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Crítica | Aventuras do 7º Doutor: Silver and Ice

Inverno, castelos e Cybermen.

por Luiz Santiago
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A Big Finish fez uma grande modificação na série solo do 7º Doutor entre 2018 e 2022. Primeiramente, a empresa lançou a antologia As Novas Aventuras do Sétimo Doutor, contendo quatro histórias ao lado de Chris Cwej e Roz Forrester. Mas a produção da casa foi bastante alterada em 2019 e, principalmente, em 2020 (por conta da pandemia), sendo uma dessas mudanças, a alteração da dinâmica de produção individual dos Doutores. De um lado, isso levou — para nossa imensa tristeza — ao cancelamento da Main Range no volume 175; e o ajuste entre quantidade e o tamanho dos episódios em cada temporada das séries individuais a partir de então. No caso do 7º Doutor, o nome do show foi mudado de Novas Aventuras para Aventuras (entrando no padrão das outras séries individuais), e passou a ter 2 episódios por volume; um curto e outro longo.

Em Silver and Ice, o Doutor e Mel ainda estão tentando se acostumar um ao outro, um processo que parece não ter sido muito rápido, embora não houvesse uma clara animosidade ou rejeição da companion para com o recém-regenerado, como houve com Clara em relação ao 12º. Essa versão do Senhor do Tempo completou sua regeneração em Time and the Rani, quando Mel já estava na TARDIS. Além dessa aventura na TV, até a ocorrência da trama de abertura de Silver and Ice, eles estiveram juntos apenas em Paradise Towers. Houve outras tramas vividas entre eles no Universo Expandido (como a excelente Bang-Bang-a-Boom!), mas Mel aparentemente ainda tem dúvidas sobre quem é esse “novo Doutor”. Ela tem dificuldade de lê-lo, e expõe isso algumas vezes, fazendo perguntas diretas sobre o pensamento, o comportamento, os sentimentos do Time Lord.

No episódio que abre esta temporada, Bad Day in Tinseltown, escrito por Dan Starkey, a ambientação nos faz lembrar um filme de faroeste. O autor (que é quem interpreta Strax na Nova Série) criou uma história com os Cybermen ambientada em uma cidade com uma atividade mineradora problemática, um prefeito corrupto e um clube de entretenimento capaz de fazer todo mundo se esquecer de seus problemas. A dinâmica, de fato, é inspirada nos westerns da década de 20 e 30, especialmente nas histórias que narram a chegada da tecnologia (no caso da Terra, o trem e o telégrafo) e como algumas pessoas ou grupos queriam utilizar isso para obter poder. A personagem mais legal aqui é Mitzi Cinque, do clube de entretenimento, interpretada por Jasmin Hinds. O sotaque, o jeito atrapalhado de falar e a relação que ela tem com Mel são incríveis e o espectador fica muito feliz que, após a luta contra os Cybermen (que tem passagens bem chatas, que parecem rodar em torno do próprio rabo) ela tenha conseguido uma posição de destaque, tornando-se a nova prefeita de Tinseltown.

O segundo episódio da temporada se passa um pouquinho mais à frente na linha do Doutor e Mel, entre Paradise Towers e DragonfireThe Ribos Inheritance, de Jonathan Barnes, tem uma conceitualização que flerta com os contos de fada, trazendo um reino mergulhado num longo inverno e cuja política interna está abalada justamente porque diferentes grupos enxergam essa nova realidade de uma maneira diferente; e querem agir de forma a beneficiarem a sua camada social, no momento em que consertam o que quer que esteja causando este longo inverno. A trama se passa 20 anos depois (na perspectiva do planeta) que o Doutor esteve no local, durante a sua 4ª encarnação (The Ribos Operation).

Aqui, o 7º Doutor reencontra Garron (David Rintoul) e o texto explora o lado malando do personagem, que é alguém que faz coisas erradas, quase de caráter vilanesco, mas não chega a ser um vilão. As relações internas nesse episódio são menos interessantes que as do anterior, até porque é uma história bem mais longa com uma ameaça/problema não tão marcante quanto os Cybermen, tornando muitos elementos de interação entre personagens menos interessantes. A resolução simpática e a reflexão que Mel traz à tona sobre a nova personalidade do Doutor nos fazem pensar sobre as mudanças que o tempo traz, deixando o espectador com um sorriso no rosto e esperando pela próxima aventura dessa dupla. É muito difícil resistir ao charme malandro e enxadrista do 7º Doutor, não é?

The Seventh Doctor Adventures: Silver and Ice (29 de junho de 2022)
Direção: Samuel Clemens
Roteiro: Dan Starkey, Jonathan Barnes
Elenco: Sylvester McCoy, Bonnie Langford, Dan Starkey, Jeany Spark, Jasmin Hinds, Nicholas Briggs, David Rintoul, Homer Todiwala, Vivienne Rochester, Issy Van Randwyck, Paul Bazely
Duração: 217 minutos

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