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Crítica | Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica

por Ritter Fan
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Bogus. Heinous. Most non-triumphant. Ah, Ted, don’t be dead, dude.
– Bill

Centenas de anos no futuro, a sociedade humana vive uma utopia graças à inspiração dos dois mais importantes personagens da História do Mundo: Bill S. Preston, Esq. e Ted ‘’Theodore’’ Logan. Mas, para que essa utopia seja garantida, é necessário fazer de tudo para que os dois não repitam o ano na escola em razão da prova de história, o que os levaria à separação e o fim do dueto musical – que mal sabe tocar algum instrumento – Wyld Stallyns. E Rufus (George Carlin), então, é designado para voltar para 1988 e entregar o instrumento necessário para que os dois passem de ano: uma máquina do tempo que faz as vezes de cabine telefônica (qualquer semelhança com a TARDIS não é mera coincidência) para que a dupla possa aprender história vendo a história acontecer.

E é com essa premissa simpática, originada de uma rotina de comédia stand-up que Ed Solomon e Chris Matheson criaram, que os dois escreveram o roteiro de Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica, o que acabou resultando em um longa de baixo orçamento que é bobo do começo ao fim, mas que funciona graças aos carismáticos protagonistas e à direção inteligente de Stephen Herek que, antes, só havia comandado o igualmente bem bolado Criaturas. É viagem no tempo feita no estilo guerrilha, no quintal de casa e com figurinos encontrados no baú dos avós, mas esse é todo o espírito desse longa que, com seu sucesso, ganhou duas séries de TV, duas continuações, games e quadrinhos, sendo cultuado até hoje.

Alex Winter como Bill e Keanu Reeves como Ted são os tesouros do filme em papeis que lembram muito os personagens Wayne Campbell e Garth Algar de Quanto Mais Idiota Melhor, filme de 1992, mas baseado em esquete de 1987 do Saturday Night Live. Bill e Ted são pseudo-músicos de garagem e péssimos alunos de sua escola em San Dimas, na Califórnia. Na verdade “péssimo” é eufemismo, pois eles são, na verdade duas completas negações que falam em monossílabos – ou usando palavras cujos significados eles certamente nem sabem – como completos idiotas, fazem guitarra de ar e não muito mais do que isso, mas que, graças a Winter e Reeves, exalam simpatia, conectando-se imediatamente com quem quer que entre no espírito da brincadeira.

O roteiro basicamente arremessa os dois para várias épocas da História do Mundo em diversos países diferentes para que eles recolham personalidades históricas para o decisivo trabalho de escola no dia seguinte. Com isso, passeamos pela França napoleônica para inadvertidamente trazer de volta o próprio Napoleão (Terry Camilleri), pelo Velho Oeste para recrutar Billy the Kid (Dan Shor) e ato contínuo para a Grécia Antiga para arregimentar Sócrates (Tony Steedman), com pulos pela Europa medieval, Mongólia, Alemanha, Áustria e assim por diante em uma sucessão muito rápida de bobagens quase que completamente sem sentido e piadas cuja graça só existe porque são ao mesmo tempo completamente idiotas e faladas com coração pela dupla protagonista. E, como se isso não bastasse, há tempo até mesmo para que uma subtrama envolvendo a bela e jovem madrasta de Bill seja construída unicamente para os dividendos sejam pagos em uma única frase ao final sobre Complexo de Édipo que Bill diz para ninguém menos do que o próprio Sigmund Freud (Rod Loomis)!

No entanto, se o começo tem um ótimo passo que se aproveita bem da natureza boba da premissa e dos personagens, a segunda metade, com todas as figuras histórias no presente em San Dimas, faz o longa perder o ritmo quase que completamente, já que o artifício da viagem do tempo não está mais presente e a pluralidade de atores acaba retirando o foco de Bill e Ted que, convenhamos, são os que interessam. Mesmo assim, a sequência em que a dupla precisa libertar as figuras histórias da prisão é memorável por ser um grande exemplo de como o baixo orçamento leva a saídas espertas de roteiro e direção. Nela, Herek reedita o conceito que vemos mais famosamente em De Volta para o Futuro II, com o retorno de Marty McFly para os anos 50, onde permanece nos bastidores da ação do primeiro filme, só que sem gastar um centavo. Bill e Ted apenas “dizem” que não podem esquecer de fazer isso ou aquilo viajando pelo tempo depois que tudo acabar para que o “isso ou aquilo” aconteça de verdade no momento em que têm a ideia. É o paradoxo temporal sensacionalmente “suecado” de Rebobine, Por Favor dezenove anos antes do filme de Michael Gondry.

E, ironicamente, brincando com a história, um filminho despretensioso com dois atores que funcionam muito bem juntos e que demonstram tino cômico, acaba discretamente entrando para a história das comédias bobalhonas oitentistas e inspirando muitas outras no processo. Excelente!

Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica (Bill & Ted’s Excellent Adventure, EUA – 1989)
Direção: Stephen Herek
Roteiro: Chris Matheson, Ed Solomon
Elenco: Keanu Reeves, Alex Winter, George Carlin, Terry Camilleri, Dan Shor, Tony Steedman, Rod Loomis, Al Leong, Jane Wiedlin, Robert V. Barron, Clifford David, Hal Landon Jr., Bernie Casey, Amy Stock-Poynton, J. Patrick McNamara, Frazier Bain, John Karlsen, Diane Franklin, Kimberley LaBelle, Clarence Clemons, Martha Davis, Fee Waybill
Duração: 90 min.

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