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Crítica | Beastie Boys Story

por Roberto Honorato
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Se hoje temos grupos de rap cômico como The Lonely Island, com letras que satirizam a mentalidade de homens brancos de fraternidades das universidades norte-americanas, muito se deve ao grupo Beastie Boys, formado por três jovens brancos tentando entrar na cena do rap e hip hop antes mesmo de Eminem se auto-proclamar o “Deus do Rap”. Não só esses três jovens conseguiram criar um nome em um território musical majoritariamente negro, como contribuíram para a história da música, com um jornada que esbarra nas origens de gravadoras como a Def Jam, o produtor Rick Rubin e a dupla Dust Brothers.

Adam “Ad-Rock” Horowitz, Michael “Mike D” Diamong e Adam “MCA” Yauch se conheceram durante o auge da febre punk-rock, mas foi com a ascensão do rap e hip hop que descobriram sua própria identidade, formando a Beastie Boys. Tudo começou apenas como uma brincadeira e o trio enviou algumas de suas fitas demo para várias rádios. Surpreendentemente, seu som chegou aos ouvidos de todos, até mesmo Afrika Bambaataa, um dos padrinhos do electro e hip hop, que adorou a mistura de rock, rap experimental e comédia que os jovens traziam. 

Com um som e personalidade únicos, o trio decolou rápido, mas teve vários obstáculos (que os próprios colocaram no caminho). E é essa história que o documentário Beastie Boys Story apresenta, tentando sintetizar o sucesso, o fracasso e o retorno ao sucesso da banda, chegando ao momento derradeiro em que perderam um de seus membros, Adam Yauch, para um câncer.

Para a direção, Ad-Rock e Mike D conseguiram trazer Spike Jonze, que antes de realizar filmes como Ela (2013) e Quero ser John Malkovich (1999), iniciou sua carreira atrás das câmeras com vídeo clipes da banda, incluindo o excelente Sabotage, de 1994, facilmente um dos melhores que a era MTV já exibiu (convenhamos, foi o melhor). Para o documentário, Jonze escolhe um formato simples, com os dois membros remanescentes do grupo em um teatro, com um retroprojetor e um enorme painel onde exibem imagens e trechos de entrevistas e músicas enquanto narram sua história.

Tudo acaba com uma atmosfera similar a de uma apresentação TED, o que é limitador e pouco inventivo para uma banda como a Beastie Boys. Felizmente, Jonze inclui alguns clipes e montagens que servem para interagir com a dupla no palco, sem contar que Ad-Rock e Mike D são divertidos e carismáticos o suficiente para entreter qualquer fã da banda, o que é uma vantagem para quem pretende assistir esse documentário, porque algumas “piadas internas” e referências podem passar despercebidas pela cabeça de quem não conhece, mesmo que superficialmente, a banda. Personagens como Nathaniel Hornblower, que era basicamente Adam Yauch em uma fantasia de estereótipo holandês, é o tipo de brincadeira que o documentário menciona, mas não explora.

Durante a apresentação de sua história, a banda não evita assuntos delicados e comenta porque se separaram de Rick Rubin, as letras problemáticas do começo da carreira, as atitudes erradas, o amadurecimento e a saudade de seu amigo, Yauch. É estranho como o documentário deixa apenas para os créditos finais algumas sequências de bastidores e de participações especiais de comediantes como Ben Stiller e David Cross, o que cairia bem durante o documentário, principalmente para quebrar um pouco o formato, carregado de formalidade. 

Spike Jonze pode não ter usado toda a sua criatividade para dar mais vida ao documentário, mas Beastie Boys Story ainda vai agradar todos que cresceram ouvindo o trio e querem apenas assistir os membros contando sua história e ouvir um pouco da música, que sempre vai divertir.

Beastie Boys Story (EUA – 2020)
Direção: Spike Jonze
Roteiro: Adam Horowitz, Mike D, Spike Jonze
Com: Adam Horowitz, Mike D, Adam Yauch, Ben Stiller, Steve Buscemi, David Cross, Spike Jonze, Michael Kenneth Williams
Disponibilidade no Brasil: Apple TV+
Duração: 119 min.

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