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Crítica | Batman/Superman: Mundos Cruzados

por Luiz Santiago
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estrelas 4

Existem duas formas de olhar para este arco. A primeira é com uma justificada rejeição devido à falta de dados para responder à pergunta: “de que serviu essa luta toda?“. A segunda é com a avaliação da história como um evento inicial que terá — e aqui é necessário contar com hipóteses — respaldo no futuro da revista. Os leitores do primeiro grupo tenderão odiar ou achar a história fraca, desnecessária ou forçada e os leitores do segundo grupo vão lidar melhor com esse tipo de drama “solto e isolado”, vendo essas primeiras 4 edições de Batman/Superman como um início interessante para mais um encontro entre esses ícones dos quadrinhos.

Parte dos Novos 52, este novo volume de histórias do Cavaleiro das Trevas com o Homem de Aço não é o primeiro encontro entre os dois e nem a primeira revista protagonizada pela dupla, mas é a primeira vez na fase do DCnU (Novos 52) que temos essa reunião oficializada em uma sequência de publicações. O roteirista Greg Pak ao lado de Jae Lee e Ben Oliver (principalmente eles, mas outros artistas também desenham, arte-finalizam e colorem parte dessas edições) fizeram um início de saga dentro dessa “Nova Era” misturando a concepção de poder/habilidades dos personagens, características principais que foram escritas sobre eles ao longo dos anos e dualidade que existe tanto em alguns quadrinhos quanto em alguns leitores sempre que falamos de um embate ou encontro entre Batman e Superman.

batman superman mundos cruzados

O arco em questão se chama Mundos Cruzados e, como já comentei antes, polariza opiniões, mas já já chegamos nesse ponto. De início, é preciso dizer que o leitor é forçado a se acostumar com uma mudança da Terra Primária (o “nosso” mundo) para a Terra-2, onde dois Batmans e dois Supers se encontram e tentam entender o que está acontecendo. E… bem, é então que os problemas de recepção da história aparecem, porque, em vista do que a vilã da vez, Kaiyo, a Trapaceira, faz no desfecho da história, a sensação de “inutilidade” de tudo aquilo é grande, embora, mesmo nesse caso, fique claro que a contenda terá continuação no futuro.

Independente de qualquer coisa, a relação entre Batmans, Supermans, Mulher-Gato, Mulher-Maravilha e Lois Lane é para lá de interessante e garante uma ótima leitura, em especial porque Jae Lee tem a capacidade de transformar até bula de remédio em um espetáculo visual que nos faz querer imprimir todas as páginas, colocar em quadros e sair pendurando pela casa. Aqui, ele contorna muitíssimo bem a sua dificuldade de aplicar o estilo misto de art déco e art nouveau a grandes cenas de luta ou grande movimentação dentro dos quadros e entrega um trabalho (como sempre) belíssimo e com uma dinâmica que se enquadra perfeitamente ao que é exigido pelo roteiro, ou seja, a mudança de uma Terra para outra, o conflito e ao mesmo tempo a amizade entre Batman e Superman, o choque dos novatos (e jovens) da Terra Primária ao perceber as habilidades e rumos de vida dos veteranos (já com mais de 35 anos) da Terra-2… tudo isso em uma atmosfera visual cativante e bem executada tanto com Lee quanto com Ben Oliver, com destaque para a ótima estrutura em lápis de sua arte e para a finalização que valorizou esse toque, dando uma continuidade conceitual, mesmo que materialmente diferente, ao trabalho de Lee.

batman e superman

O demônio Kaiyo, a Trapaceira e seus jogos, os encontros entre os heróis, a exposição da Terra Primária e da Terra-2 a um teste ético-moral e ao mesmo tempo heroico + o desfecho em aberto da aventura são partes de uma aventura que não se encerra e que de certa forma pode dar a sensação (justificada) de anticlímax. Eu particularmente senti isso, mas levando em conta o último quadro e a promessa de uma “visita tenebrosa” de Darkseid no futuro, o roteiro acaba se justificando e servindo como apresentação básica para os personagens. Na soma de tudo, é exatamente isso que fica marcado, o primeiro encontro de Clark Kent e Bruce Wayne e o início do que pode ser algo muito interessante mais para frente.

E sobre os comentados “problemas de continuação”, vale dizer que eles não existem. O leitor deve ter em mente que para Wayne/Batman, os eventos dessa história se passam no início de seu Ano Um na Era dos Novos 52, o que nos faz pensar que o mesmo vale para Clark/Superman, principalmente porque sabemos que ele é bem jovem (22 anos, segundo afirma para sua versão mais velha da Terra-2), de modo que nada dessa aventura interfere, desmente ou inutiliza ações das revistas individuais de ambos os heróis nos Novos 52.

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Ilustrada com grande beleza; com cores (especialmente para os blocos do Superman, focando em paleta quente) fascinantes e um roteiro que serve tanto como apresentação como plantio de uma potente semente para um conflito futuro, Mundos Cruzados é um ótimo [re]início de saga para esses dois grandes personagens. Vale a pena correr o risco e ler pelo menos o primeiro arco. Nem que seja só pela arte.

Nota final: temos aqui também a edição 3.1, Batman/Superman: Doomsday, que se enquadra dentro daquela fase dos vilões sendo o destaque nas revistas mensais da DC publicadas em 2013. Não se sintam mal em ignorar esse negócio, porque ele não serve para absolutamente nada dentro do arco Mundos Cruzados. Pode passar direto.

Batman/Superman – Novos 52 #1 a 4: Mundos Cruzados  (New 52: Cross World) — EUA, ago/dez, 2013
Roteiro: Greg Pak
Arte: Jae Lee, Ben Oliver, Yildiray Cinar / Brett Booth (edição 3.1)
Arte-final: Jae Lee, Ben Oliver, Yildiray Cinar / Norm Rapmund (edição 3.1)
Cores: June Chung, Daniel Brown, Matt Yackey, John Kalisz / Andrew Dalhouse (edição 3.1)
Letras: Rob Leigh / Carlos M. Mangual (edição 3.1)
Capas: Jae Lee, June Chung / Tony S. Daniel, Sandu Florea, Tomeu Morey (edição 3.1)
32 páginas (cada edição)

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