Home TVEpisódio Crítica | Ataque dos Titãs (Attack on Titan) – 4X24: Orgulho

Crítica | Ataque dos Titãs (Attack on Titan) – 4X24: Orgulho

Uma aliança é forjada.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, a crítica dos episódios anteriores.

Apesar do que a nota possa indicar, não acho que Orgulho tenha problemas. É um episódio de organização narrativa, fechando esse mini-arco pós-Rugido da Terra que foca nos personagens coadjuvantes, completando o tão esperado team-up e pavimentando o caminho para enfrentar Eren. Quem acompanha minhas críticas sabe que não sou muito animado pela aliança, mas o vigésimo quarto episódio traz uma questão em torno de Zeke e o sangue real que pode ser interessante e recompensadora. No entanto, como citei na crítica de Pôr do Sol, o elemento mais gratificante que possa sair dessa escolha de Isayama está no confronto das figuras adversárias para trabalhar dramas, rancores e traumas – confesso que dei uma olhadinha na preview e abri um sorrisão com a possibilidade.

É o resultado da transição de Isayama, saindo da guerra, da fantasia onírica e surrealista, das grandes reviravoltas e do tom épico, para a abordagem intimista. Inicialmente, estranhei a mudança do tratamento narrativo, mas o episódio passado é um recorte muito bacana das consequências da guerra, e esse aqui segue uma linha similar, só que ainda mais voltado para os rostos conhecidos. A título de curiosidade, este episódio me lembrou bastante o capítulo “As Histórias de Ba Sing Se“, de Avatar: A Lenda de Aang (obra-prima no meu caderninho), que parte de um mosaico de pequenas aventuras “aleatórias” dos personagens coadjuvantes. Claro que a pegada na série de Aang é mais prosaica e cheia de ternura, do que na densa e linear Attack on Titan, mas há um aspecto estrutural solto que aprecio bastante em histórias com grandes elencos.

Poderíamos até chamar Orgulho de Contos de Paradis (rsrs). Como só temos vinte minutinhos, nem tudo é explorado ao ponto do que gostaria, como o luto de Falco ou o encontro de Annie (o próximo capítulo deve trazer mais estofo emocional, só que num ambiente contido e menos episódico como aqui), mas me agrada bastante a montagem de rápidos momentos íntimos, especialmente de Hange logo no início; o dilema de Jean, no que é o bloco mais voltado para o discurso da série em torno do extremista Floch; da pegada cômica no contato de Annie com seus antigos amigos e na interação de Hange com Pieck; e até Mikasa, que por pouco que seja, apresenta mais personalidade na cena do cachecol do que praticamente em toda a temporada. Estou de dedos cruzados para que Isayama aproveite esses pequenos dramas na dinâmica grupal a partir de agora, principalmente em termos de diálogos – terminar com o depressivo Reiner se juntando ao grupo é a cereja do bolo.

Contudo, o principal bloco do episódio é o dilema de Connie. Como eu havia dito antes, é um bom desdobramento dramático para o personagem (a conversação em torno do “soldado” é ótima), mas não gosto da trama em termos de suspense narrativo e dilema temático, tanto por sua previsibilidade que tira qualquer incerteza do desfecho quanto pelo impasse ser uma repetição óbvia de momentos da série melhores construídos – ainda que entendo perfeitamente quem pense o contrário. Porém, eu fiquei meio surpreso com o desenrolar da circunstância, pois para todos os efeitos é uma situação dramática tanto para Connie quanto para Armin. Estou curtindo bastante essa linha narrativa de culpa por ter sobrevivido de Armin em relação ao Erwin, também parecendo indício de um futuro sacrifício do estrategista – seria um final tragicamente poético na minha opinião.

Por fim, Orgulho também me lembra os momentos do Esquadrão de Recrutas, com a dramaturgia da obra voltada para questões íntimas, pequenas dinâmicas e aventuras aleatórias, amizades sendo forjadas no compartilhamento de traumas e posteriormente as decepções que decorrem disso. Há um contexto de mitologia e uma bagagem emocional muito maior do que havia nos treinamentos, injetando melancolia nos encontros, então é de se apreciar Isayama dando enfoque mais no fator humano, até de certa forma com uma direção minimalista. Chega a ser irônico o quanto eu estava animado pelo desenrolar do clímax, para onde o anime iria com a pegada apocalíptica e o subtexto crítico da guerra, e agora mal posso esperar para esse grupo de assassinos sentar em volta de uma fogueira e começar uma terapia. Enfim, AoT. Vamos ver como o objetivo de salvar o mundo vai dar errado.

Attack on Titan – 4X24: Orgulho (進撃の巨人, Shingeki no Kyojin – 夕焼け, Yūyake, Japão, 27 de fevereiro de 2022)
Criado por: Hajime Isayama
Direção: Mitsue Yamazaki
Roteiro: Hajime Isayama, Hiroshi Seko
Elenco:  Takehito Koyasu, Yoshimasa Hosoya, Ayane Sakura,  Natsuki Hanae, Toshiki Masuda, Manami Numakura, Yûmi Kawashima, Ayumu Murase, Masaya Matsukaze, Jirô Saitô, Tôru Nara, Yû Shimamura, Yûki Kaji, Kazuhiro Yamaji, Hiroshi Kamiya, Romi Pak, Kishô Taniyama, Hiro Shimono, Yû Kobayashi
Duração: 24 min.

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