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Crítica | Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Trilha Sonora Original)

por Lucas Nascimento
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estrelas 4

Definitivamente não foi uma tarefa fácil para Hans Zimmer desenvolver um novo tema para o Superman em O Homem de Aço, primeiro longa do personagem que não contava com a IMORTAL música de John Williams – já que nem John Ottman se arriscou a brincar com fogo em Superman: O Retorno. Tendo acertado em cheio na reivenção moderna e abstrata do tema musical de Kal-El, Zimmer agora se veria na árdua tarefa de criar um novo tema para o Batman… Que fosse diferente de sua própria contribuição para a trilogia do Cavaleiro das Trevas.

Seu “aprendiz” de longa data, o holandês Tom Holkenborg (nome artístico de Junkie XL) co-assina a trilha de Batman vs Superman: A Origem da Justiça, e o que temos aqui é uma bem equilibrada junção dos dois estilos: as batidas e cordas de Zimmer com a forte pegada eletrônica de Junkie. Zimmer mantém a reinvenção do Superman, enquanto Junkie ficou responsável pelo novo tema do Morcego.

Primeiramente, é válido observar como a trilha aproveita diversos acordes e faixas de O Homem de Aço, mantendo um senso de continuidade palpável. Their War Here é habilidosa por trazer a percussão nervosa do clímax da batalha de Metropolis do filme anterior, ao mesmo tempo em que a mixa com uma composição operática eletrônica (batidas de Junkie, e um forte coral que certamente veio da cabeça de Zimmer) para introduzir Bruce Wayne nesse cenário. O tema delicado de piano também aparece bastante (diria que até com um certo excesso, nas cenas de Clark com Lois Lane), rendendo belíssimas releituras em Day of the Dead e, principalmente, This is My World, na qual a orquestra torna-se dramaticamente triste para uma decisão importante de Superman durante o clímax.

Quanto a Men are Still Good (The Batman Suite), fica evidente que Junkie XL não foi capaz de criar um tema para o Morcego tão memorável quanto o da trilogia anterior, mas é uma peça sonora apropriadamente sombria e pesada, servindo bem a esta nova encarnação do personagem; batidas fortes e um leve violino de fundo. Fica mais interessante quando chegamos a níveis mais abstratos, como Must there Be a Superman, onde Junkie abraça todo o seu lado “balada” para a eletrizante – e assustadora, graças à mixagem com ruídos, explosões abafadas e grunhidos – cena do pesadelo de Batman. Vigilante é outra faixa puramente eletrônica e bizarra, fazendo jus às criações mais incômodas de Trent Reznor e Atticus Ross, além de estabelecer um clima apropriado para a primeira vez em que vemos o Batman em ação.

Por último, mas não menos importantes, o arco de Bruce Wayne/Batman também ganha a maravilhosa Beautiful Life, faixa que abre o filme na sequência em que rapidamente nos reconta a origem do personagem. É uma composição delicada e melancólica, que começa com piano e vai intensificando-se à medida em que as cordas sobem e o assassinato dos Wayne ocorre. Para um filme tão explosivo e agitado, é aliviante que comece com uma faixa tão doce.

O que nos leva aos dois principais novos temas, para os dois principais novos personagens do longa: Lex Luthor e Mulher-Maravilha. O megalomaníaco vilão de Jesse Eisenberg ganha um tema à altura do icônico magnata, com The Red Capes are Coming, uma grandiosa e misteriosa peça de órgão que confere sagacidade e malícia à Luthor, ao mesmo tempo em que remete à trabalhos de Zimmer como Piratas do Caribe e Sherlock Holmes. E a referência aos capas vermelhas de Napoleão no título – e durante a cena na qual a frase é proferida – cai como uma luva para esta empolgante composição.

Já a Mulher Maravilha tem seus acordes em Is She with You?, uma vibrante faixa que traz um inesperado uso de violoncelo elétrico, que pode muito facilmente ser confundido por uma guitarra. Confere um ar exótico e destemido para a heroína de Gal Gadot, além de injetar um ânimo enlouquecedor durante sua revelação (um dos pontos altos do filme, sem dúvida) e fornecer o tipo de música que uma guerreira Amazona poderia ter. Particularmente fico fascinado pelo uso do instrumento, especialmente sobre sua versatilidade: vale lembrar que este mesmo violoncelo elétrico também foi utilizado por Zimmer na criação do minimalista tema do Coringa de Heath Ledger.

Um quesito no qual a colaboração de Zimmer e Junkie peca é durante as cenas mais bombásticas, como Black and Blue, Do You Bleed? e Tuesday, que dão voz à dois combates do Batman com criminosos e o titular deste com Superman. Torna-se algo mais genérico e dependente de batidas repetidas e pancadas eletrônicas, que funcionam bem com os poderosos alto-falantes das salas de cinema para ajudar o espectador a entrar na ação, mas que pouco se destacam isoladamente.

No geral, a trilha de Batman vs Superman: A Origem da Justiça oferece uma evolução musical de O Homem de Aço que provavelmente é mais eficiente e lógica do que o filme em si, amadurecendo o tema de seus protagonistas e oferecendo empolgantes novas adições.

Seja lá qual for o futuro da Liga da Justiça nos cinemas, eu espero que Hans Zimmer esteja novamente no comando da orquestra.

Batman v Superman: Dawn of Justice: Original Motion Picture Soundtrack

Composto e conduzido por Hans Zimmer & Junkie XL
Gravadora:
Watertower
Ano: 2016
Estilo: Trilha Sonora

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