Os animais assassinos sempre ocupam um espaço de destaque no cinema, cativando e aterrorizando o público com suas histórias que, muitas vezes, misturam elementos de aventura e horror. Entre as diversas produções que exploram essa temática, destaca-se a versão mais recente do icônico filme Anaconda, que traz uma nova abordagem sobre o ataque de uma serpente gigantesca a um grupo de pesquisadores incautos. Dirigido por Hesheng Xiang e Qiuliang Xiang, o longa-metragem apresenta uma narrativa que, embora tenha o potencial de gerar tensão e adrenalina, acaba por resultar em uma experiência mais tediosa do que empolgante. Com um roteiro elaborado por Foxfoxbee, a versão chinesa de Anaconda possui duração de 87 minutos, tempo que poderia ser melhor aproveitado se a trama oferecesse mais inovação e desenvolvimento nos personagens. Enquanto alguns filmes de animais assassinos conseguem equilibrar momentos de suspense com um toque de humor e personagens carismáticos, esta versão se perde em clichês e situações previsíveis, fazendo com que o espectador se sinta entediado ao longo da projeção.
Embora a ideia de uma serpente colossal atacando um grupo vulnerável ainda seja intrigante, a execução deste conceito não atinge as expectativas criadas por suas predecessoras. Assim, Anaconda perde a oportunidade de revitalizar um gênero que, quando bem explorado, pode proporcionar uma experiência cinematográfica emocionante. Em vez disso, a trama acaba por se tornar apenas mais um título no vasto catálogo de filmes que tentam, mas não conseguem, capturar a essência do terror e da adrenalina que caracterizam os clássicos de animais assassinos. Na trama, em meio à densa floresta asiática, onde as águas escuras do Mekong serpenteiam com mistérios ocultos, um circo itinerante navega ansiosamente rumo à Tailândia, acreditando que apresentações brilhantes os aguardam após uma jornada de pouco mais de três dias. No entanto, logo no início da viagem, o capitão do barco, com um aviso enigmático, deixa claro que as coisas ali tem tudo para errado. É uma previsão óbvia que se concretiza.
Após dias de calmaria, surgem os primeiros contratempos: uma vasta quantidade de madeira bloqueia o curso do rio, atrasando a travessia. Durante a tentativa de desobstruir o caminho, o grupo resgata um enigmático caçador de serpentes, cujas intenções permanecem nebulosas. Determinados a prosseguir, eles decidem explodir a madeira acumulada, mas não imaginam que esta ação desencadeará um turbilhão inesperado. Com a explosão, milhares de serpentes, de tamanhos e espécies variados, são libertadas do seu abrigo temporário, criando um cenário de caos e perplexidade. Esses desafios iniciais, no entanto, são apenas o prelúdio de uma trama muito mais aterradora que se desenrolará nas profundezas da floresta. À medida que a viagem avança, os membros do circo se deparam com o verdadeiro terror: uma descomunal Anaconda, cujas dimensões não são sequer superadas pela ferocidade da equipe de caçadores e corajosos pesquisadores à bordo da experiência que mudará as suas vidas.
Motivado pela promessa de riqueza e glória, esse caçador não hesitará em arriscar vidas para abater a criatura, desencadeando uma luta desesperada pela sobrevivência entre o grupo e forças que parecem querer evitar que cheguem a seu destino. Assim, a travessia pelo Mekong se transforma em um verdadeiro teste de coragem e astúcia, onde cada membro do circo deve confrontar não apenas os perigos da selva, mas também as trevas que habitam o coração humano. A direção de fotografia traz alguns enquadramentos interessantes, a música entrega o basilar, mas falta dignidade dramática ao filme. Uma oportunidade do cinema oriental em avançar nas demandas de entretenimento muito comuns no âmbito hollywoodiano, por aqui, desperdiçada. Ademais, propaganda das mais enganosas, pois a serpente antagonista pode ser tudo, menos um animal da espécie mencionada. Parece mais um dragão bizarro, apesar dos efeitos razoáveis em sua concepção. Não fosse o desenvolvimento tedioso, sequer nos importaríamos com os efeitos medianos e atuações irregulares. O grande problema é que não funciona nem como diversão ligeira, diletantismo tosco que às vezes nos permitimos.
Anaconda (idem) — China/Estados Unidos, 2024
Direção: Hesheng Xiang, Qiuliang Xiang
Roteiro: Foxfoxbee
Elenco: Nita Lei, Ziqi Wang, Terence Yin, Xingchen Wang, Paul Che, Hao Wu
Duração: 87 min.