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Crítica | Mulher-Maravilha: Ano Um (Renascimento)

por Pedro Cunha
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  • Leiam aqui as nossas críticas do Universo DC: Renascimento.

A DC Comics tem um bom histórico com quadrinhos com o título de Ano Um, o mais famoso de todos, com certeza, é o trabalho feito pela dupla Frank Miller e David Mazzucchelli. Porém, essa crítica não tem como seu personagem principal o Morcego de Gotham, mas sim a princesa amazona, muito querida pelo crítico que aqui escreve.

Assim como Batman, a Mulher-Maravilha também já teve, obviamente, sua origem trabalhada diversas vezes nos quadrinhos. Mas com toda a certeza foi nas mãos de George Pérez que vimos a mais brilhante adaptação dessa tão importante fase para todo o herói. Por mais que esse texto não tenha como conteúdo principal o arco Deuses e Mortais, seria impossível comentarmos sobre a origem da amazona sem citar essa extraordinária fase de Pérez.

Nela a personagem foi elevada a um patamar nunca antes visto, Diana foi colocada como um símbolo de amor, justiça e sabedoria. Pérez também foi muito inteligente em, antes de apresentar sua protagonista, situar o leitor na cultura e na história das Amazonas. O artista e roteirista trás um plano de fundo imenso, carregado de emoção vividas pelos deuses e seus mortais.

Mas, infelizmente, não foi George Pérez que escreveu o roteiro do Ano Um da Mulher-Maravilha. Essa missão ficou nas mãos de Greg Rucka, um escritor talentoso, que tem em seu currículo vários títulos de muita qualidade, incluindo uma fase querida dos fãs da própria Diana. Sendo muito inteligente, o roteirista escolhe não fugir muito daquilo que já foi criado, é sempre mais fácil negociar com aquilo que já foi bem feito, do que apostar no incerto, que pode desagradar.

Aqui vemos uma Diana que vive em harmonia com suas irmãs amazonas, essas que estão isoladas do mundo, até que o avião do piloto Steve Trevor cai na praia de Temiscira. Com a presença inusitada de um homem na ilha, a rainha decide fazer um torneio, com a intenção de que a melhor entre suas guerreiras vença-o, e ganhe o “prêmio” de ir até o mundo patriarcal e devolver o homem caído.

Como esperado Diana, a filha da Rainha, vence o torneio e, então, vai rumo ao desconhecido. Era óbvio que a primeira coisa que os homens fariam quando vissem a princesa seria prendê-la. Vemos, pois, um segundo arco no qual a protagonista está sendo estudada pelos pesquisadores do nosso mundo. Missão muito difícil, já que Diana fala um grego muito antigo, entendido apenas por Barbara Minerva.

Toda a trama, tem um ritmo muito frenético, apesar de vermos uma ação efetiva apenas no terceiro arco. Isso ocorre por uma falha editorial. Tanto o Batman, como o Superman possuem dois títulos mensais, Batman com Detective Comics, e Superman com Action Comics. Infelizmente a Mulher Maravilha, personagem que é tão importante quanto os já citados, não teve esse privilégio, isso fez com que Greg Rucka dividisse o título da heroína em dois arcos diferentes. As edições ímpares ( 1,3,5,7 e etc) tem o título de Mentiras, já as pares ( 2,4,6,8,10 e etc) estão com o título de Ano Um.

Essa decisão editorial lima muito a narrativa de Rucka. Tudo acontece muito rápido, o roteirista tem que correr com sua história, tornando assim, uma trama, que podia ser pesada e bem desenvolvida, em algo raso. Não que o roteiro de Rucka seja ruim, porém o leitor tem, no final, um sentimento de que algo poderia ser desenvolvido com mais capricho. Momentos muito importantes da trama, como o confronto com o deus Ares, um dos maiores vilões da personagem, é resolvido em poucas páginas.

Assim como o título e a narrativa mudam, os artistas também alternam as edições, decisão inteligente e que ajuda o leitor a distinguir visualmente as duas histórias. Ano Um  fica para Nicola Scott, essa que faz um excelente trabalho no quadrinho. A desenhista tem um trabalho muito característico, leve, com linhas sutis, que lembram por muitos momentos desenhos animados, tanto nos traços como no design de personagens que podem muito facilmente ser adaptados para as telinhas.

Além disso, ela também tem um bom desempenho nos quadros da HQ. Vemos páginas que não se repetem, e que contribuem de forma muito produtiva para o roteiro de Rucka. Deve-se comentar também o trabalho de Romulo Fajardo, que cuida das cores. Ele é um dos maiores destaques do arco, assim como a arte, que se assemelha com o estilo animado. As cores também seguem essa linha, toda a paleta utilizada por Fajardo é muito coerente, ele faz questão de usar cores claras, mas não intensas, para não causar nenhum incomodo ao leitor.

Bilquis Evely é mais uma artista que trabalha no título, ela faz apenas uma edição, que foca na origem de Minerva. Essa que é o número 8, escrita também por Rucka e com cores de Farjado.

Ano Um é um bom começo para a princesa Amazona, talvez, infelizmente, os quadrinhos de heróis nunca mais chegarão a profundidade atingida por Pérez e muitos outros criadores. Porém seria injusto comparar essas poucas edições com uma das fazes mais aclamadas da heroína. O arco tem uma arte maravilhosa, tanto pelos traços, como pelas cores. Já o roteiro de Greg Rucka é diferente, ele consegue superar as falhas editorias e nos entrega uma trama dinâmica, com pouco desenvolvimento. Espero que a DC abra os olhos, e veja o potencial criativo, narrativo e principalmente social que Diana tem.

Mulher Maravilha: Ano Um  (Wonder Woman : Year One) — EUA, 2016/ 2017
Conteúdo:
Mulher-Maravilha (2016 -) #2, #4, #6, #8, #10, #12, #14
Roteiro: Greg Rucka
Arte: Nicola Scott, Bilquis Evely
Cores: Romulo Fajardo
Letras: Jodi Wynne
Editora original: DC Comics
Datas originais de publicação: 09 de maio de 2017
Editora no Brasil: Panini
Páginas: 158

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