Home TVEpisódio Crítica | Bates Motel – 5X03: Bad Blood

Crítica | Bates Motel – 5X03: Bad Blood

por Luiz Santiago
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estrelas 3,5

spoilers! Leiam as críticas dos demais episódios de Bates Motel aqui. E leiam as críticas para as várias versões de Psicose aqui.

Inferior aos dois primeiros episódios da temporada, mas ainda assim, um bom capítulo para a construção psicológica de Norman, sua relação com “A Mãe” e a abertura de janelas importantes para o futuro (Chick como “O Escritor”; Romero fugitivo e Caleb libertado por Norman, em um momento de sanidade e negação da ordem d’A Mãe), Bad Blood tem um papel importante na temporada, embora a forma utilizada para nos trazer esse papel não tenha sido a melhor.

O maior erro aqui não é nem do roteiro, que tem seu valor provado. Mesmo não sendo tão bem articulado como em Dark ParadiseThe Convergence of the Twain (bom… além do fato de estarmos falando de roteiristas diferentes) ele é capaz de deixar os personagens em posições interessantes para problemas que sabemos que irão acontecer em breve. Além disso, dá a oportunidade para A Mãe ganhar camadas mais profundas e mais… floreadas por Norman, à medida que novos impasses, ordens e estranhezas ocorrem na casa. Chick tem um papel importante nesse miolo da narrativa, carregando também uma faceta inesperadamente cômica na temporada, divida de maneira lúgubre com a personagem de Vera Farmiga.

Freddie Highmore, por sua vez, atua com um nível de cuidado impressionante, fazendo Norman se dissipar cada vez mais e dando espaço à Mãe, inicialmente relutante, mas progressivamente intensa, sedutora, manipuladora. Todo esse pacote dramatúrgico poderia caber em Bad Blood de maneira orgânica, mas não é o que acontece, graças à irresponsável montagem. Para mim, este foi o ponto mais problemático aqui, porque interrompeu sem escrúpulos uma boa cena ligando-a a um espaço contrastante e aleatório, o que não é nem de perto o padrão da série, especialmente a partir da 4ª Temporada, quando a equipe técnica começou a ficar mais afinada e cuidadosa com o ritmo e a sequência das coisas.

Uma sensação de filler nos toma por uns cinco minutos da projeção, quando voltamos para o passado de Caleb e Norma e vemos o cotidiano deles, as brigas entre os pais, o abandono. Esta parte do passado já havia sido explorada na série, sob o ponto de vista de Norma, por isso o retorno, apenas mudando de leve a perspectiva, não foi uma boa escolha. O impasse pode ser ainda pior para alguns espectadores, porque esse momento não tem amparo em outras resoluções do episódio. A rigor, ele serve para “impulsionar” os devaneios de Caleb, mas isso poderia ficar claro de qualquer outra maneira, não era preciso um retorno ao passado, principalmente para este momento, a fim dar a largada para os sentimentos (leia-se: as muitas formas de culpa) que perturbam Caleb.

Chick terá um caminho interessante para percorrer até o final se ele for mesmo a intenção metalinguística da produção, encarnando o equivalente ao autor de Psicose, Robert Bloch. Confesso que não esperava nada parecido, mas gosto da ideia dele para registrar os acontecimentos em livro e de como os roteiros dessa temporada parecem brincar com os dois lados da história, inserindo, mesmo que sutilmente, o espectador nesse jogo de fingir ver personagens. No final das contas, todos nós estamos meio loucos, enraivecidos e felizes (?) com este ou aquele assassinato, o que é uma coisa bem estranha de se constatar. Série boa é assim, mesmo quando não está no topo, traz muita coisa de bom para nos fazer pensar sobre elementos de dentro e fora dela.

Bates Motel (EUA, 6 de março de 2017)
Direção: Sarah Boyd
Roteiro: Tom Szentgyorgyi
Elenco: Vera Farmiga, Freddie Highmore, Nestor Carbonell, Ryan Hurst, Kenny Johnson, Isabelle McNally, Travis Breure, Malcolm Craig, Mira Eden, Cameron Forbes, Joshua Hinkson, Panta Mosleh, Naomi Simpson,
Duração: 42 min.

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