Em sua 2ª Temporada, a série Aventuras do 1º Doutor trouxe duas tramas bem diferentes entre si, uma muito interessante sobre o encontro do Doutor e seus companheiros com uma espécie muito diferente e intrigante; e outra com uma boa proposta, uma ficção histórica, mas que não se mostrou tão chamativa e bem escrita quanto a primeira. A segunda aventura se parece muito com a linha de enredos que tivemos na série na 1ª Temporada, enquanto a primeira nos traz algo novo, no escopo dessa série, e não é à toa que está bastante à frente em termos de qualidade.
Considerando os arcos da TV, The Invention of Death, de John Dorney, se passa entre The Reign of Terror e Planet of the Giants; e se pegarmos apenas as aventuras do presente time no Universo Expandido, estamos logo depois de The Great White Hurricane, trama que integrou a 1DA passada. Enquanto a TARDIS se afasta da cidade de Nova York, o Doutor explica, em termos leigos, que está tentando criar um “estilingue temporal” com a TARDIS, girando-a em sentido cronológico de 180 graus e de volta da Terra. Confiante em sua matemática e irritado com a preocupação de Susan, ele arrogantemente aperta alguns botões da nave e segue com seus experimentos. Esse início de trama é muito divertido e excitante, tanto pelas respostas malcriadas que o Doutor dá para a tripulação quanto pelas muitas possibilidades que podem surgir dessa “estilingada espacial” com a nave.
Eles chegam em um local desconhecido, o planeta Ashtallah, habitado por uma raça muito peculiar. Os Ashtallans são capazes de se autocurar e regenerar seus membros. Possuem uma vida tão longa e tão tranquila que não precisam reproduzir-se. A descrição física dada para este povo é muito curiosa. Eles são um tipo de ameba/peixe com braços e pernas, de pele azul-acinzentada e transparente. O mais interessante dessa história é que inúmeros conceitos de nossa civilização são incompreendidos pelos Ashtallans; conceitos como amor, morte, medo, decepção ou preocupação. E o conflito que se arma aqui também é diferente. Como se trata de um povo que não tem ambições (pois vive eternamente), eles não ainda desenvolveram a ciência e a pesquisa. Apenas dois indivíduos despertaram para essa área, para algo como uma “ciência primitiva” no planeta, e é pelas mãos de um deles que a problemática acontece, deixando o Doutor, Ian, Susan e Barbara em um grande conflito moral. Uma ótima história, com os melhores elementos encontrados na Era do 1º Doutor!
O segundo arco da temporada se passa imediatamente após a partida do time do planeta Ashtallah. The Barbarians and the Samurai, de Andrew Smith, se passa no Japão, em meados da década de 1820, e começa com a TARDIS se materializando nas proximidades do castelo de Lorde Mamoru. Rapidamente os samurais do daimyo começam a persegui-los. Na corrida, o grupo se separa, e aí é que a aventura de verdade começa. Esta aqui não é uma trama tão diferente daquelas a que estamos acostumados na Série Clássica (mais precisamente, na encarnação deste Doutor), para falar a verdade. É uma boa história, com informações históricas corretas e críticas sobre o Japão entre os séculos XVIII e XIX, mas que não sai do miolo das intrigas palacianas, com grupos diferentes, cada um com seus interesses; e o Doutor e seus companheiros metidos nessas contendas locais, julgados como espiões. É um bom enredo, mas é majoritariamente básico. Não fosse pela fantástica The Invention of Death, esta temporada seria “apenas ok“, assim como a anterior.
The First Doctor Adventures: Volume Two (Reino Unido, 25 de julho de 2018)
Direção: Nicholas Briggs
Roteiro: John Dorney, Andrew Smith
Elenco: David Bradley, Claudia Grant, Jamie Glover, Jemma Powell, Tracy Wiles, Michelle Morris, Dan Li, Andrew Wincott, Sadao Ueda, Susan Hingley, Jozef Aoki, Christopher Naylor
Duração: 4 episódios de 30 minutos cada (cada aventura).
