já seja mais que necessário para gerar desconforto. Perdeu-se muito tempo com flashbacks e subtramas inúteis, que poderiam facilmente dar espaço para maior construção de personagens, o que nos distanciaria desse anticlimático desfecho, por mais esperado que ele fosse – afinal, a temporada já vem errando há algumas semanas, imaginar que ela retornaria ao seu auge seria, no mínimo, ingenuidade de nossa parte.

Mesmo Sarah Paulson e Evan Peters fazem parecer como se trabalhassem no piloto automático nesse finale, evidenciando um possível cansaço em relação a esse sétimo ano. A única que verdadeiramente não desaponta nesse cenário é Adina Porter, sempre expressiva, tanto pelo olhar, quanto pela linguagem corporal. Ela nos trouxe o verdadeiro retrato de uma mulher derrotada, humilhada, que conseguiu se reerguer, vencendo as loucuras daquele que tanto mal fez à ela.

Dito isso, Great Again resume muito bem o que foi essa sétima temporada de American Horror Story: uma jornada com mais baixos do que altos, que preferiu construir sua narrativa através de plot-twists ao invés de desenvolvimento de personagens. Dessa forma, muito de seu potencial foi jogado no lixo, com o resultado final sendo um fraquíssimo ano, muito longe do melhor que o seriado de Ryan Murphy e Brad Falchuk pode nos entregar.

American Horror Story – 7X11: Great Again — EUA, 14 de novembro de 2017
Showrunner: Ryan Murphy, Brad Falchuk
Direção: Jennifer Lynch
Roteiro: Tim Minear
Elenco: Sarah Paulson, Evan Peters, John Carroll Lynch, Billy Eichner, Leslie Grossman, Cooper Dodson, Jorge-Luis Pallo, Zack Ward,  Adina Porter
Duração: 51 min.

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