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Crítica | As Panteras (Série Clássica) – 1X00/1X01: Charlie’s Angels Pilot & Hellride

por Iann Jeliel
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Angels

Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 5
Número de episódios: 110 – Piloto + 22 episódios na primeira e terceira temporada + 24 na segunda temporada + 25 na quarta temporada + 16 na quinta e última temporada.
Período de exibição: Desconsiderando o piloto, foi de 22 de setembro de 1976 a 24 de junho de 1981.
Há reboot? Sim. Um remake de 2011, cancelado após a primeira temporada com 8 episódios. Além de obvio, ter gerado três filmes conhecidos. Os dois primeiros dirigidos por McG, respectivamente de 2000 e 2003 e um remake cinematográfico de 2019, idealizado por Elizabeth Banks.

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A série original de Charlie’s Angels foi um fenômeno curioso, surgido de uma época em que mal se discutia empoderamento e já o propunha sobre as lentes da sensualidade autônoma. Há de se pensar se esse efeito era proposital ou não, mas independente de propósito, ele existe e foi influente para toda uma geração personagens femininas fortes. Estamos falando de três mulheres bonitas e inteligentes, prendadas e autossuficientes, protagonizando uma série de espionagem de TV aberta que alçou status de mais vistas da sua década em que cenário midiático era dominado por James Bond. Sim, elas são Angels de Charlie, um homem que tem as três a disposição para resolver problemas…, mas não seus. Sempre acreditei (e aí, estou levando em conta os filmes, já que nunca havia assistido antes desse texto, a série original) em Charlie como um pretexto de uma mitologia criativa, que dada as proporções televisivas, imaginava seu universo espião para  situações realistas, em que as três personagens tinham de solucionar mistérios e crimes disfarçadas sobre diferentes cenários e usando recursos da feminilidade na interação com os suspeitos para completar a missão.

A premissa de Charlie, na verdade é só de dar a missão da semana, por mais que exista o mistério sobre sua figura e que ele intrigue o trio a ponto de enxergá-lo de maneira um tanto fetichista. Só que o fetiche, faz parte da proposta do jogo de espionagem necessitado em cada missão e consequentemente fator que levou a popularização do programa. Se imageticamente a série buscava exaltar as belezas de suas personagens para gerar estímulos no público no decorrer do episódio, o mistério de quem era Charlie, de certo modo, propunha o mesmo, de forma acumulativa. A sensualização do desconhecido aplicado para os personagens masculinos caírem na enganação das moças disfarçadas era o mesmo que fazia as Angels e o publico ficassem tão curiosos em ver a face de Charlie. Diferente dos filmes do McG posteriores, existe um ar ingênuo nesse clima “sexual”. Uma ingenuidade que ajudava desenvolvimento da interação entre os personagens e que estava acoplada aos mistérios da semana, até para não lhes dá um caráter super elaborado. Eram situações simples, mas que exigiam uma progressão delinear de caso a caso, mas com urgência suficiente para ao menos uma boa climática de ação.

É verdade que o caráter episódico – como a da maioria das séries antigas –, tornaria essa fórmula em algum momento repetitiva, tanto que, o seriado só viveu seu auge por duas temporadas, caindo em audiência no terceiro ano e sendo forçado até mesmo a troca de elenco. Contudo, nos dois episódios que separei para comentar separadamente nesse plano piloto, não era o caso. O primeiro, será o telefilme, que na verdade era o piloto original da série, não contabilizado como o primeiro episódio. O segundo, justamente o episódio que foi ao ar como o primeiro oficial, ainda que ele pule um caráter introdutório de criação de mundo o qual o piloto foi responsável.
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1X00: Charlie’s Angels Pilot

