Home QuadrinhosMinissérie Crítica | Batman – O Cavaleiro das Trevas 3 #2 / Dark Knight III: The Master Race #2

Crítica | Batman – O Cavaleiro das Trevas 3 #2 / Dark Knight III: The Master Race #2

por Ritter Fan
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estrelas 3,5

Obs: Há spoilers do número anterior, cuja crítica você pode ler aqui.

dark_knight_III_the_master_race_2_capa_plano_criticoO começo explosivo de The Master Race, o terceiro capítulo na saga do futuro distópico de Batman iniciada por Frank Miller no clássico O Cavaleiro das Trevas tem, já em seu segundo capítulo, a primeira pausa. Se espremermos de verdade, não sai muita coisa desse segundo número, mas isso não quer necessariamente dizer que a obra já demonstra sinais de fraqueza. Ainda não é o caso.

Com Carrie Kelley presa depois de personificar o Batman, aprendemos, por ela, que Bruce Wayne está morto. Mas está mesmo? Essa é a pergunta que a comissária Ellen Yindel faz incessante para a jovem que, por 27 dias, se recusa a falar na prisão. O diálogo travado que coloca em oposição o velho e o novo, o futuro e o passado, com uma narração em off muito interessante de Yindel, mostra que Miller, com a ajuda de Azzarello, não perdeu a manha. Há uma pegada mais adulta, mais séria aqui, que torna relevante a inação que permeia as páginas iniciais até que Kelley passa a ser transportada para Blackgate.

Nesse ponto, como é padrão em absolutamente todos os filmes e quadrinhos, o leitor esperar uma fuga e isso é exatamente o que acontece, no melhor estilo exagerado e absurdo de Miller, mas nada que chegue próximo ao que vimos em O Cavaleiro das Trevas 2. Aliás, aqueles que detestaram o trabalho anterior de Miller podem respirar sossegados, pois não há sinal de seus devaneios aqui. The Master Race segue um caminho próprio, que não nega seu passado, mas que, nesse número, não avança muito a narrativa, criando mais suspense ainda para a volta inevitável e mais do que esperada do verdadeiro Batman. É como uma panela cheia de água em fogo baixo por muito tempo. É possível começar a ver a ebulição, mas tudo parece relativamente calmo.

Agora, mais do que nunca, confirma-se que o ponto de virada está próximo, já que Ray Palmer, a pedido de Lara, a super-filha de Superman e Mulher-Maravilha, finalmente é bem-sucedido em reverter o encolhimento dos kriptonianos da cidade engarrafada de Kandor. O resultado já começa a ser sentido nesse número e o potencial para embates épicos está todo lá. Se Batman quase morreu para tirar algumas gotas de sangue de Kal-El, imagina o que será necessário para enfrentar um exército de Supermen, que formarão, claro, a “raça suprema” do título que referencia os ideais nazistas.

Creio que não exista mais espaço para os roteiristas perderem tempo. São mais seis números apenas, cada um com pouco mais de 30 páginas, considerando-se que a história secundária ocupa as outras 20. É bem provável que a ação ganhe ritmo frenético já a partir da próxima edição.

A arte de Andy Kubert, com finalização de Klaus Janson  mantém a aparência “normal” que mencionei na crítica anterior, o que é mais uma forma de tranquilizar os leitores que surtaram ao se depararem com um Frank Miller sem freios em O Cavaleiro das Trevas 2.  O que realmente chama a atenção é a diagramação de páginas e a distribuição dos quadros, que emula fortemente o trabalho original de Miller, um mestre nessa arte. A sequência com Palmer lidando com os kandorianos crescidos é particularmente bem pensada e de uma beleza quase doentia. Assim como no roteiro, o potencial explosivo da arte em vindouros números é gigantesco.

Na história paralela, o foco, dessa vez, é na Mulher-Maravilha em uma sessão de treinamento com sua filha Lara. Sempre carregando seu segundo filho nas costas, a Amazona tenta ensinar à sua primogênita o que é ser uma Amazona, mas é sempre recebida com distância e um certo ar de superioridade. O caminho que Miller e Azzarello parecem estar seguindo – e as histórias paralelas “sangram” para a principal e vice-versa – é ousado e cativante, sem rótulos fáceis de “mocinho ou vilão”. Eles lidam com sentimentos, pervertendo o sentimento de gratidão que Superman sente por ter sido “recebido” pela Terra.

dark_knight_III_the_master_race_capa2_plano_criticoA arte ficou ao encargo de Eduardo Risso, substituindo o próprio Miller na história paralela anterior focada em Eléktron. E seu trabalho com a Mulher Maravilha é fenomenal. Seus característicos traços enganosamente simplistas que são normalmente voltados para elementos urbanos (vide 100 Balas) emprestam majestade à Amazona, que é retratada da mesma forma que Miller idealizou, só que com muito mais proporção e grandiosidade. Trabalhando sombras e luzes de maneira equilibrada, Risso entrega, visualmente, aquilo que o diálogo entre mãe e filha deixa entrever e permite um vislumbre do que está por vir.

O segundo número de The Master Race pisa um pouco no freio, mas entrega uma história igualmente cativante, com o bônus de ainda vermos Risso trabalhando dentro desse universo, ainda que por poucas páginas. Uma história que definitivamente promete.

DK III: The Master Race #2 (EUA, 2015)
Roteiro: Frank Miller, Brian Azzarello (ambas as histórias)
Arte: Andy Kubert (história principal), Eduardo Risso (história secundária)
Arte-final: Klaus Janson (história principal)
Cores: Brad Anderson (história principal), Trish Mulvihil (história secundária)
Letras: Clem Robins (ambas as histórias)
Editora nos EUA: DC Comics
Data original de lançamento: 23 de dezembro de 2015
Páginas: 51 (as duas histórias mais páginas extras com capas variantes)

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