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Crítica | Batman: Irresistível

por Guilherme Coral
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estrelas 4

A famosa publicação Lendas do Cavaleiro das Trevas conta com inúmeras histórias de qualidade, como Xamã, Gótico e Venom. Estas se destacavam não só por trazer roteiros criativos, como por oferecer uma diferente visão do Homem-morcego, mais humana, que dificilmente encontramos em outras revistas. Batman: Irresistible se mantém na mesma linha já traçada, adotando um foco maior nos personagens que na trama em si, porém, nele, vemos uma abordagem que o diferencia das histórias anteriores da publicação.

Iniciamos a narrativa da forma clássica. Batman está no meio de uma investigação e através de balões de seu pensamento acompanhamos a progressão do caso de uma forma mais íntima. Viradas algumas páginas, contudo, descobrimos que essa narração mental não provém do vigilante mascarado e sim de um outro homem, Frank Sharp. Assolado por seu rosto deformado, Sharp conta com uma habilidade única, a de manipular as ações de outras pessoas através de um aperto de mão, obrigando-as a fazer exatamente o que ele quer. Com o término de sua relação conflituosa com os pais, o jovem decide, então, utilizar seu poder para ter Gotham a sua mercê.

Irresistible, portanto, caminha com um foco constante na figura deste homem, colocando o Homem-morcego em segundo plano e cria uma tensão no leitor pela simples presença do Morcego. Tom Peyer segue o princípio de uma narrativa mais humana de Lendas do Cavaleiro das Trevas para construir a fascinante personalidade de seu protagonista, que não chega a ser herói ou vilão, funcionando na área cinzenta que diretamente entra em conflito com as visões, muitas vezes maniqueístas, de Batman. É justamente essa abordagem que lentamente nos faz torcer para essa figura, que em outra perspectiva, poderia ser considerada vilanesca, garantindo uma notável originalidade à história.

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As capas das três edições

Peyer sabe trabalhar muito bem com a figura do herói, pressionando psicologicamente o personagem principal, forçando-o a adentrar na vida do crime. A cada edição acompanhamos uma queda maior de Sharp, rapidamente captando nosso interesse ao percebermos que parte do culpado disso é o próprio Batman. Retomamos a velha pergunta presente em diversas histórias do herói, como Batman e o Monge Louco: não será ele o causador de grande parte da loucura de Gotham? Tal indagação permanece conosco ao longo das três revistas e não deixa ela, se mantendo mesmo após as páginas finais, criando um interessante diálogo interno com o leitor.

Porém, enquanto a revista se destaca no roteiro, ela acaba falhando na arte. Apesar do traçado de Tony Harris captar com exatidão as nuances emocionais de Frank, ele desliza em sua retratação dos demais personagens, tirando muito das marcas únicas de cada um e acabando por descaracterizá-los. Bruce Wayne, por exemplo, se torna praticamente irreconhecível, forçando-nos a identifica-lo pelas falas ao invés de um simples observar. Felizmente, tal fator não prejudica muito a leitura pelo já citado foco constante em Sharp.

Batman: Irresistible consegue, portanto, manter seu leitor atento sem problemas. É uma história curta, dinâmica e original, que, embora não foque no herói em si, conta com uma importante presença dele, não só como detetive, como parte do problema. Lendas do Cavaleiro das Trevas nos traz mais uma narrativa de destaque, mantendo, mesmo após inúmeras edições, sua qualidade iniciada em Xamã.

Batman: Irresistible — Lendas do Cavaleiro das Trevas #169 – 171 (EUA – 2003)
Roteiro: Tom Peyer
Arte: Tony Harris
Cores: John Kalisz, JD Mettler
Editora: DC Comics
Páginas: 21 (cada edição)

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