Home TVEpisódio Crítica | Bates Motel – 5X01: Dark Paradise

Crítica | Bates Motel – 5X01: Dark Paradise

por Luiz Santiago
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estrelas 4,5

spoilers! Leiam as críticas dos demais episódios de Bates Motel aqui. E leiam as críticas para as várias versões de Psicose aqui.

O triunfo da 4ª Temporada de Bates Motel se deu pela preparação cuidadosa no ramo da psicologia para os distúrbios de Norman, investigando suas causas, o que engatilha as decisões violentas do rapaz (embora já tivéssemos uma clara noção disso desde o final da 1ª Temporada) e as muitas possibilidades de manifestação de sua doença. Ao longo do penúltimo ano, não só as partes dramáticas se colocaram na “linha de tiro” para serem afastadas do centro, a fim de isolarem Norman e Norma; mas também o protagonista foi revirado pelos roteiros, mostrando ao público o que é possível esperar dele ou não. Tudo serviu para que no último ano, nada de didatismo ou “respostas a perguntas” fossem formuladas. Este Dark Paradise é uma prova disso.

Kerry Ehrin, que escreveu dois dos três melhores episódios da temporada passada (Forever e Norman), volta para dar início ao fim da série e o faz em alto estilo. Como é feitio da autora, a inteligência do espectador não é subestimada e o roteiro cumpre o que veio para entregar: o status dos principais personagens após o explosivo finale do ano anterior. Na primeira metade, a montagem parece um pouco truncada, gerando estranheza na passagem do bloco do Bates Motel para a vida de Dylan e Emma, por exemplo, que agora vivem em plena fofura com uma bebê na vida deles. Depois de passarmos pelas versões ‘bandidonas’ de Dylan e por toda a via crucis ao lado de Emma é uma realização vê-lo com um filha no colo. A imagem é bonita e tem peso dramático grande também, dado o histórico do personagem.

Já na metade final, a passagem entre os blocos se torna mais coerente e o espectador não tem muito problema de interrupções “atmosféricas” de uma narrativa para outra. Entre o paraíso escuro que é a nova vida de Norman e Norma e a vida fofa de ‘Dylemma’, temos Romero na prisão, a chegada moralmente inquietante de Caleb e a apresentação de Madeleine Loomis, que sabemos ter um papel importante na entrega de um personagem central de Psicose, seu esposo Sam Loomis, que deverá ganhar espaço nos capítulos seguintes.

A forte ironia do roteiro e frases que indicam duplo sentido como “i’m coming!“, usada por Norman para responder que ia jantar (uma frase dita no momento em que estava se masturbando ao espiar o casal no quarto ao lado), coroam o capítulo de abertura dessa 5ª Temporada. O ponto principal aqui é mostrar para o espectador como é a vida de Norman após a morte da mãe. Quais são os conflitos que ele enfrenta? Como as discussões com a genitora começaram e culimaram na animosidade que tão bem conhecemos do filme de 1960?

Nossa percepção é alterada aqui e vemos o mundo pelos olhos do personagem, ora diante da mãe em um mundo de fotografia de cores quentes e tons térreos, figurinos floridos e corte brusco entre os planos; ora sozinho, em um mundo cinza e azulado, sujo, desorganizado, com figurinos austeros e pesada trilha sonora. Mesmo diante dessa densidade do espaço e do som, não há mímicas do “homem mau” nem nada do tipo. A direção de arte e o restante da equipe técnica fazem um perfeito trabalho de pertencimento do personagem, de modo que não vemos nada forçado no “mundo real” do protagonista, que traz momentos dele perfeitamente consciente de que a mãe está morta e preocupado com os apagões ou com o que ele pode ter feito ali.

Vera Farmiga e Freddie Highmore gozam da excelente relação de cinco anos de trabalho juntos e a isso somam a grande qualidade que possuem como atores. O resultado é uma interpretação aplaudível das duas partes, que deve crescer e tornar-se cada vez mais insana, textualmente violenta e… castradora ao longo da temporada. A última fase de Bates Motel acabou de começar e, sabendo que seu desenvolvimento deverá manter o nível da grande estreia, já começamos a lamentar o seu fim.

Bates Motel (EUA, 20 de fevereiro de 2017)
Direção: Tucker Gates
Roteiro: Kerry Ehrin
Elenco: Vera Farmiga, Freddie Highmore, Max Thieriot, Olivia Cooke, Nestor Carbonell, Kenny Johnson, Isabelle McNally, John Hainsworth, Vivian Lanko, Sam Vincent, Kyle Warren
Duração: 42 min.

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