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Crítica | Aquaman: Nascimento e Morte do Aquababy

por Luiz Santiago
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O Aquababy apareceu pela primeira vez nos quadrinhos na Aquaman Vol.1 #23, edição com data de capa de outubro de 1965. Ele se tornou uma das partes favoritas da Família Real de Atlantis (até o Mestre do Oceano, que odiava o irmão Aquaman, se rendia às graças do sobrinho), chamando a atenção do público. Isso durou até 1977, quando David Michelinie e Jim Aparo resolveram matar o Aquababy. Neste compilado, trago a crítica para as edições que abordam o início e o fim da vida do bebê.

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O Nascimento do Aquababy

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As aventuras do Aquaman e do Aqualad sempre tiveram um grande apelo para o público infantil e adolescente que liam a revista Aquaman. O papel dos sidekicks teve justamente essa intenção, quando estabelecido, e o resultado não poderia ser mais eficiente. Com o tempo, porém, os ajudantes precisariam crescer, e então surgiria a necessidade de substituição do ajudante ou de histórias que suprissem esse afastamento. Em 1965, quando Bob HaneyNick Cardy criaram o Aquababy, na edição #23 da Aquaman Vol.1, já tínhamos o Aqualad envolvido em atividades com seus amigos da superfície, primeiro de maneira acidental, em Os Mil e um Perigos do Senhor Ciclone e depois em O Homem Fragmentado, onde surgiu os Jovens Titãs. Isso significava, basicamente, duas coisas: que a DC daria mais aventuras solo para o Aqualad e que ele estaria consideravelmente mais afastado do Aquaman, dada a sua participação nas aventuras dos JT. A necessidade de uma carinha nova nas revistas do Peixoso — e uma carinha que permanecesse ali por bastante tempo — foi que trouxe a ideia para a criação de Arthur Curry Jr., que surgiu nos quadrinhos nessa edição, com um dos piores tratamentos de ritmo e temporalidade que eu já vi nessa mídia.

A edição tem, como não podia deixar de ser, todo o fator-fofura quando se vê um bebê sendo retratado. E para ser sincero, é tudo o que tem de bom aqui. Mas o cerne da edição é uma bagunça inimaginável de percepção de tempo, com Mera descobrindo a gravidez no início, com o autor dando a impressão de que o bebê já estava para nascer (daí a gente fica se perguntando: “hã?“) e depois, com a apresentação do bebê para a população de Atlantis, já com alguns meses de vida, engatinhando — e não recém-nascido, como seria mais óbvio que acontecesse. O que preenche os buracos são historinhas cansativas, com raros quadros divertidos (gosto, por exemplo, de ver as criaturas marinhas jogando uma para outra o frasco com o raro soro de cura para a doença de Mera), uma com Orin e Garth indo para o Golfo dos Terrores, onde encontram o criminoso Sinquo, e outra com o exílio do bebê-aqua, por ter poderes destruidores. Como disse, é uma edição em que toda a parte do bebê, por mais louca que seja, é divertida. Mas o restante…

Aquaman Vol.1 #23: The Birth of Aquababy (EUA, outubro de 1965)
Roteiro: Bob Haney
Arte: Nick Cardy
Arte-final: Nick Cardy
Capas: Nick Cardy
Editoria: George Kashdan
24 páginas

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A Morte do Aquababy

Esta é uma história difícil de ler. Trata-se da morte de uma criança, portanto, não é algo fácil. Com roteiro de David Michelinie e arte de Jim Aparo, o principal evento envolvendo a morte do Aquababy se encontra na edição #452 da revista Adventure Comics Vol.1 (Dark Destiny, Deadly Dreams) e na edição #57 da revista Aquaman Vol.1. Aqui eu também estou considerando a trama que traz o velório do garoto — e a estranha ideia de que ele só morreu DEPOIS que chegou a Atlantis, levado por Topo, enquanto Aquaman seguiu em uma busca para se vingar do Arraia Negra, o que o colocou na cola de outros bandidos também –, ou seja, a edição #62 da Aquaman, já com roteiro de Paul Kupperberg e arte de Don Newton, com finalização de Bob McLeod, ainda trata do trágico assunto, mas não tão bem quando fizeram os seus antecessores.

A sequência de eventos que traz essa tragédia para a vida do Aquaman é bastante intensa. Antes, Topo, o Polvo, sequestrara o Aquababy e o levara para um misterioso lugar. Só depois é revelado o verdadeiro motivo desse sequestro (algo estranho, como justificativa, mas não improvável ou impossível). Na busca por Topo e pelo filho, o Peixoso acaba sendo interrompido pela volta de Starro e colocado em uma situação ainda mais estranha, com a chegada dos Idylists, que estão à procura do Aqualad. Aliás, o arco traz uma dura realidade para a relação entre os dois heróis, especialmente pela postura do Aquaman na Arena, quando forçado, pelo Arraia, a lutar contra Aqualad em favor da vida de seu filho, o que causa o afastamento dos amigos por um bom tempo.

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É nessa jornada que o protagonista chega, enfim, ao lugar onde tudo acontece. O roteiro de Michelinie é impiedoso. Aquaman está o tempo inteiro diante de grandes dilemas e nada aqui facilita a vida do herói. Particularmente não gosto de algumas justificativas para ações de um ou outro personagem, mas a base do texto, na construção de uma trama que ampare a morte do filho do Aquaman e Mera, é realmente bem construída, tendo na arte de Jim Aparo as ocultações necessárias (não iam mostrar a criança agonizando, com falta de ar, não é mesmo?) e a ação e reação necessárias vindas do Aquaman. Embora o final da edição, onde o bebê morre, seja muito corrido, com a passagem de tempo um pouquinho acavalada, não é nada que nos impeça de apreciar a história.

Já as consequências dessa morte, trabalhadas na edição #57 (A Life for a Life) e depois finalizadas na edição 62 (And the Walls Came Tumblin’ Down), são mais… distanciadas da tragédia. Fica claro que Michelinie e Kupperberg procuraram deixar a narrativa mais focada em outras coisas do que no luto, por um motivo comercialmente compreensível. Existe, sim, a tristeza patente do Aquaman, mas essa tristeza e o velório (tema secundário da edição #62) são mesclados com outra linha narrativa, ligada à ação, e que por ser muito boa, equilibra o texto, dando um pouco de diversão em meio ao lamento pela morte do bebê. Um verdadeiro marco dos quadrinhos e uma marca definitiva na história do Rei dos Mares.

Adventure Comics Vol.1 #452 e Aquaman Vol.1 #57 e 62 (EUA, agosto e setembro de 1977 / julho de 1978)
Roteiro: David Michelinie / Paul Kupperberg
Arte: Jim Aparo / Don Newton
Arte-final: Bob McLeod (62)
Cores: Jerry Serpe (Adventure Comics), Liz Berube / Adrienne Roy (Aquaman)
Letras: Jim Aparo / Shelly Leferman
Capa: Jim Aparo
Editoria: Paul Levitz
72 páginas

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