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Crítica | Apresentando, Nate

Novo coming of age da Disney soa fraco pela falta de dificuldades entre os personagens.

por César Barzine
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A história de Apresentando, Nate é basicamente um ‘requentamento‘ de diversos clichês que rondam em produções protagonizados por crianças/adolescentes. A premissa do filme é sobre Nate, um pré-adolescente fissurado por dança e que quer ir até a Broadway para participar de uma audição do musical Lilo & Stitch. Somente dentro desse núcleo, o roteiro já se insere em um completo lugar-comum, característica que acaba se expandido através de uma série de outros fatores, como as tensões com o valentão do colégio, o seu irmão mais velho o importunando, a companhia de sua melhor amiga e a decisão dos dois  de irem até Nova York sozinhos.

Como podemos ver, todos esses três personagens (o valentão, o irmão chato e a amiga fiel) são arquétipos de um certo universo juvenil na vida de um garoto americano médio na ficção. Apesar de se encontrarem nessa posição esquemática, esses três elementos do filme poderiam soar atraentes se tivessem algum tipo de vigor na construção deles, algum carisma ou traços de originalidade que pudessem superar a mesmice da qual fazem parte. Mas não, ambos se prendem à superfície a partir de uma caracterização extremamente pobre e insípida. Um grande exemplo disso é a relação do protagonista com o valentão do colégio: Nate é assediado por seu colega no ônibus escolar, o provoca involuntariamente e, em seguida, recebe a ameaça de uma posterior briga. Qualquer pessoa já deve ter visto esse conjunto de situações trocentas vezes, e aqui ela ressurge  mais uma vez.

Mas não é só a construção de personagens que afeta eles próprios, as interpretações do elenco também não convencem, soando um pouco maçante durante boa parte do filme. As atuações seguem um modelo cartunesco, o que envolve feições exageradas e um jeito hiperativo de atuar. Rueby Wood, que interpreta Nate, é o que mais chama atenção neste quesito, sua habilidade como artista parece o deixar caricato, seja nas expressões ou na forma quase escandalosa de falar. Não muito diferente é a situação de Aria Brooks, que vive Libby (melhor amiga de Nate), cuja desenvoltura impõe, a cada segundo, uma completa falta de naturalidade. 

A ida de Nate e Libby para Nova York ocorre de maneira inócua, sem qualquer tipo de problema. O trajeto realizado em um ônibus não apresenta nenhuma forma de atrito para os personagens superarem, o que não era de se esperar para um filme sobre dois protagonistas tão novos que fogem de casa e vão para uma megalópole. A jornada desses dois jovens acaba fluindo de maneira totalmente morna, sem explorar as diversas possibilidades que aquela situação abre e limitando, assim, o interesse do público pela trama. Em relação aos obstáculos superados pela dupla, a situação muda somente quando, através de uma completa coincidência, surge uma tia de Nate, e agora eles terão que prestar contas a ela.

De início, o grande interesse que Nate tem pela música e dança nos faz pensar que vamos ver daqui pra frente uma obra mais ou menos como a franco-britânica Billy Elliot, sobre um menino que descobre a paixão pelo balé e passa a sofrer preconceito por causa disso. Não que fosse de se esperar que Apresentando Nate demonstrasse um nível de sensibilidade e drama próximo ao trabalho do ano 2000, mas apenas um desenvolvimento na trama em moldes semelhantes. Porém, o longa da Disney acaba se mostrando totalmente incapaz tanto de um desenvolvimento de personagens mais sólido quanto de apresentar uma trama mais substancial – e os diversos arcos narrativos que vão se fechando no terceiro ato demonstram bem isso.

Apresentando Nate (Better Nate Than Ever) | EUA, 2022
Direção: Tim Federle
Roteiro: Tim Federle
Elenco: Rueby Wood, Lisa Kudrow, Joshua Bassett, Norbert Leo Butz, Alex Wong, Mandy Gonzalez, Priscilla Lopez, Michelle Federer, Jacob Guzman, Mishay Petronelli
Duração: 91 minutos.

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