A crítica geral de Atração Fatal, bem como vários artigos especiais sobre o filme podem ser encontrados por aqui para maior entendimento de questões gerais da narrativa, combinado, caro leitor? O texto que você vai ler agora é uma análise mais detalhada da valiosa edição comentada do filme, lançada em 2002, na ocasião de uma edição comemorativa deste filme dirigido com esmero por Adrian Lyne e, nada melhor que o próprio cineasta para comentar um de seus filmes mais homenageados/copiados ao longo de sua vasta contribuição para o mundo do entretenimento cinematográfico e para a evolução desta linguagem repleta de magia.
Estão preparados para esta empreitada de curiosidades e lições valiosas de cinema? Então vamos nessa.
Na edição especial de Atração Fatal, o diretor Adrian Lyne oferece uma reflexão interessante sobre o impacto duradouro de sua obra, que se transformou em um fenômeno cultural desde seu lançamento em 1987. A narrativa do filme gerou diversas imitações que tentaram reproduzir sua estrutura dramática, evidenciando sua influência no cinema. Embora Lyne não tenha fornecido comentários tão contundentes quanto se esperava, sua contribuição é enriquecida por documentários da época em que a edição foi gravada. Ele provoca uma reflexão sobre a infidelidade do personagem de Michael Douglas, levantando a questão de como um homem com uma esposa atraente e uma vida familiar ideal pode sucumbir à tentação, utilizando um tom irônico ao se referir à beleza de Anne Archer, que interpretou Beth.
Adrian Lyne também destaca a química entre Glenn Close e Michael Douglas, enfatizando como o encontro dos dois atores foi uma realização para qualquer cineasta, dado seu talento e comprometimento com os personagens. Essa sinergia foi um fator chave para o sucesso do filme, contribuindo para a intensa carga dramática que marca a narrativa e a torna memorável. Os comentários de Lyne oferecem a oportunidade de reavaliar a obra sob uma nova perspectiva, reforçando tanto sua relevância cultural quanto os dilemas emocionais retratados na história. O olhar do diretor, embora leve e irônico, instiga o público a questionar as complexidades das relações humanas, especialmente em temas como a traição e a desumanização que frequentemente permeiam essas narrativas. Vou apresentar algumas de suas principais passagens comentadas e retornarmos adiante para o desfecho. Observem:
Na edição, Adrian Lyne destaca o empenho de Glenn Close para conquistar o papel, que representava uma mudança significativa em sua carreira. Inicialmente, o diretor hesitava em escalá-la, acreditando que sua grandiosidade como atriz era mais adequada a papéis mais sutis e delicados. No entanto, quando Close e Michael Douglas se uniram nas filmagens, conseguiram entregar performances intensas, especialmente nas cenas de interações sexuais fervorosas. Apesar dessa entrega poderosa, Lyne lamenta não ter feito comentários mais contundentes sobre a obra, parecendo, em alguns momentos, divagar em suas reflexões sobre o filme.
Adicionalmente, Lyne expressa sua apreciação pela trilha sonora de Maurice Jarre, que também se destaca na narrativa. Para o diretor, um dos aspectos mais estéticos de Atração Fatal é que a música não se sobrepõe às imagens, mas sim complementa a atmosfera de suspense e as tensões emocionais da trama. Essa simbiose audiovisual cria uma experiência envolvente, fundamental para a construção do clima dramático do filme. O olhar de Lyne sobre essa parceria entre som e imagem reforça o impacto que cada elemento artístico teve no resultado final, tornando a análise uma oportunidade valiosa para reexaminar as nuances que fazem do filme um clássico cultuado.
Adrian Lyne também discorre sobre o meticuloso trabalho de iluminação e direção de fotografia, ressaltando as dificuldades enfrentadas na planificação dos enquadramentos e ângulos devido aos cenários apertados. Um dos destaques comentados é a famosa e violenta cena do coelho na panela, a qual foi montada de forma alternada para intensificar o horror desse momento icônico da narrativa. Lyne enfatiza como essa escolha de edição foi crucial para amplificar o impacto emocional da cena, que se tornou uma das mais memoráveis da história do cinema.
Outra questão abordada pelo diretor é a cena final do filme, que remete a elementos de Psicose de Alfred Hitchcock. Essa sequência precisou ser regravada meses após o término das filmagens, já que a versão inicial, que apresentava o suicídio de Alex Forrest e a prisão de Dan, não foi bem recebida em exibições-teste. Glenn Close manifestou fortes objeções, argumentando que essa abordagem transformaria sua personagem em uma vilã unidimensional. Apesar de suas preocupações, ela acabou retornando para as refilmagens. No final de suas considerações, Lyne agradece a oportunidade de apresentar a faixa comentada, sublinhando o status de Atração Fatal como um potencial clássico que, para muitos apreciadores de cinema, não necessita de grandes apresentações. Essa reflexão revela a profundidade artística e as complexidades criativas que cercaram a produção do filme, como mencionado, reinterpretado constantemente, transformado numa série televisiva, além de vários espetáculos teatrais.
E você, caro leitor? Também já foi impacto por este clássico do suspense, narrativa de primeira linha? Se ainda não, essa é a hora, combinado?
Atração Fatal: Edição Comentada por Adrian Lyne (Fatal Attraction– Estados Unidos/1987)
Direção: Adrian Lyne
Roteiro: James Dearden
Elenco: Glenn Close, Michael Douglas, Anne Archer, Alicia Perusse, Amy Lyne, Angelo Bruno Krakoff, Anna Levine, Anne Archer, Barbara Harris, Barbara Iley, Carlo Steven Krakoff, Carol Schneider, Chris Manor, Christine Farrell, Christopher Rubin, David Bates, David McCharen, Dennis Tufano, Ellen Foley, Ellen Hamilton Latzen, Eunice Prewitt, Faith Geer, Fred Gwynne, Glenn Close, Greg Scott, J. J. Johnston, J.D. Hall, James Eckhouse, Jan Rabson, Jane Krakowski, Joe Chapman, Jonathan Brandis, Judi M. Durand, Justine Johnston, Larry Moss
Duração: 119 min