Home Audiodramas Crítica | Big Finish Mensal #13: The Shadow of the Scourge

Crítica | Big Finish Mensal #13: The Shadow of the Scourge

por Luiz Santiago
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Equipe: 7º Doutor, Ace e Bernice “Benny” Summerfield
Espaço: Hotel Pinehill Crest, Kent, Inglaterra
Tempo:
 13 de agosto de 2003

O cenário que o roteiro de Paul Cornell nos apresenta em The Shadow of the Scourge é interessantíssimo. A aventura, na linha das que foram publicadas pela Virgin New Adventures (a série de livros que, de 1991 a 1997, trouxe-nos inéditas histórias do 7º Doutor), tem um ar urbano e estranhamente verosímil, elencando conflitos humanos de primeira ordem, uma não tão estranha presença de um ser sobrenatural entre os terráqueos e uma estrutura narrativa que tem a cara e o corpo dos filmes “B” de ficção científica dos anos 90, dentre os quais, Doctor Who – O Senhor do Tempo.

Num ambiente claustrofóbico e/ou isolado, quase tudo se torna mais assustador do que realmente é, e isso abre espaço para relatos fantásticos e falta de crédito racional de outras pessoas quando o verdadeiro e comprovado mal resolve aparecer (o 5º Doutor e Nyssa já tinham vivenciado isso em Winter for the Adept, por exemplo). Mas esse não é bem o caso de The Shadow of the Scourge. A história acontece em um grande, famoso e movimentado hotel, num dia em que três grandes eventos ocorriam no lugar: uma convenção de bordado em ponto-cruz (sério mesmo, Paul Cornell?); um experimento científico sobre viagens no tempo (conveniente sem ser vulgar, hum?) e uma reunião de gente estranha para invocar um espírito que posteriormente saberemos ser o vilão da história.

No meio de tanta gente, a trama não poderia ser assim tão assustadora, não faz sentido dramático (lembremos que o estilo “sci-fi anos 90” adorava misturar a ficção científica com terror). Pois bem, até metade do segundo episódio, o texto de Cornell consegue nos divertir, amedrontar um pouquinho e deixar um bom suspense no ar. A relação entre o Doutor com suas companions Ace e Benny é de extrema simpatia e cumplicidade, os três sempre trabalhando em equipe para tentar resolver a coisa estranha que identificaram no hotel assim que saíram do elevador (note que o Doutor não perdeu a oportunidade e pegou o quarto de número 666).

A produção começa a descambar para o horror narrativo quando os demônios em forma de louva-a-deus (sério mesmo, Paul Cornell?) ganham espaço aberto na trama. O texto acha um jeito de ligar a gravidez de uma das personagens ao plano dos Scourges; em seguida realiza uma intricada e desnecessária prisão mental + possessão corporal do Doutor e, por fim, joga com uma linha de eventos do tipo “arenque defumado”, proposta bem explorada no início mas depois abandonada aos trancos e barrancos, justificadas como coisas causadas pelo sobrenatural.

Mas a despeito do questionável desenvolvimento do roteiro, a produção da Big Finish está de parabéns. Trilha e efeitos sonoros, direção de atores (Sylvester McCoy segue a mesma excelente linha que apresentara em The Fires of Vulcan) e montagem, tudo orquestrado com equilíbrio e muita competência por Gary Russell, que assina a direção do arco. Vale também citar as ótimas presenças das atrizes Sophie Aldred (Ace, a gloriosa) e Lisa Bowerman (Benny), que seguram tranquilamente as cenas em que aparecem sozinhas e dão um calor todo especial à história, principalmente porque não procuram ser tão diplomáticas quanto o Doutor.

The Shadow of the Scourge começa de forma maravilhosa mas em dado momento se atropela devido a grande quantidade de acontecimentos, não conseguindo mais seguir em frente. Após o quase-exorcismo que Ace e Benny fazem (e a “despossessão” da mente e corpo do Doutor), a coisa ganha uma cara um pouco melhor, mas então já estamos nos últimos minutos da aventura e pouco temos para aproveitar, e terminamos assim, com a lembrança de um ótimo início, um estranhíssimo desenvolvimento e um quase-interessante final.

The Shadow of the Scourge (Reino Unido, outubro de 2000)
Direção: Gary Russell
Roteiro: Paul Cornell
Elenco: Sylvester McCoy, Sophie Aldred, Lisa Bowerman, Holly King, Caroline Burns-Cook, Lennox Greaves, Michael Piccarilli, Nigel Fairs, Peter Trapani
Duração: 4 episódios de c. 22 min.

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