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Crítica | Bom Willer: Um Ranger em Ação

Tex está diferente...

por Luiz Santiago
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Grande fã de paródias que sou, foi com extrema felicidade que cheguei a esta versão de Corrado Mastantuono para um dos mais importantes e famosos personagens dos quadrinhos italianos (e diria mais: mundiais), o ranger Tex Willer. Carro-chefe da Sergio Bonelli Editore, o personagem fez sua estreia em 1948, numa história chamada O Totem Misterioso, e, com o passar dos anos, dois grandes companheiros de viagens surgiram em suas publicações: o “bode velho” Kit Carson e Jack Tigre, “o índio navajo que fala pouco, mas age muito”. E foi pensando nesse trio central de personagens das histórias de Tex (para quem Mastantuono já desenhou algumas aventuras e, até o momento de publicação dessa crítica, eu já escrevi sobre duas delas aqui: O Profeta Indígena e Justiça em Corpus Christi, mas existem muito mais do que isso) que o roteirista trouxe mais uma vez o selvagem Velho Oeste para os quadrinhos da Disney, tendo agora o recorte da paródia texiana. E devo dizer: que paródia!

Quem encarna a persona de Tex nesse mundo dos patos é o sempre muito irritado e insatisfeito Bombom Sorriso (ou “Bom Willer”), que está cavalgando com seus parceiros Pato Donald (ou “Pato Carson”) e Professor Pardal (ou “Pard Tigre”). A dinâmica do texto é muitíssimo similar ao que encontramos nas histórias do Águia da Noite, e os jargões dos personagens, o humor mais ácido utilizado em algumas situações, a ironia diante do perigo e a maneira como a “caçada ao bandido” se dá também seguem uma trilha bem conhecida dos leitores da Bonelli. Tudo isso transportado adequadamente para o Universo da Disney e com um ótimo uso das possibilidades para criar uma aventura de faroeste com uma pitada cômica e “para toda a família“. O público, porém, termina a leitura pedindo mais, principalmente na finalização, porque temos a impressão de que falta um pedacinho da história ali.

Quando se dispõem a ajudar a rancheira Lovely Pat, o trio não imagina que está para enfrentar o terrível Caveira Negra, um bandido especializado em explosivos que está forçando a pobre senhora a vender suas terras por um preço muitíssimo abaixo do que realmente valem. E como é comum em histórias do gênero, o Caveira está utilizando da força e de ameaças violentas para que Lovely Pat tome logo a sua decisão (lá no fundo da minha mente, no momento em que esse texto, me surgem imagens de Tex, o Grande, e tenho certeza de que um leitor que começar a pensar em mais algumas histórias direta ou indiretamente ligadas a essa temática, fará uma interessante listinha semelhanças).

Em meio a toda a caçada, tiroteios, fugas e busca por justiça, temos pairando uma certa camada de mistério em torno da identidade do Caveira Negra, e devo dizer que esta foi uma das poucas vezes que eu consegui, sem muito esforço e com total certeza, chegar à identidade do vilão bem antes de ela ser revelada. Em aventuras de mistério, sempre me surge alguma dúvida e às vezes eu escolho um suspeito, mas no meio do caminho acabo trocando de personagem (não raro para perceber que não deveria ter trocado, que a minha escolha inicial estava correta). Aqui, me levou apenas algumas páginas para sacar o que de fato estava acontecendo. Com o roteiro encaminhando bem essa relação entre o bandido ocultando-se atrás de uma máscara/fantasia e sua outra faceta em sociedade, a aventura recebe uma injeção ainda maior de instigação, para além de todo o movimento já gerado pelo western. Bom Willer: Um Ranger em Ação é uma engraçada e muito bem pensada versão de Tex no mundo dos patos, uma aventura que nos deixa com um largo sorriso e uma curiosa sensação de “dever cumprido” ao ver o trio cavalgando em direção ao horizonte, como nos bons contos dos cavaleiros solitários que tanto marcaram o faroeste.

Bom Willer: Um Ranger em Ação (Bum un ranger in azione) — Itália, 18 de setembro de 2012
Código da História: I TL 2964-1
Publicação original: Topolino (Libretto) #2964
Editoras originais: Mondadori, Disney Italia, Panini Comics
No Brasil: O Pato Donald #2419 (Editora Abril, junho de 2013) / Bom Willer, Dylan Mouse e Ganso Never (coletando histórias da republicação dessa edição em Omaggio ai grandi eroi del fumetto italiano – De Luxe Edition #16, no ano de 2018), Editora Panini, novembro de 2021
Roteiro: Corrado Mastantuono
Arte: Corrado Mastantuono
Capa: Corrado Mastantuono
32 páginas

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