Home FilmesCríticasCatálogos Crítica | Assassino Invisível

Crítica | Assassino Invisível

Uma turbinada retomada do proto-slasher Pânico ao Anoitecer.

por Leonardo Campos
627 views

Texarkansa. A cidade onde as pessoas temiam o pôr do sol. Esta foi a definição para Pânico ao Anoitecer, proto-slasher de 1976, lançado numa época de formação do subgênero que se tornaria profícuo na década seguinte, impulsionado por Michael Myers, o antagonista mascarado de John Carpenter. A produção, baseada na história de um psicopata misterioso que ceifou a vida de algumas pessoas nesta região, trouxe para os espectadores um tom documental e flertou com as inseguranças da década de seu lançamento. Uma cidade tranquila, arrasada pela ação de uma figura violenta que nunca foi encontrada, por isso a alcunha de “fantasma”, num caso nunca encontrou resolução, perspectiva que aumentou ainda mais a sua atmosfera de enigma. Com desfecho que não propiciava a liberdade ficcional de eliminação do assassino e reestabelecimento da ordem para os moradores do local, o filme imprimiu pessimismo, mas encerrou a sua trajetória dizendo que após os incidentes, nada do tipo voltou a ser registrado e as pessoas puderam ficar um pouco mais tranquilas. Ao menos, até a retomada do medo em 2014, agora sob o ponto de vista da Blumhouse, conhecida por resgatar clássicos e seus legados.

Várias décadas depois, o assassino misterioso se tornou uma lenda, celebridade local ao estilo Ghostface, da franquia Pânico. Texarkansa, então, é uma cidade tipo Woodsboro, um lugar onde o massacre se transformou em moeda e a juventude adora participar de festivais que reexibem constantemente o filme Pânico ao Anoitecer, aqui citado como uma versão para os fatos ocorridos há 65 anos. Assassino Invisível parte desta premissa para resgatar os crimes com base na história dentro do filme de 1976. Logo na abertura, um casal sai da sessão, por incômodo da garota que parece desconfortável com a exibição. Eles vão namorar numa zona distante e lá, passam por um grande momento de terror, atacados por uma figura que traja o mesmo saco de tecido no rosto, figurino que nos lembra Jason antes de sua icônica máscara. Ela consegue escapar, mas o rapaz não tem o mesmo destino. Agora, Jami (Addison Timli) ocupa a posição de possível final girl, angustiada pela necessidade de resolucionar o caso misterioso.

Quem será que está por detrás dos novos crimes? As ruas se tornam cada vez mais perigosas, mas ainda assim, há pessoas que insistem em se expor, em passagens que lembram bastante a concepção fotográfica dos melhores momentos de Halloween: A Noite do Terror. Ventos que açoitam, ruas escuras e desertas, passeios entremeados por árvores e casas silenciosas, habitadas por algumas poucas pessoas que preferem não arriscar as suas vidas neste local que voltou a ser um ambiente de pesadelo e perigo. Focada na descoberta da identidade do antagonista que está causando histeria e horror em Texarkansa, Jami conta com os conselhos de sua avó, interpretada por Veronica Cartwright, e de um rapaz que sempre se demonstrou interessado amorosamente, mas nesta travessia, confiar é algo muito valioso, lição que Sidney Prescott teve que aprender na marra na franquia de Wes Craven e Kevin Williamson.

Em sua jornada que requer um pouco de suspensão da descrença em determinadas passagens, Assassino Invisível demonstra fôlego de atleta para fazer as coisas funcionarem ao longo de seus intensos 86 minutos de duração. Sem muito espaço para delongas, o filme investe num ritmo vertiginoso, cumpre a sua missão slasher de aniquilar as vítimas incautas em suas inconveniências, isto é, situadas em zonas ermas mesmo sabendo da série de crimes brutais que tem acometido a região. Dirigida com firmeza por Alfonso Gomez-Rejon, a narrativa funciona como sequência, refilmagem e até mesmo produção independente, concebida com esmero pela equipe técnica do cineasta, com destaque para a sombria e cuidadosa direção de fotografia, assinada por Michael Goi, profissional que acerta na concepção das cenas noturnas e nos momentos de ação do impiedoso psicopata. Os efeitos e maquiagem supervisionados por Robin M. Hatcher também garantem o bom desempenho da violência gráfica, reforçada pelos acordes da composição de Ludwig Goransson, responsável pela música que estabelece o clima de tensão deste slasher eficiente, garantia certeira de entretenimento para quem curte o subgênero que na contemporaneidade, vive a era dos personagens-legado.

Assassino Invisível (The Town That Dreaded Sundown, EUA – 2014)
Direção: Alfonso Gomez-Rejon
Roteiro: Roberto Aguirre-Sacasa
Elenco: Addison Timlin, Travis Tope, Veronica Cartwright, Anthony Anderson, Joshua Leonard, Andy Abele, Gary Cole, Edward Herrmann, Ed Lauter, Arabella Field, Denis O’Hare, Spencer Treat Clark
Duração: 88 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais