Lançado em 2002 como parte da edição especial em mídia física deste icônico filme de monstro, Behind The Peepers: Os Bastidores de Olhos Famintos nos leva a uma viagem fascinante pelo processo de criação de um filme que, embora não fosse inicialmente esperado que atingisse tanto sucesso, se firmou como um clássico cult. Com uma duração de 98 minutos, o documentário é dividido em seis partes, cada uma explorando aspectos únicos da produção. Por aqui, mergulharemos nos tópicos abordados em cada seção, destacando os desafios criativos e as colaborações que foram fundamentais para dar vida a esta obra marcante. Na primeira parte, Desenhando o Creeper, o diretor Victor Salva conta a história por trás do design da criatura que se tornaria o coração do filme. A escolha do artista Brad Parker para criar os storyboards foi fundamental, e Parker impressionou a todos na primeira reunião ao apresentar quatro esboços envolventes do Creeper. Inspirado pelas imagens de espantalhos que viu crescendo no Nebraska, Parker capturou a essência do que muitos consideram um dos monstros mais memoráveis do cinema. O que torna o Creeper tão aterrorizante, de acordo com os entrevistados, é a sua ambiguidade; suas motivações permanecem desconhecidas, o que intensifica o medo. Salva e os artistas concordam que o Creeper é o monstro que todos os adultos temiam na infância, tornando sua presença ainda mais angustiante na narrativa do filme.
Seguindo com a segunda parte, Carros e Caminhões, o documentário nos leva para a busca do veículo dos irmãos Trish e Darry, além de explorar a complexidade do caminhão do Creeper. Este segmento destaca o processo técnico de filmagem das frenéticas cenas de perseguição, nas quais as câmeras eram acopladas em diferentes ângulos para capturar a essência da ação. Salva explica que a representação do monstro em cena é tripla, manifestando-se como uma figura automotiva, uma forma de espantalho e, finalmente, a imagem de uma criatura aterrorizante encontrada na cena climática da delegacia. Essa dualidade nas representações do Creeper agrega uma camada de tensão ao filme, pois os espectadores nunca sabem o que esperar em seguida. A terceira parte, O Creeper Chega à Flórida, oferece uma visão sobre o processo de contratação e os ensaios do ator Jonathan Brecker, que daria vida ao icônico monstro. Após oito meses de testes intensivos, com múltiplas próteses, trajes e efeitos especiais, o personagem finalmente ganhou vida. Os entrevistados notam que o Creeper exibe características góticas que lembram gárgulas, uma realização que só foi possível graças ao rigoroso processo de colaboração entre toda a equipe. A dedicação de todos nesse estágio de desenvolvimento ilustra a importância do trabalho coletivo na criação de uma figura tão memorável e original.
Na quarta parte, Filmagem Noturna, os realizadores discutem os desafios de filmar cenas de ação diante de condições de baixa luminosidade. O diretor de fotografia teve um papel crucial na experiência visual do filme, trabalhando incansavelmente para emular a luz da lua e criar uma atmosfera noturna realista. É interessante notar que, enquanto muitos filmes modernos recorrem amplamente ao CGI, Olhos Famintos se destaca pelo uso de efeitos práticos, que foram preferidos em quase todas as cenas. Essa ênfase em métodos tradicionais de filmagem elevou a autenticidade do filme, contribuindo para sua atmosfera sombria e opressiva. Na quinta parte, intitulada A Trilha Sonora de Olhos Famintos, entramos em um dos aspectos mais finos do cinema: a música. O compositor Bennet Salvay compartilha sua experiência ao trabalhar nesta produção, revelando como desenvolveu duas orquestras distintas para compor a trilha sonora. Salva proporcionou a Salvay uma liberdade criativa rara, permitindo que ele experimentasse e encontrasse sons que se encaixassem perfeitamente no tom do filme. O tema principal, que aparece em inúmeras variações ao longo do filme, contribui enormemente para a construção da tensão e a emoção que cercam os personagens.
E, finalmente, na sexta parte, Encontrando Trish e Darry, a história culmina na apresentação dos irmãos protagonistas, revelando um olhar mais detalhado sobre como os atores que interpretam esses personagens foram escolhidos e como se prepararam para seus papéis. A química entre os dois se mostra vital para a narrativa, refletindo o medo, a angústia e a luta pela sobrevivência que definem a experiência do filme. O documentário, portanto, não apenas homenageia o legado de Olhos Famintos, um sucesso inesperado, mas também ilumina o árduo trabalho e a criatividade que tornaram possível a realização dessa obra. Em lingas gerais, Behind The Peepers é, sem dúvida, um testemunho da paixão e da dedicação envolvidas na produção de um filme de terror que, para muitos, transcende o gênero e se torna uma experiência única. Por meio das reflexões de seus criadores e das histórias dos bastidores, somos convidados a adentrar nos agitados processos criativos de Olhos Famintos e compreender melhor os mecanismos que engendram o desenvolvimento de uma narrativa cinematográfica. Assim, enquanto desfrutamos do filme, somos lembrados do esforço coletivo que o tornou possível, um marco que certamente permanecerá na memória dos amantes do terror por muitos anos.
Behind The Peepers: Os Bastidores de Olhos Famintos (Behind The Peepers: The Making-Of Jeepers Creepers) – Alemanha/EUA, 2001
Direção: Victor Salva, Tom Tarantini
Roteiro: Victor Salva, Tom Tarantini
Elenco: Gina Philips, Justin Long, Victor Salva, Tom Luse, Jonathan Breck, Patricia Belcher, Brian Penikas, Bennett Salvay
Duração: 88 min.