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Crítica | Barbie e o Quebra-Nozes

O primeiro longa-metragem da Barbie.

por Ritter Fan
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A primeira boneca Barbie foi lançada em 09 de março de 1959 e seu sucesso histórico é algo estudado até os dias de hoje. Mesmo tendo duas filhas que adoravam a boneca quando menores (e que, agora adultas, ainda guardam os exemplares que mais gostavam), nunca captei a graça de um produto que sequer ficava em pé sozinho e que não tinha quase nenhuma maleabilidade, além de as personagens serem muito parecidas umas com as outras. No entanto, quem diabos sou eu para falar alguma coisa sobre essas peças de plástico que, para mim, quando criança, não eram mais do que somente as “namoradas do Falcon”, não é mesmo?

Apesar da explosão de animações “para vender brinquedos” nos anos 80, a criação de Ruth Handler fabricada já na casa do bilhão pela Mattel, a Barbie foi pioneira em NÃO seguir por esse caminho, provavelmente por simplesmente não precisar. Sim, tenho plena ciência de que houve dois especiais de TV animados de 30 minutos cada em 1987, mas, curiosamente, o brinquedo não embarcou nessa moda, só retornando em outro formato – especificamente longas-metragens animados em computação gráfica para lançamento direto em vídeo – em 02 de outubro de 2001, com Barbie e o Quebra-Nozes (também batizado por aqui como Barbie em o Quebra-Nozes, que é a tradução direta do título original, e, simplesmente, Barbie: O Quebra-Nozes), inaugurando uma muito bem-sucedida série de longas-metragens, séries de TV e curtas-metragens que continuam sendo lançados até hoje.

Baseado de muito longe no conto clássico de E.T.A. Hoffmann, O Quebra-Nozes e o Rei dos Camundongos, que, por sua vez, inspirou o famoso balé de Pyotr Ilyich Tchaikovsky, o roteiro da animação usa o recurso do enquadramento, com a história principal sendo contada por Barbie (Kelly Sheridan) a sua irmã pequena Kelly (Chantal Strand), quando esta sente dificuldades com passos de balé para uma apresentação que ela em breve fará. Com a moral sendo a importância de nunca desistir, começa então a aventura de Clara (também Sheridan), que ganha um Quebra-Nozes (Kirby Morrow) de sua tia e, com ele ganhando vida como Pinóquio, precisa enfrentar o Rei Camundongo em uma jornada por um mundo mágico repleto de fadas, princesas, príncipes, monstros e assim por diante.

Ainda que o design de produção faça um esforço valoroso em termos de figurino e cenários, que ganham diversas e detalhadas variações, o que sem dúvida merece comenda, a computação gráfica da animação, mesmo para os padrões da época em que o longa foi produzido, fica muito aquém do que poderia. Antes que os defensores inveterados da obra venham me atacar com enxadas e ancinhos, vale dizer que não, eu não esperava CGI de ponta. Aliás, eu não esperava nada mais do que um trabalho que fosse além do básico, mas a grande verdade é que ele não chega nem lá. Em termos de movimentações dos personagens, a computação gráfica é tão desanimada quanto a boneca original, o que prejudica quaisquer expressões faciais que não sejam extremas, além de criar um abismo considerável entre a movimentação labial e sua sincronização com o bom elenco de voz. E isso sem contar com o verniz “plástico” em todos que, reconheço, tentou emular a própria boneca em que a obra é baseada, mas que, no final das contas, conseguiu ficar mais artificial do que o próprio plástico.

Pelo menos a história em si faz esforço para criar um universo que chega a ser surpreendente de tão engajadora que é e que certamente é ainda mais para seu público-alvo. O roteiro não se furta em estruturar a narrativa na base da “descoberta e exploração de mundos” que é a base para os grandes épicos literários e cinematográficos, mas tudo dentro da escala que se pode razoavelmente esperar de uma produção desse naipe. Até mesmo a direção de Owen Hurley, que voltaria nos dois longas seguintes da franquia e, mais uma vez, em 2013, em Barbie e As Sapatilhas Mágicas, não é de se jogar fora, já que ele consegue manter um ritmo bom à aventura que só é limitado pela qualidade do CGI, claro.

Não posso dizer que Barbie e o Quebra-Nozes foi um começo particularmente caprichado para a infindável série de filmes baseados na boneca sexagenária, mas o longa certamente dá conta do recado e entrega uma adaptação da obra original, com muito uso da música de Tchaikovsky e variações a partir dela que chega a encantar. Com computação gráfica um pouco mais caprichada, talvez a obra até conseguisse ser verdadeiramente boa, quem sabe…

Barbie e o Quebra-Nozes (Barbie in the Nutcracker – EUA, 2001)
Direção: Owen Hurley
Roteiro: Linda Engelsiepen, Hilary Hinkle, Rob Hudnut (baseado no conto de E.T.A. Hoffmann e na composição de Pyotr Ilyich Tchaikovsky)
Elenco: Kelly Sheridan, Kirby Morrow, Tim Curry, Peter Kelamis, Christopher Gaze, Ian James Corlett, Chantal Strand, Kathleen Barr, French Tickner, Alex Doduk, Britt McKillip, Danny McKinnon, Shona Gailbraith
Duração: 78 min.

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