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Crítica | Batman: Guerra ao Crime

por Guilherme Coral
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Qualquer um com o mínimo conhecimento sobre Batman sabe sobre as principais características de Gotham city. Ruas escuras, com becos tortuosos escondem o mundo criminoso que toma conta da cidade. Com policiais e governantes corruptos cabe a apenas uma pequena parcela da população e ao Homem-morcego dar alguma esperança para esse cenário nefasto. Esse é o lugar que as mais diversas histórias do vigilante mascarado procuram nos mostrar, porém são poucos os roteiros ou artes que, de fato, conseguem nos fazer acreditar nessa situação miserável, que pede a intervenção de um homem vestido de morcego. Batman: Guerra ao Crime é uma desses quadrinhos que dá vida a esse gótico palco.

Com quase todas as páginas sendo duplas, preenchidas pela ultrarrealista arte de Alex Ross, o quadrinho procura nos mostrar apenas um olhar sobre as atividades de Bruce Wayne, sua saga para salvar sua cidade natal. Desde as páginas iniciais podemos observar um foco mais intimista no protagonista – os costumeiros balões de pensamento é tudo o que lemos: não há diálogos e as poucas frases proferidas pelo Morcego nos são transmitidas em um caráter de narração. Acompanhamos Wayne em suas atividades (noturnas e diurnas) não somente em um aspecto de espectador, mas interior, sabendo exatamente o porquê de cada movimento seu.

Com isso, Dini e Ross trabalham em cima das constantes dúvidas e indagações do herói – como seria se eu nunca tivesse colocado o manto do Batman? Seria eu um criminoso? E se minha máscara de playboy fosse, de fato, meu verdadeiro rosto? Essas questões são introduzidas organicamente na trama, ao passo que ele próprio caminha por uma jornada de auto-afirmação. Com os meticulosos traços de Alex, cada expressão de Bruce é revelada e mesmo trajando sua máscara podemos perceber seu lado emocional.

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A ação dramática contínua

A diagramação das páginas ainda faz um ótimo uso da arte, não utilizando os clássicos quadros. Muitas das ações nos são passadas em uma imagem continua, sem quebras ou divisões, tornando cada página um verdadeiro quadro a ser contemplado, fazendo bom uso da horizontalidade da revista. Tal escolha garante uma notável fluidez à narrativa, ao passo que nosso olhar passa harmonicamente sobre cada página. Sua curta duração praticamente pede uma dupla leitura: a primeira para contemplar a história e a segunda para analisar cada aspecto da arte.

No fim, Batman: Guerra ao Crime, se fixa em nossa memória de forma similar a um filme. Com uma trama simples, mas que mexe no âmago do herói, trata-se de uma história que realmente conseguimos acreditar, nos identificar dentro dela. Ross e Dini nos mostram que há muito mais no Batman do que apenas sua luta contra bandidos. A guerra ao crime, que dá título à obra, requer os esforços de ambas as suas personalidades – Wayne e o Morcego – deixando claro que o seu trabalho continua mesmo após colocar os criminosos na prisão. Ele pode não conseguir erradicar a criminalidade, mas ele certamente trará alguma esperança.

Batman: Guerra ao Crime (Batman: War on Crime) – EUA, 1999
No Brasil: 
Os Maiores Super-Heróis do Mundo
Roteiro: Paul Dini e Alex Ross
Arte: Alex Ross
Editora:
 DC Comics
Editora no Brasil: Panini
Páginas: 64

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