Home TVEpisódio Crítica | Ataque dos Titãs (Attack on Titan) – 4X23: Pôr do Sol

Crítica | Ataque dos Titãs (Attack on Titan) – 4X23: Pôr do Sol

Acabou...?

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, a crítica dos episódios anteriores.

A ironia trágica dos atos de Eren se mantém em Pôr do Sol. Grande porção do episódio é uma montagem de diferentes situações que expõem as consequências do Rugido da Terra e de como as ações do protagonista são uma mistura de egoísmo vingativo com estupidez nacionalista. Gosto bastante do recorte dramático no capítulo, passando pelos escombros e as vítimas; as discussões das massas; o começo de uma revolução interna com Keith Sadies; o retrato do poder na mão de extremistas como Floch; até o conflito moral dos amigos próximos de Eren. É um episódio que encapsula com muita rapidez e reflexão o motivo pelo qual guerras existem e o que acontece com aqueles pegos no fogo cruzado. Também elogio novamente a ótima escolha da paleta de cores vermelho-alaranjado, continuando como um fio condutor visual para nos situar da desolação dramática e apocalíptica em cena.

Com esse episódio, eu meio que consigo entender melhor o caminho narrativo de Isayama. Meu sentimento era de que o autor estava basicamente amarrando pontas soltas de coadjuvantes sem um planejamento narrativo orgânico, não se aproveitando da corrente do grande clímax da série, mas com Pôr do Sol é possível notar que Isayama está na verdade “marinando” os personagens e a audiência no meio da guerra. A falta de ação, o tom intimista e a excelente montagem neste capítulo me ajudaram na leitura, e até me fez enxergar o capítulo anterior com olhos melhores. Nesse sentido, temos alguns momentos emblemáticos, como a sequência de Annie e Hitch cavalgando em meio ao destroços de Paradis ou o plano do olhar desesperado de Jean com o fundo em destruição e o Titãs em marcha – se assemelhando a um trabalho de profundidade de campo. Se distanciando do que normalmente debatemos em termos de estética e fluidez de animação, Pôr do Sol é provavelmente a melhor direção cinematográfica da série desde Trem da Noite Escura.

Ainda me preocupo com alguns desdobramentos que estão saindo disso tudo, como a repetição temática (sim, já vimos esta discussão de guerra dezenas de vezes na série com mais mistério e substância política) e consequentemente a sensação de enrolação que se origina disso, e principalmente a questão de team-up que ainda não me convenceu. Não vejo como Isayama possa criar algo minimamente intrigante em torno dos personagens restantes em um potencial confronto contra Eren que não seja uma desculpa para colocar essas figuras juntas e trabalhar dramas. Eu gosto dessa possibilidade, mas o autor terá que afiar a qualidade dos seus diálogos e desenvolver melhor suas personagens femininas para ter efeito. A cena entre Armin e Mikasa, por exemplo, é um tremendo momento dramático para Armin, mas mantém a Ackerman como uma tábula rasa.

E falando em personagens femininas, Pôr do Sol traz o retorno da fabulosa Annie à Attack on Titan. Não sou muito fã do flashback expositivo da personagem (artifício comum e pobre em animes), preferindo algo mais em uníssono com a narrativa (como executado em Lembranças do Futuro), mas é realmente bacana ter mais background da personagem, que para mim é mil anos-luz mais interessante e complexa que a Mikasa. No mais, a minha crítica é uma declaração que, no momento, eu estava parcialmente errado. Ainda torço o nariz para a previsibilidade do dilema fútil de Connie em termos de suspense narrativo (é uma coerência boba demais pro meu gosto), mas o vigésimo terceiro episódio (assim como os ótimos debates e perspectivas com quem comenta) me mostraram como o encadeamento narrativo e dramático da obra ainda cativa em seu distanciamento do apogeu.

Attack on Titan – 4X23: Pôr do Sol (進撃の巨人, Shingeki no Kyojin – 夕焼け, Yūyake, Japão, 20 de fevereiro de 2022)
Criado por: Hajime Isayama
Direção: Mitsue Yamazaki
Roteiro: Hajime Isayama, Hiroshi Seko
Elenco:  Takehito Koyasu, Yoshimasa Hosoya, Ayane Sakura,  Natsuki Hanae, Toshiki Masuda, Manami Numakura, Yûmi Kawashima, Ayumu Murase, Masaya Matsukaze, Jirô Saitô, Tôru Nara, Yû Shimamura, Yûki Kaji, Kazuhiro Yamaji, Hiroshi Kamiya, Romi Pak, Kishô Taniyama, Hiro Shimono, Yû Kobayashi
Duração: 24 min.

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