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Crítica | Batman – Um Lugar Solitário Para Morrer

por Filipe Monteiro
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Dentre os momentos mais emblemáticos na história de todas as publicações relacionadas ao homem-morcego, está a transição entre a década de 1980 para a década de 1990. Nos quadrinhos, Frank Miller concebe uma nova perspectiva sobre o heroi que jamais será visto da mesma maneira após Batman: O Cavaleiro das Trevas e Batman: Ano Um. Allan Moore não fica atrás e chega com A Piada Mortal, aquela que ainda é considerada por muitos o momento de maior amplitude na relação Batman – Coringa até então. No entanto, a popularidade ganha corpo e dimensão inimagináveis após o lançamento do longa de Tim Burton, recordista de bilheteria e uma das maiores referências a filmes de super-herois de todos os tempos.

Dentro deste cenário propício a novas empreitadas e ousadas criações, Batman – Um Lugar Solitário Para Morrer chega com a missão de ambientar um novo Robin, Tim Drake.

O desgaste à figura de Robin já tinha chegado a um nível bastante significativo. O público não aceitou muito bem a substituição de Dick Grayson pela rebeldia e inconstância de Jason Todd, por isso, em uma votação popular, decidiram encerrar sua parceria com o morcego, que passa a trilhar caminhos mais sombrios e densos daí em diante.

Com a finalidade de abrandar a conotação violenta de Batman, surge Tim Drake, que se torna mais popular que Todd por duas razões simples. A primeira é que Drake reflete os anseios e práticas do público leitor. O jovem não é um lutador exímio, tampouco tem grandes ambições em trilhar seus próprios caminhos. Tim é mais inteligente e sabe muito bem que a cautela tem mais valor que a impulsividade. A segunda razão é óbvia: qualquer um seria mais popular que Jason Todd.

A história de Mary Wolfman, George Perez, Jim Amparo e Tom Grummette ganha  altos pontos em seu roteiro. O que vemos ao longo das cinco edições veiculadas no final de 1989, é uma preocupação justificar em detalhes a entrada de Drake. Para isso, o roteiro utiliza de uma série de argumentos e relatos de eventos anteriores, de modo que Drake não pareça simplesmente cair de pára-quedas na trama, mas seja merecedor do traje.

As ilustrações também não ficam atrás e conseguem delimitar de maneira eficiente os períodos de resgate temporal. Não vemos na arte muita inovação ou experimentação, mas uma construção dinâmica capaz de dar conta do teor visado pelo roteiro.

Mais do que um relato das provações do novo Robin, Um Lugar Solitário para Morrer destaca alguns valores importantes ao direcionamento da história do morcego. A trama destaca a manutenção da parceria com Robin como elemento de equilíbrio psicológico à conduta de Batman, além marcar um importante momento: a mais expressiva criação de um Robin que adquire o título por mérito e feitos próprios.

Batman – Um Lugar Solitário Para Morrer (Batman – A Lonely Place of Dying, EUA, 1989)
Roteiro: Marv Wolfman e George Pérez.
Arte: Jim Amparo, George Pérez e Tom Grummett.
Editora: DC Comics.
Páginas: 115 (nas cinco edições).

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