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Crítica | Blade Runner: Black Lotus – 1X03: Requerimentos Necessários para Ser Humano

Ser Replicante ou não ser Replicante, eis a questão!

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Mencionei isso rapidamente na crítica anterior, mas acho que vale reiterar: Black Lotus tem uma estrutura de longa-metragem cortado e transmitido em 13 capítulos, com cada um sendo a direta e imediata continuação do outro. E não, isso não é de forma alguma um defeito, apenas mesmo uma constatação que me leva a concluir que talvez a melhor maneira de se analisar a temporada seja em seu conjunto, depois de encerrada. Assim, por episódio, pode ser que meus comentários acabem sendo injustos com o todo, mas, claro, esse é sempre o ônus de toda série analisada desta forma, ainda que, aqui, ele seja mais saliente.

Meu ponto é que Requerimentos Necessários para Ser Humano (para que esse título enorme se o título em inglês é The Human Condition, ou, em tradução direta, A Condição Humana?) oferece pouquíssimos incrementos à história para realmente parecer um episódio que mereça uma análise em apartado. Obviamente, os problemas com a plasticidade dos humanos e androides de aparência humana continua firme e forte. Na verdade, mais forte ainda, já que o terceiro capítulo investe muito tempo na conexão entre Elle e Joseph, que atirou nela no cliffhanger anterior e a levou a seu apartamento, permitindo que estudemos cada expressão, cada movimentação dos dois e isso é um problema para o CGI escolhido para (des)animar os personagens vivos. Chega a realmente incomodar os cabelos que desobedecem as leis da física e as expressões imutáveis de cada um dos dois, como dois bonecos de cera que, de repente, ganharam vida. Mas isso é algo que não pretendo mencionar a cada crítica, pois não mudará mesmo, cabendo a nós apenas tentarmos nos acostumar e lutar para tornar a experiência de se atravessar esse Vale da Estranheza menos distrativa.

Retornando ao roteiro, o que o episódio faz é colocar dúvidas sobre a natureza de Elle, retornando a temporada à estaca zero neste aspecto. Já havíamos visto seus olhos refletindo a luz exatamente como os dos Replicantes e o Senador Bannister foi textual ao afirmar sua natureza de apenas um brinquedo para a diversão dele e de seus colegas. Agora, Joseph desdiz isso de maneira bastante categórica não só ao examinar os olhos de Elle como – de forma muito mais relevante – sacando uma máquina do teste Voight-Kampf para tirar a dúvida de uma vez por todas. Claro que talvez ainda não tenhamos chegado à verdade, pois não só o teste é interpretativo – até onde sei -, como Joseph pode ter motivos ulteriores para desfazer a ideia de que Elle seria Replicante. Tudo bem, faz parte do jogo, ainda que esse vai-e-vem deva parar pelo menos por agora, já que não faz sentido a temporada basear-se apenas nessa dúvida.

Logicamente, porém, agora temos outra questão posta na mesa: quem é Joseph? Afinal, ter uma máquina de testes daquela e, mais ainda, saber ministrá-lo, não me parece algo trivial e corriqueiro, pelo que ele próprio deve ter um passado a ser explorado. Teria sido ele um policial? Talvez até um Blade Runner? Em caso positivo, essa será uma daquelas coincidências extremas que simplesmente teremos que aceitar, já que ele, chegando na gigantesca Los Angeles e parando justamente no apartamento de um ex-Blade Runner me parece bem forçado, mas não impossível ou fora de esquadro.

Falando em policial, depois de termos uma indicação firme dos instintos de Alani Davis, que imediatamente suspeitou de Elle, agora ganhamos uma dose extra de ação – a única do episódio, aliás – para mostrar o quanto ela é badass. É interessante notar como os problemas nos modelos em computação gráfica de humanos não atrapalha muito as sequências de ação, o que, na verdade, é um bênção para a série, caso contrário ela seria toda travada. A pancadaria foi boa, eficiente e útil para a trama, colocando a detetive diretamente no encalço de Elle e, muito sinceramente, deixando-me meio que com pena dessa gangue que não para de apanhar…

Requerimentos Necessários para Ser Humano ainda não é o episódio que mostrar a que a série veio, algo que ela precisa urgentemente que aconteça. Dá a impressão que há uma história maior e mais complexa por trás, mas que só fica na superfície com base na falta de memória de Elle, aquele artificiozinho maroto que, como disse na crítica inaugural, cansa por já ter sido usado vezes demais. De qualquer forma, fica a torcida para a série encontre seu equilíbrio e, reunindo Elle, Joseph, Doc Badger e Alani, ela vá além de uma narrativa procedimental policial e avance com vontade nesse fascinante e ainda muito pouco explorado universo sci-fi.

Blade Runner: Black Lotus – 1X03: Requerimentos Necessários para Ser Humano (EUA/Japão, 21 de novembro de 2021)
Direção: Masayuki Miyaji
Roteiro: Brandon Auman
Elenco (em japonês): Arisa Shida, Takayuki Kinba, Shinshu Fuji, Takaya Hashi, Takehito Koyasu, Masane Tsukayama, Takako Honda
Elenco (em inglês): Jessica Henwick, Barkhad Abdi, Will Yun Lee, Brian Cox, Wes Bentley, Gregg Henry, Samira Wiley
Duração: 22 min.

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