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Crítica | Batman do Futuro: Fugindo do Túmulo

Até que poderia ser interessante...

por Luiz Santiago
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Fugindo do Túmulo foi o arco que trouxe o Batman do Futuro para a Era do Renascimento DC, em 2016. Com muitas referências à saga Fim dos Tempos (mas que fique claro: o leitor não precisa ter lido essa história antes. Tudo o que você precisa para entender o presente arco, está dado aqui mesmo) e com a maior cara de “começando com uma velha receita“, a trama nos mostra Terry McGinnis retornando à ativa após um tempo afastado, dominado pelo Conjurador. Não existem muitas explicações para isso, mas o leitor não precisa delas. Essas indicações breves sobre o passado do personagem ficam como um pano de fundo misterioso que não interfere negativamente na trama e nem atrapalha o nosso entendimento sobre o que ele é, sobre o que ele representa ou pretende para essa insana Neo-Gotham.

A ação começa na one-shot Batman Beyond: Rebirth #1, onde vemos o Batman lutando contra os Coringaz, grupo de vilões que alternará os holofotes aqui com Terminal (Carter Wilson), um antigo colega de escola de Terry e Dana Tan. Ele tem um plano bastante ambicioso, deixando os Coringaz (que dominam uma cidade inteira) animados e dispostos a fazer tudo para tornar esse projeto possível. O roteiro de Dan Jurgens é pragmático. Ele sabe que tem coisas demais para representar e sabe que não pode dar tempo demasiado para nada no arco de abertura, então vai desenvolvendo como pode a personalidade dos personagens centrais e ao mesmo tempo estabelece um contexto para suas vidas, de um passado recente até as suas ações no presente momento.

O autor não consegue, todavia, acertar a mão na representação de Max Gibson e Matt McGinnis (irmão mais novo de Terry), que aparecem na história meio de supetão e acabam desempenhando um papel muito importante no desenrolar da trama, dando auxílio essencial ao Batman e fazendo coisas que colocam o herói principal do título brevemente no escanteio. É o tipo de auxílio da batfamília que funcionaria melhor em momento mais adiantado do título. Aqui, contudo, foi o bloco da história que mais me pareceu encaixado, apesar de toda a simpatia e entusiasmo de Matt, que é um fofo e acaba compensando a sua presença em cena com uma personalidade adorável. O mesmo não posso falar de Max, que é insossa, tem diálogos rasteiros e uma presença apenas “para constar“, ou seja, se ela não estivesse aqui, não faria falta alguma.

A motivação para os Coringaz e para Terminal, nessa história, tem uma boa razão de ser. Existe um senso interessante de maldade nas entrelinhas que combina com aquilo que eles querem alcançar. A parte ruim dessa trama toda é que nem a DC e nem o autor estavam dispostos a assumir o peso das mortes anunciadas, então enrolaram com um plano falso e, ao término, revelaram identidades importantes com uma rapidez capaz de deixar o leitor extremamente enraivecido. Diante de um plano falso, pelo menos deveria existir uma compassada retirada do véu que encobria a verdade, mas o autor segurou a principal camada narrativa num embate [que se mostraria] sem sentido entre Terry e Terminal, e resolveu (parte em elipse, parte em segundo/terceiro plano), a coisa mais importante de todo o arco.

É muito frustrante ver a reapresentação de um bom personagem, deparar-se com uma situação trágica e aparentemente decisiva para a Nova Gotham, investir expectativa na leitura, achando que esse desenvolvimento seria bem recompensado para, ao cabo, cair em uma “pegadinha do Mallandro” e ver quase tudo o que transformava essa realidade em algo interessante… cair por terra. Imagino que Jurgens pensou que estava sendo inteligente ao fazer um plot de investigação que se revela outra coisa, mas o que ele realmente conseguiu foi diminuir a nossa vontade de continuar a ler essas histórias. Pelo menos os desenhos aqui, nas mãos de diferentes artistas, condizem com o tipo de realidade apresentada. De resto, Fugindo do Túmulo é um retorno que promete bastante coisa, mas não tem coragem de seguir com o plano e estraga a própria festa.

Batman do Futuro Vol.6 – #1 a 5: Fugindo do Túmulo + Batman Beyond: Rebirth #1 (Batman Beyond – Volume 1: Escaping the Grave) — EUA, dezembro de 2016 a abril de 2017
Roteiro: Dan Jurgens
Arte: Bernard Chang, Pete Woods, Ryan Sook
Arte-final: Bernard Chang, Pete Woods, Ryan Sook
Cores: Marcelo Maiolo, Pete Woods, Jeremy Lawson, Tony Aviña
Letras: Travis Lanham
Capas: Ryan Sook, Bernard Chang, Marcelo Maiolo
Editoria: Jim Chadwick, Rob Levin, Susie Esparza
144 páginas

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