Home FilmesCríticasCatálogosCrítica | Aniversário Sangrento (1981)

Crítica | Aniversário Sangrento (1981)

Slasher polêmico e peculiar.

por Leonardo Campos
15 views

Lançado em 1980, Aniversário Sangrento é um filme curioso e peculiar, proibido para os códigos sociais do contemporâneo: crianças na posição de criminosas, portando armas de fogo e brancas para aniquilar as pessoas que atravessam os seus caminhos. Hoje, seria impensável produzir uma narrativa do tipo, mas houve uma época que isso era polêmico, mas acontecia largamente. Aqui, diferentemente de muitos slashers letárgicos e fracos, a ação não chega a ser vertiginosa, mas há, ao menos, uma dinâmica mais intensa, além dos absurdos envolvendo as habituais cenas de sexo e morte, comuns ao subgênero. Dirigido por Ed Hunt, que também colaborou com o roteiro, juntamente com Barry Pearson, contemplamos, ao longo de breves 89 minutos, a história de três bebês que nascem no mesmo dia e hora, numa cidade na região sul da Califórnia, no interior dos Estados Unidos. A chegada dos anjinhos é marcada por um eclipse solar, numa proposta astrológica superficialmente estabelecida para explicar o começo de suas carreiras psicóticas quando o trio completa 10 anos de idade.

O nascimento ocorre em junho de 1970. O médico mais renomado da cidade consegue a proeza de realizar os três partos de uma só vez. Nesse cenário, nascem Curtis Taylor (Billy Jane), Steven Seton (Andy Freeman) e Debbie Brody (Elizabeth Hoy). Corta para o primeiro dia de junho de 1980. Um casal, ao se entregar para os momentos de intimidade em um cemitério, é brutalmente assassinado. O xerife da cidade começa a realizar investigações, para tentar compreender e encontrar quem está por detrás dos crimes. Pai de Debbie, nem a figura de ordem social, que também é representação da paternidade, é poupada pela filha que, com um taco de beisebol, aniquila o pai com os dois amiguinhos e faz a cena parecer um acidente. Depois desse crime, outras mortes são estabelecidas, como a da professora da escola. Quem vai ficar no encalço do trio é o Timmy (KC Martel) e sua irmã Joyce (Lori Lethin), dupla que descobrirá, antes de todos os demais habitantes da cidade, as façanhas dos pequenos monstros, tornando-se alvo dos assassinos ao longo do filme e em sua sequência final de perseguição.

O filme explora como a inocência infantil pode ser violentamente corrompida, refletindo uma crítica à sociedade e aos aspectos sombrios da infância. Considerada como uma fase mágica, de bondade, quando na verdade a história da humanidade nos mostra vários casos dos chamados “anjos cruéis”. O papel da família, que deveria proteger, é apresentado de uma maneira disfuncional, mostrando que a verdadeira proteção pode falhar e os ambientes familiares podem gerar monstros. Isso fica delineado na proteção que a diabinha Debbie Brody recebe da mãe, ao descobrir os desdobramentos dos assassinatos e fugir com a sua pequena, mudando de nome e de cidade, mas não de personalidade para sua cria que, na cena final, comete um brutal assassinato e deixa vestígios para uma sequência que nunca aconteceu. É, em linhas gerais, um slasher mediano, longe de ser uma obra-prima clássica, mas com ritmo irônico o tempo todo, o que nos mantém “antenados” no modo de operação do trio de assassinos cruéis e frios.

A estética é tipicamente dos anos 1980, com uma abordagem visual que combina elementos de filmes de terror da época e características próprias do slasher, como as mortes elaboradas e um toque de “camp”. O filme apresenta cenas de violência que, embora não sejam as mais gráficas comparadas a outros slasher, são impactantes e chocantes. A direção de fotografia de Stephen L. Posey não faz cerimônia diante da carinha de perversidade das crianças, mas servem ao propósito de enfatizar a brutalidade das ações das crianças. A trilha sonora de Arlon Ober é fraca e coaduna com o clima de baixo orçamento e pouca experiência dos envolvidos. Embora tenha sido originalmente recebido com críticas mistas, Aniversário Sangrento ganhou um status de cult com o passar dos anos, especialmente entre os fãs de filmes de terror dos anos 1980. Como uma espécie de versão slasher para A Aldeia dos Amaldiçoados, o filme influenciou outros filmes do gênero por suas ideias inovadoras e a premissa de crianças como vilãs.

Aniversário Sangrento (Bloody Birthday/EUA, 1981)
Direção: Ed Hunt
Roteiro: Ed Hunt, Barry Pearson
Elenco: Lori Lethin, Melinda Cordell, Julie Brown, Bert Kramer, K. C. Martel, Elizabeth Hoy, Billy Jayne, Andrew Freeman, Susan Strasberg, José Ferrer, Michael Dudikoff
Duração: 88 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais