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Crítica | Batman: O Homem-Morcego (1966)

por Guilherme Coral
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A primeira aparição do Homem-morcego na tela grande foi baseada na série de sucesso estrelando Adam West. Com isso em mente, é preciso assistir o longa-metragem sob diferente ótica – trata-se de uma visão mais “família” do herói, onde não temos todo o tom sombrio que veríamos nos filmes posteriores de Tim Burton, por exemplo. Batman é uma obra moralista, onde o protagonista é tratado como uma figura plena, honrada e infalível e certamente irá tirar diversas risadas do espectador atual.

Já começamos acompanhando o sequestro de um capitão e seu iate, que contém um importante protótipo para a melhoria de Gotham. Batman (Adam West) e Robin (Burt Ward) rapidamente vão ao resgate no bat-helicóptero, repleto de bat-itens certamente inseridos ali pelo poder de clarividência do Morcego, que consegue adivinhar o que vem à frente no roteiro. Ao alcançarem o barco, o vigilante mascarado desce na bat-escada (que não só é referenciada por esse nome, como conta com uma etiqueta identificando-a como tal) e tenta embarcar no iate em movimento. Sua ação é interrompida, contudo, por um tubarão oportunista que estava ali à espera do herói – sabiamente, porém, Batman trouxe seu bat-spray anti-tubarão (certamente muito útil na luta contra o crime) e se livra do animal, que explode em seguida. Tudo fora um plano para atrair o Homem-morcego para sua morte no mar.

É preciso apenas deste trecho inicial da obra para enxergamos o tom de absurdo do filme, que provoca risadas no espectador a cada situação inacreditável. Desde as investigações do detetive, suas conclusões, até os planos mirabolantes dos super-vilões, nada soa realista em Batman, forçando-nos a assistir o longa como algo que não conta com tal objetivo. Ainda assim, sob essa ótica de suspensão de descrença, podemos enxergar diversos problemas no filme. O maior deles é a narrativa serializada, que coloca tentativa atrás de tentativa dos antagonistas de derrotarem o herói. Tal fator nos leva a ter o filme como uma mera transposição do seriado para o cinema.

O tom de absurdo da obra é sedimentado pela retratação dos vilões, Pinguim, Mulher-Gato, Coringa e Charada. Os dois primeiros, por exemplo, trazem em suas falas sons que remetem aos seus animais. Em contraponto temos a seriedade de Wayne e Grayson, duas figuras exageradamente moralistas, chegando ao ponto da radicalidade em determinados trechos do longa.

Tanto a montagem quanto a fotografia não se destacam, trazendo uma linguagem similar à da televisão. Uma exceção são as tomadas aéreas que facilmente chamam a atenção pela sua precisão. A trilha sonora, de forma similar, faz usos das faixas da série, incluindo a famosa música tema do Homem-morcego.

Batman – O Homem Morcego é um filme que precisa ser visto como uma obra de comédia, caso contrário o espectador não irá passar, sequer, dos dez minutos iniciais. Conta com alguns problemas de ritmo decorrentes da narrativa fragmentada, mas, em geral entretém através das inúmeras situações absurdas que propõe. É um bom exemplo da figura do herói na década de 1960.

Batman: O Homem Morcego (Batman: The Movie – EUA, 1966)
Direção: Leslie H. Martinson
Roteiro: Lorenzo Semple Jr.
Elenco: Adam West, Burt Ward, Lee Meriwether, Cesar Romero, Burgess Meredith, Frank Gorshin, Alan Napier, Neil Hamilton, Stafford Repp
Duração: 105 min.

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