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Crítica | Black Lightning – 1X08: The Book of Revelations

por Luiz Santiago
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Há SPOILERS do episódio e da série. Leia, aquias críticas dos outros episódios e, aquias críticas das HQs.

De volta aos trilhos, Black Lightning nos apresenta um episódio interessante, sob muitos sentidos. Como eu já havia abordado em crítica de episódios passados, tudo caminhava para uma apresentação geral do trio de heróis que formam a família Pierce, começando com o cabeça da família (e antes que alguém reclame dessa posição, analise o cenário e entenda que Jefferson é, de fato, o que podemos chamar de “cabeça” da família), Raio Negro; seguindo para a filha mais velha, Anissa, que veste o manto de Tormenta e agora, a caçula Jennifer, que vestirá o manto de Rajada. As possibilidades são tantas e tão boas, que é impossível segurar um sorriso. Se a CW souber realmente trabalhar o que tem em mãos, teremos uma segunda temporada simplesmente sensacional.

Com o assassinato de Lady Eve em Equinox: The Book of Fate — de longe, a pior decisão da produção até o momento — as coisas não seguiram boas para o Raio Negro. A polícia caiu na armadilha feita por Tobias e sua irmã, ligando as queimaduras à uma ação do herói, que do dia para a noite, despertou o ódio da população, como acontece com a volátil opinião pública nessas ocasiões. O início do episódio é uma interessante passagem por declarações na televisão de cidadãos preocupados com “o que vem daí para frente” e cenas do treinamento de Jefferson e Anissa. A ação parece até rápida demais, mas eu entendo a escolha por uma brevidade no treinamento e a colocação de Anissa em campo, aprendendo compassadamente em vez de esperar mais. Em termos de temporalidade narrativa, causa estranheza sim, porque não é natural. Mas não é ruim. E podem ter certeza: o outro caminho a ser seguido… este sim, seria um convite ao tédio.

A direção de Tanya Hamilton supre bem as necessidades dramáticas do episódio. A relativa falta de habilidade da diretora em guiar cenas de ação (ela parece não saber onde colocar a câmera, dando uma impressão geral bastante engraçada para as sequências, como se fosse uma série experimental) é compensada por sua enorme elegância ao dirigir cenas mais comuns, todas muito bem abordadas, com os planos visualmente interessantes e movimentos de câmera acertados para cada ocasião. As cenas na Alfaiataria de Gambi, as cenas na casa dos Pierce e dentro do laboratório de Lynn são as mais interessantes. O único momento dramático que não saiu bom, foi o da câmera colocada através do vidro, como se alguém estivesse observando Lynn. Evidente que eu entendo o apelo, mas nesse ponto, sou um espectador pragmático: se a imagem me indica uma coisa mais de uma vez, que haja pelo menos a manifestação de que tem algo errado está acontecendo. Não consigo ter paciência para “figas” estéticas em série. Mas aqui não é um erro mortal nem nada disso, apenas um incômodo desnecessário.

A maior surpresa, porém, veio com o “primeiro momento” de Jennifer em contato com os seus poderes. Confesso que estava preocupado em relação ao tempo que demorariam para mostrar a manifestação de Rajada na série. Como as decisões do episódio passado foram questionáveis, meu temor era que utilizassem do assassinato de Lady Eve para criar um “novo fôlego” vilanesco e escanteassem o drama heroico, o que seria a derrocada da série, sem dúvida. Mas foi com grande felicidade que vi o surgimento dos poderes e, melhor ainda, a exposição de Jennifer para irmã de imediato. Isso combina com a personagem, que mereceu segurar o cliffhanger do capítulo, com sua revelação. Meu único adendo é que a partir de agora os roteiros deverão dar falas mais substanciais para a atriz China Anne McClain trabalhar, evitando que ela seja uma personagem chata, algo que definitivamente não é, nos quadrinhos. Será uma pena se for tratada como uma heroína “adolescente problemática” e só. Ela é bem mais do que isso. Ela e o círculo SOCIAL dela no futuro. Hehehe.

O ponto fraco do episódio, ao menos na questão do enredo, foi o bloco de Lala. Eu gosto do ator, adorei a direção de fotografia para as cenas em que ele aparece (a sequência do banho é visualmente linda!), gostei do uso da trilha sonora nessas mesmas cenas, mas ainda não me desce esse retorno. É quase certo que tudo será explicado a contento em breve, mas isso não tira o fato de que, pelo menos até aqui, a volta de Lala é um estorvo. Tomara que essa fase passe rápido. O caminho para as coisas boas precisa ficar livre o quanto antes.

Em tempo: a revelação de Gambi foi como puxar um espinho da pele. Gostei da objetividade do roteiro de Jan Nash a esse respeito, embora tivesse ficado ainda mais feliz se a coisa toda se estendesse para mais detalhes. Mas está bom assim. Pelo menos a gente sabe que mais informações virão no próximo episódio.

Black Lightning – 1X08: The Book of Revelations (EUA, 2018)
Direção: Tanya Hamilton
Roteiro: Jan Nash
Elenco: Cress Williams, China Anne McClain, Nafessa Williams, Christine Adams, Damon Gupton, James Remar, Gregg Henry, William Catlett, Tracey Bonner, Al-Jaleel Knox, Kyanna Simone Simpson, Anthony Reynolds, Godholly, Mike Forbs
Duração: 43 min.

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