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Crítica | Barbie em Vida de Sereia

Barbie é uma sereia, mas ainda não sabe...

por Leonardo Campos
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Segredos de beleza, confusões de identidade. Essa é a tônica do universo de filmes da Barbie, personagem envolta no lúdico mundo das sereias em algumas ocasiões, mas sem mergulhar no retrato deste universo mitológico, diluído por aqui para acompanhar as demandas de entretenimento do público-alvo, isto é, meninas ainda em fase de desenvolvimento. Vida de Sereia, lançado em 2010, é uma narrativa de 75 minutos bastante colorida, rosada, intensa, com direção de Adam L. Wood e roteiro escrito por Elise Allen, tendo B. C. Smith como condutor musical da jornada desta garota loira, de corpo esbelto, olhos azuis e longos cabelos loiros, uma aventureira que por ironia do destino, descobrirá ser uma sereia. Desde os anos 1980, a Barbie tem aparecido em alguns curtas-metragens e minisséries animadas, mas apenas em 2001 a icônica personagem ganhou uma sequência mais coesa de filmes, numa série ainda vigente na atualidade. Os filmes geralmente são ruins, dramaticamente estéreis, apesar de trazer algumas lições pedagógicas interessantes sobre comportamento e relacionamentos pessoais.

Em Vida de Sereia, acompanhamos a trajetória de Merliah Summers (voz de Kelly Sheridan), uma Barbie campeã de surfe, jovem que vive com a sua família os dias ensolarados de Malibu. Certo dia, ela descobre ser uma sereia. Essa novidade vai mudar toda a sua vida. A sua mãe, a rainha Oceana, encontra-se em perigo. Eis o mote para a garota entrar em ação. Ela descobre que pode respirar na água e em todo esse processo de reviravolta, é abordada pelo golfinho Zuma (voz de Tabitha St. Germain), o seu mais novo amigo, quem vai lhe dar o apoio necessário para seguir o seu destino. Depois da descoberta, ela conta a história em casa. A sua família então resolve fazer a revelação: ela foi dada para criação quando nasceu, por motivos que a narrativa vai explicitando ao longo dos acontecimentos. Oceana, pelo que ela descobrirá, é um lugar com lindos corais e lojas, afinal, não dá para ser uma Barbie se não houver o culto ao que é belo e conectado com as demandas dos altos padrões estéticos. Ao chegar, Merliah precisa resolver as questões para salvar a o reino de sua mãe, agora nas garras de Eris, a sua tia que ocupou o posto de rainha. Isso não impede, no entanto, que a moça passe algum tempo nas lojas, preocupada em arrumar novos adornos para a decoração de sua belíssima cauda.

No desenvolvimento da história, Merliah precisa de três ferramentas para derrotar a rainha malvada. Entre lutas e embates pessoais com a sua nova condição, ela adentra por um novo mundo e faz novos amigos, dentre eles, as sereias Kayla e Xylie, elegantes e sempre preocupadas com a aparência; Os Destinos, três garotas chamadas Dee, Deanne e Deandra, jovens que possuem um salão de beleza e tem o dom de prever o futuro, dentre outros que surgem e se mantém ou que passam rapidamente pela história. Em terra, Merliah é amiga de Fallon e Madley, a primeira mais franca e sarcástica, descrente da moça quando assume ser uma sereia, e a segunda, sonhadora e mais pueril, única que inicialmente acredita na nova identidade de amiga. Sem muita história além da saga do bem contra o mal e da busca pela realização do bem comum para todos, temos mais uma saga da personagem de cintura bem definida, sempre à mostra, constantemente maquiada e com as suas longas pernas acompanhadas de um elegante salto, cabelos longos e lisos, loiros, em contraste com os belos olhos azuis, equivalente nocivo da velocidade e destruição proposta pelos brinquedos destinados ao público infantil masculino.

Assistir, pacientemente, Barbie em Vida de Sereia, me fez querer investigar um pouco sobre a trajetória da boneca que foi uma febre em sua época, atravessou gerações e ainda é um ícone da cultura pop, referenciado constantemente nas mais diversas modalidades narrativas da atualidade. A série de filmes, como já mencionado, começou em 2001 com Barbie e o Quebra-Nozes, ponto de partida de um agrupamento de produções longevos, com quase duas décadas de duração. Já a personagem, produzida pela Mattel, foi lançada com base na boneca alemã Bild Lilli, comprada depois pela franquia estadunidense que estourou e se manteve hegemônica no mercado. As bonecas Barbie foram criadas dentro de um esquema preocupado com a estética, algo que culminou na criação de um determinado padrão de beleza. Ruth Handler, esposa de um empresário poderoso nos anos 1950, viajou, viu a boneca, gostou, importou, criou uma versão com apoio do designer Jack Ryan e o resto é a história de consumo e exposição de padrões de comportamento que já conhecemos. Nos anos 1990, ganharam uma concorrente forte, a linha Bratz, feita de bonecas altamente sexualizadas, mas ainda assim, a Barbie continua sendo uma referência.

Barbie em Vida de Sereia (Barbie in a Mermaid Tale) — EUA, 2010
Direção: Adam L. Wood
Roteiro: Elise Allen
Elenco: Kelly Sheridan, Kathleen Barr, Tabitha St. Germain, Peter Mel, Nakia Burrise, Maryke Hendrikse, Emma Pierson, Ciara Janson
Duração: 75 min.

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