Angels

Como dito, o piloto serve de introdução a aquele universo, mas nem por isso ele o entrega em detalhes com um didatismo pedante. Até porque, a fantástica abertura já serve por si só como essa introdução, acompanhada daquela musiquinha icônica e a apresentação fotogênica do trio Kelly Garrett (Kate Jackson), Sabrina Duncan (Jaclyn Smith) e Jill Munroe (Farrah Fawcett), já adentramos na atmosfera da série. Portanto, os primeiros 15 minutos do episódio, serve apenas para dar instruções básicas da personalidade de cada uma, possibilidades que a Agência de Detetives Towsend dá a elas para realizar missões e já parte logo para a explicação do que vai ser a missão da semana. Provavelmente por ser um piloto, em que se não fosse bem aceito possivelmente não iria ao ar, está era um pouco mais elaborada, diria até corajosa, do que o padrão. Destaco o uso da maquiagem no episódio, que faz Kelly e Sabrina estarem demasiadamente parecidas para o disfarce em questão  ser crível, usado para elas se infiltrar na mansão de uma familia, se passando por uma membra vista pelos demais somente quando pequena.

Acho bastante interessante o desenrolar do episódio, desde a tensão dos membros da familia desconfiados e fazendo perguntas bem especificas para tentar descobrir o possível disfarce, dando continuidade a tensão de como elas se resolvem após a descoberta para tentar descobrir um novo passo do mistério de quem assassinou o pai da personagem que estão se passando. Há um clima até hitchcockiano em alguns momentos, aquele suspense mais classico e espacial com as personagens lidando com intempéries da situação com inteligência e escondendo o planejamento do público para propor uma surpresa das soluções apresentadas. Talvez o único problema tenha sido não explorar tanto a dinâmica das três em conjunto e ter Jill uma das mais escanteadas, mas até mesmo na execução da ação final, dirigida com enorme clareza, o episódio apresenta um entretenimento conciso e sofisticado.

As Panteras (Charlie’s Angels) – 1X00: Charlie’s Angels Pilot | EUA, 21 de março de 1976
Showrunner: Ivan Goff, Ben Roberts
Direção: John Llewellyn Moxey
Roteiro: Ivan Goff, Ben Roberts
Elenco: Kate Jackson, Farrah Fawcett, Jaclyn Smith, David Doyle, David Ogden Stiers, Diana Muldaur, John Lehne, Bo Hopkins, Tommy Lee Jones, Grant Owens, Ken Sansom, Ron Stein, Colette Bertrand, Russ Grieve
Duração: 74 minutos
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1X01: Hellride

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Se o piloto funcionava demais como um thriller, esse abraça mais a galhofa televisiva, o que garante uma maior utilização do que fez falta no piloto e viria ser um dos grandes pontos fortes da série, no caso, a dinâmica em trio. Não há tantos elementos surpresas no caso da semana, o mais interessante é ver como as personagens elaboram suas estratégias para conseguir as informações e principalmente sua “atuação” naquele meio automobilístico, cenário do momento. É um episódio bem divertido, que começa a traçar mais claramente esses atmosfera do empoderamento sensual. Tanto que Jill, a principal responsável por isso na série, é a que ganha mais destaque com suas cenas ganhando de todos no baralho se passando de “loira burra”.

Há outros momentos humorísticos genuinamente divertidos, como a subestimação masculina a Kelly Garrett disfarçada de motorista. Legal demais ver a reação de todos na demonstração dela no volante na cena final de ação. Mesmo sem contar com uma trama tão interessante quanto o piloto, esse primeiro episódio da série inicial, imagino que deu o tom descompromissado que todo o resto necessitava para conseguir audiência, além de demarcar as principais características das carismáticas panteras.

As Panteras (Charlie’s Angels) – 1X01: Hellride | EUA, 22 de setembro de 1976
Showrunner: Ivan Goff, Ben Roberts
Direção: Richard Lang
Roteiro: Edward J. Lakso, Jack V. Fogarty
Elenco: Kate Jackson, Farrah Fawcett, Jaclyn Smith, David Doyle, Don Gordon, Mayf Nutter, Kurt Grayson, John Dennis Johnston, Jenny O’Hara, Ric Mancini, Norma Connolly, Rosanne Covy, Russ Grieve, Anne Ramsey, Bob Frank
Duração: 50 minutos

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