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Crítica | As Sereias – Elas Existem

Uma história mediana sobre descobertas e resiliência.

por Leonardo Campos
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Quase certo que todos os povos e culturas que dependem do mar para sobreviver, em alguma etapa de suas respectivas histórias, possuem a representação mitológica da figura feminina que enfeitiça os homens para leva-los ao encontro com a morte nas profundezas. Nas mais variadas abordagens, as sereias se fundem em aspectos folclóricos locais como lendas que serviram de contos alegóricos para a personificação e reforço da ideia do mar como um lugar de muitos perigos. Sombrias em algumas narrativas ficcionais, as sereias geralmente são conhecidas pelos filmes focados no gênero aventura. Alguns são comédias românticas e outros, voltam as suas atenções para os aspectos mais dramáticos e com tom para toda a família. É o caso de As Sereias – Elas Existem, um daqueles filmes medianos, mas fofos, voltados para o processo de inserção das sereias, aqui como representação do “outro”, em meio aos humanos. Representação daquilo que invade e desestabiliza algumas certezas céticas da humanidade, elas geralmente chegam para causar desconforto, mas também ensinar e aprender. Neste filme não é diferente.

Sob a direção de Kevan Peterson, também responsável pelo texto, acompanhamos ao longo dos 92 minutos da produção, a saga de uma garota chamada Siren Philips (Emmy Perry). Ela descobre aos 12 anos da idade que é filha de uma sereia, Emerald (Hannah Fraser), surpresa que mexe com as suas convicções e a faz questionar a própria identidade de maneira avassaladora, afinal, como não se manter nem um pouco inquieta ao saber que você é parte de algo que até então, conhecia apenas como figura mitológica? Além dessa surpresa, a garota descobre ser alvo de caçadores focados no valor em torno de sua existência. Uma das pessoas mais significantes desta sua batalha é Adam (Jack Dylan Grazer), jovem que a ajuda a escapar dos perigos constantes nesta jornada cheia de aventura e adrenalina, simplória dramaticamente e sem muitos momentos visualmente memoráveis. É o típico filme “suave”, indicado para toda a família.

Siren precisa, desta maneira, lidar com a sua diferença, trabalhar a transposição para a água, equilibrar as emoções bem na véspera de seu 12º aniversário, bem como enfrentar os caçadores e suas lanças, desesperados atrás da sereia que pode lhes prover muito dinheiro. Ao flertar com temas como amizade, maturidade e mudanças bruscas que nos atingem vertiginosamente, a produção ainda traz embates familiares, pois o garoto que ajuda Siren descobre que o seu pai é um dos idealizadores da caçada contra a sua amiga. São conflitos interessantes e que trazem alguma dinamicidade ao filme que tal como as demais histórias sobre sereias atuais, peca por ter menos cenas aquáticas que o esperado para uma narrativa com a presença da figura emblemática da mitologia. Ressalto que em As Sereias – Elas Existem, ainda há a inserção de uma sociedade secreta de sereias, grupo que envolto numa aura de mistérios que definem o tom fantasioso da narrativa. É um enxerto para o enredo que ajuda a história a ficar mais redondinha, sem atrapalhar.

Para atender as demandas de entretenimento, As Sereias – Elas Existem conta com a direção de fotografia de Patrice Lucien Cochet, desafiadora na mescla de cenas terrestres e subaquáticas, além de ter que dar conta das trucagens para inserção dos limitados, mas funcionais efeitos visuais da equipe supervisionada por Wayne England. Ademais, os figurinos de Mandy Pauline se fazem importantes, da mesma forma que a trilha sonora de Brandon Jung, condução musical simplória, mas assertiva no estabelecimento de uma atmosfera dramática satisfatória. O design de produção assinado por Angie Hartley traz alguns motivos marítimos e espaços cenográficos com tom de veraneio, ideais para a construção da identidade visual de uma narrativa que tem como tema, o mar. Leve e divertido, o filme é uma opção de entretenimento que funciona para aqueles que não são demasiadamente exigentes no que diz respeito ao que é ofertado dramaticamente pelo argumento simplório, transformado numa história de imagens não surpreendentes, mas eficazes.

Sereias – Elas Existem! (Scales: Mermaids Are Real) — EUA, 2017
Direção: Kevan Peterson
Roteiro: Kevan Peterson
Elenco: Morgan Fairchild, Noree Victoria, Elisabeth Röhm, Elsie Fisher, Jack Dylan Grazer, Emmy Perry, Nikki Hahn, Kimberly Hidalgo
Duração: 92 min.

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